terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

TAG LITERÁRIA - FEVEREIRO/2017 - O XARÁ


Mais uma leitura da TAG concluída e dessa vez, ao contrário do desastre do mês passado, eu gostei bastante do livro escolhido, cuja curadoria foi feita pela querida Martha Medeiros. A começar pela capa que é uma das mais lindas que eu tenho na minha coleção e certamente enfeitará ainda mais a minha prateleira. Vamos ver o que eles falaram sobre O Xará, livro escrito pela indiana Jhumpa Lahiri:

Nascido e criado em solo americano, o protagonista do livro indicado por Martha Medeiros tem problemas para encontrar uma identidade própria. Vive entre costumes herdados dos pais e da comunidade indiana com a qual se relaciona, ao mesmo tempo em que observa a cultura americana ao redor, reproduzida por ele e por seus amigos.
A sensibilidade da autora, vencedora do Prêmio Pulitzer, desperta no leitor imediata empatia pelos personagens, retratados com realismo e delicadeza. A experiência do imigrante é apresentada por meio de uma narrativa fluida, com sutis recortes do cotidiano dos personagens.
Embora seja uma obra ficcional, foi inspirada na vida da própria autora e de pessoas com quem conviveu, retratando a busca por se reconhecer em uma sociedade completamente estranha aos seus pais, suas origens, seu passado.
Nos primeiros capítulos vamos conhecer Ashima e Ashoke Ganguli, um casal indiano que deixa tudo para trás, inclusive a própria família, para viver nos EUA, um lugar absolutamente estranho aos olhos deles, com costumes absurdamente diferentes. E nesse momento, a gente vai percebendo que, mesmo com o passar dos anos, principalmente Ashima, que ao contrário do marido não trabalha fora, se vê numa enorme dificuldade de se encaixar nos padrões ocidentais, não compreendendo muita coisa que está a seu redor e lutando para preservar seus costumes natais, pelo menos dentro de casa. Tem um trecho que eu achei incrível e vou transcrever:

"Pois Ashima está começando a se dar conta de que ser estrangeira é uma espécie de gravidez eterna - uma espera perpétua, um fardo constante, um sentimento contínuo de indisposição. É uma responsabilidade ininterrupta, um parêntese no que antes tinha sido uma vida normal, apenas para descobrir que a vida anterior desapareceu, suplantada por algo mais complicado e exaustivo. Ashima acredita que, assim como a gravidez, ser estrangeira é algo que desperta a mesma curiosidade em estranhos, a mesma combinação de pena e respeito."

Forte, né?? Pois bem, aí, o casal dá a luz a um menino, que recebe o nome de Gógol, em homenagem ao escritor russo de mesmo nome de quem seu pai não só é fã como guarda uma ligação muito especial. E daí em diante, a gente vai acompanhar os acontecimentos sob o olhar desse menino, que vai crescendo dentro de um mundo muito complicado, onde não consegue se encaixar. Ele não se sente indiano, uma vez que nunca conheceu a fundo suas origens, os costumes e tampouco se sente americano, apesar de ter nascido em Boston. É como se o tempo todo ele estivesse no meio do caminho lutando para se encontrar.

E é dessa busca que vai tratar o livro. É muito bonito e vale muito a pena. Uma linguagem fácil, gostosa, fluida... a leitura foi bem rápida e prazerosa. 

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