Já faz uns 2 meses que estou enrolando para fazer a assinatura
desse box. Claro que o principal motivo é o din din porque, em resumo, trata-se
de um desses serviços de assinatura que você paga uma mensalidade e todos os
meses recebe em sua casa um livro diferente. Só que a assinatura custa R$ 69,90
e com esse valor, eu consigo comprar vááááários livros na Amazon. Deu pra
entender a minha resistência???
Só que daí eu fico assistindo a vídeos no Youtube e vejo que
todos os meses a Tag manda uma caixa super especial, com uma curadoria muito
cuidadosa, com revista de apoio, com vários materiais e o livro em si, além de
sempre ter boas resenhas, é sempre muito caprichado, com uma capa bonita ou uma
reedição de algum título que não está mais sendo impressa, etc. Ou seja, no
final das contas, vale o valor cobrado – ao menos em tese – e eu achei que
poderia experimentar, pelo menos por alguns meses. E o meu compromisso –
vamos ver se vai dar certo – é buscar ler o livro dentro do mês em que ele foi
recebido, apesar de ter taaaaantos livros comprados aguardando leitura.
Em dezembro, a curadoria foi do humorista Casseta Hélio de la
Peña e a dica do site antes do livro chegar foi a seguinte:
“Para finalizar o ano, mais um livro brasileiro! Ao perceber que sua mãe estava perdendo a memória, o autor da obra de dezembro decidiu escrever a história por ela vivida nos últimos quarenta anos: quando o marido desapareceu, durante uma época conturbada do nosso país, teve de criar sozinha os cinco filhos, enquanto lutava para descobrir o que havia acontecido.Considerado um dos melhores livros de 2015 pelo jornal O Globo, seu autor alterna lembranças da infância com relatos verídicos do que estava acontecendo durante o momento do país, trazidos à tona muitos anos após o término do período. Como disse Helio de la Peña, é um livro “daqueles em que você fica pensando por um longo tempo depois que o fecha”.
E com as dicas acima, eu acertei o autor e o livro. Sempre quis
ler Marcelo Rubens Paiva e essa foi a minha chance. O Livro Ainda Estou Aqui já
tem um título muito forte e a temática é ainda mais poderosa: a ditadura. Eu,
em particular, tenho um conhecimento bastante vasto sobre o tema porque os meus
pais viveram naquela época e minha mãe estudava arquitetura. Eles sempre me
contaram com clareza de detalhes como era a vivência naquele período e sempre
fizeram questão de me levar a lugares históricos aqui em São Paulo onde a
situação se desenvolveu.
É sim um tema recorrente na minha
vida e acho que isso, somado ao fato de o livro ser absolutamente incrível, um
dos melhores já lidos na vida, me fizeram terminá-lo em apenas 4 dias! Eu
simplesmente passei por cima de tudo o que estava lendo no finalzinho do ano e ataquei
essa preciosidade. Eu preciso agora ler Feliz Ano Velho (está na lista!!). Bem,
vamos à história.
Para quem não sabe, além de um grande
escritor, Marcelo Rubens Paiva é filho do ex deputado Rubens Paiva, que ajudou
muita gente durante a ditadura. E por ocasião dessa condição, numa noite de
janeiro de 1971, ele foi levado por agentes do governo, torturado, assassinado
e foi dado sumiço a seu corpo. Para justificar os fatos à família, amigos e
imprensa, uma história absurda foi contada e o resultado é que apenas em meados
da década de 1990 foi emitido atestado de óbito e possibilitada à família a
suposta continuidade de suas vidas.
E o que o autor vai nos contar nesse
livro é não só as atrocidades cometidas naquela época, com trechos e relatos
vivos de pessoas que vivenciaram o período, foram presas, exiladas e submetidas
a tais sessões de tortura, como também vai nos trazer a visão dessa situação
pela experiência de sua família. Ele vai nos trazer à tona detalhes sobre sua
infância no Rio e em São Paulo, suas irmãs, seu pai e principalmente sua mãe,
uma mulher muito forte.
Dona Eunice não chorou pela
morte/desaparecimento do marido, ela foi à luta! Fez faculdade de direito,
sustentou e educou os cinco filhos, se engajou na luta por esclarecimentos dos
crimes cometidos durante a ditadura, pelo direito dos índios, tornou-se uma
pessoa importante no cenário mundial. E hoje, ela luta contra o Alzheimer.
O livro traz uma temática pesada,
forte, é tocante, é sufocante, mas ao mesmo tempo é leve porque o Marcelo
Rubens Paiva o conta em primeira pessoa. E como era uma criança na época em que
seu pai foi levado, ele vai nos narrar a história daquele período sob a ótica e
a linguagem de uma criança. E eu acho que isso tudo, somado a riqueza de detalhes
e informações torna Ainda Estou Aqui um dos melhores livros da vida e, ao lado
de No Coração do Mar, o livro favorito de 2016. Percebem que ambos retratam
histórias verídicas??
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