Primeiro, antes de começarmos a falar do livro, vou apresentar a autora.
A Tati Bernardi é uma excelente cronista, roteirista, jornalista e outros “istas”,
paulistana, talentosíssima, trabalha há anos na rede Globo e um dos seus
trabalhos mais conhecidos é o livro e filme Meu Passado me Condena. Sempre achei
ela ótima, até me deparar com uma matéria na Vogue sobre o lançamento de seu
mais novo livro “Depois a Louca Sou Eu”. Trata-se de uma obra mais ou menos
autobiográfica, em que a autora se abre para o mundo, contando que possui
inúmeras fobias, crises de pânico e através de sua obra, relata como é viver
dessa forma e os perrengues pelos quais já passou.
Claro que é um livro engraçadíssimo, porque a Tati (íntima) tem essa
veia cômica muito forte e ela lida muito bem a caricatura de determinados
problemas, trazendo-os ao expectador/leitor em uma visão menos séria da situação. Mas
ao mesmo tempo, achei um livro muito forte! Fiquei tensa não só pelas coisas
que ela contou, como pelo jeito que elas foram colocadas. Veja bem, em determinados
momentos, as frases são tão intensas, que eu tenho a impressão que eu vou
sufocar junto com a protagonista. É quase catártico!
E eu creio que existam diversos tipos de crises de pânico, em diversas
intensidades e, honestamente, não sei o que as desencadeia – os psicólogos
estão aí para isso!! E eu mesma sofro um pouco com isso. Não é nem de perto no
mesmo grau trazido no livro, mas eu percebo que é uma coisa que vem aumentando
gradativamente ao longo dos anos e que, ultimamente, tem me incomodado um
bocado.
Eu tenho uma espécie leve de claustrofobia que me incomoda em situações
em que me vejo com restrição de movimentos, não necessariamente num lugar
fechado. Por exemplo, pra mim é absolutamente Ok entrar num ônibus, num metrô
ou andar de elevador. Mas, se esses lugares estiverem absolutamente lotados, eu
fico demasiadamente incomodada. No ônibus, por exemplo, eu preciso encontrar um
cantinho próximo à porta e que tenha uma janela com ar “respirável”. Em outras
palavras, preciso sentir que eu posso me livrar daquela situação a qualquer
momento, preciso me sentir segura. Num show, eu não consigo ficar na muvuca,
tenho de me estabelecer numa arquibancada e só sair do estádio quando o lugar
estiver quase vazio, para não correr o risco de ficar com restrição de
movimentos.
E diversas foram as situações em que me vi em pânico ou simplesmente
desisti de fazer o que havia me proposto. Aconteceu durante um exame de
ressonância magnética, em que achei que fosse ter um troço, aconteceu numa
manifestação, em que eu me vi numa situação de quase desmaio, aconteceu em
Buenos Aires, de não conseguir subir as escadas para o topo do Palácio Barolo e
fugi de lá com o crachá do passeio. E foram muitas outras situações! Tive
pânico durante a Bienal de Livros, tive pânico na saída do último show do
Metallica, tenho pânico de pensar em visitar as Catacumbas de Paris, coisa que
quero tanto.
Eu não faço terapia nem nada – talvez devesse -, mas de certa forma, e
lembrando que meu nível de pânico é muito menor do que o da autora, eu
sensibilizo com o seu sofrimento e sim, isso tudo me incomoda bastante. Apesar
de ser um livro extremamente engraçado e absurdamente bem escrito, eu me
coloquei em diversas oportunidades no lugar da Tati Bernardi, porque
definitivamente, não deve ser nada fácil!! Leiam, por favor!!
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