sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

LIVRO - DEPOIS A LOUCA SOU EU

Primeiro, antes de começarmos a falar do livro, vou apresentar a autora. A Tati Bernardi é uma excelente cronista, roteirista, jornalista e outros “istas”, paulistana, talentosíssima, trabalha há anos na rede Globo e um dos seus trabalhos mais conhecidos é o livro e filme Meu Passado me Condena. Sempre achei ela ótima, até me deparar com uma matéria na Vogue sobre o lançamento de seu mais novo livro “Depois a Louca Sou Eu”. Trata-se de uma obra mais ou menos autobiográfica, em que a autora se abre para o mundo, contando que possui inúmeras fobias, crises de pânico e através de sua obra, relata como é viver dessa forma e os perrengues pelos quais já passou.
Claro que é um livro engraçadíssimo, porque a Tati (íntima) tem essa veia cômica muito forte e ela lida muito bem a caricatura de determinados problemas, trazendo-os ao expectador/leitor em uma visão menos séria da situação. Mas ao mesmo tempo, achei um livro muito forte! Fiquei tensa não só pelas coisas que ela contou, como pelo jeito que elas foram colocadas. Veja bem, em determinados momentos, as frases são tão intensas, que eu tenho a impressão que eu vou sufocar junto com a protagonista. É quase catártico!

E eu creio que existam diversos tipos de crises de pânico, em diversas intensidades e, honestamente, não sei o que as desencadeia – os psicólogos estão aí para isso!! E eu mesma sofro um pouco com isso. Não é nem de perto no mesmo grau trazido no livro, mas eu percebo que é uma coisa que vem aumentando gradativamente ao longo dos anos e que, ultimamente, tem me incomodado um bocado. 
Eu tenho uma espécie leve de claustrofobia que me incomoda em situações em que me vejo com restrição de movimentos, não necessariamente num lugar fechado. Por exemplo, pra mim é absolutamente Ok entrar num ônibus, num metrô ou andar de elevador. Mas, se esses lugares estiverem absolutamente lotados, eu fico demasiadamente incomodada. No ônibus, por exemplo, eu preciso encontrar um cantinho próximo à porta e que tenha uma janela com ar “respirável”. Em outras palavras, preciso sentir que eu posso me livrar daquela situação a qualquer momento, preciso me sentir segura. Num show, eu não consigo ficar na muvuca, tenho de me estabelecer numa arquibancada e só sair do estádio quando o lugar estiver quase vazio, para não correr o risco de ficar com restrição de movimentos. 
E diversas foram as situações em que me vi em pânico ou simplesmente desisti de fazer o que havia me proposto. Aconteceu durante um exame de ressonância magnética, em que achei que fosse ter um troço, aconteceu numa manifestação, em que eu me vi numa situação de quase desmaio, aconteceu em Buenos Aires, de não conseguir subir as escadas para o topo do Palácio Barolo e fugi de lá com o crachá do passeio. E foram muitas outras situações! Tive pânico durante a Bienal de Livros, tive pânico na saída do último show do Metallica, tenho pânico de pensar em visitar as Catacumbas de Paris, coisa que quero tanto. 
Eu não faço terapia nem nada – talvez devesse -, mas de certa forma, e lembrando que meu nível de pânico é muito menor do que o da autora, eu sensibilizo com o seu sofrimento e sim, isso tudo me incomoda bastante. Apesar de ser um livro extremamente engraçado e absurdamente bem escrito, eu me coloquei em diversas oportunidades no lugar da Tati Bernardi, porque definitivamente, não deve ser nada fácil!! Leiam, por favor!!

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