Mais um livro devorado. Esse não foi consumido na Black
Friday, mas numa banca do Shopping Center 3 na Paulista por R$ 10,00! Eu me
empolgo com os preços e acabo comprando uma porção de coisas. Nunca havia
ouvido falar desse título, nem sabia do que se tratava quando trouxe comigo pra
casa, mas o nome do autor bastava pra mim! Sir Arthur Conan Doyle é apenas o
criador de Sherlock Holmes, o detetive mais famoso de todos os tempos. O autor,
a exemplo de outros grandes da literatura mundial, viveu na segunda metade do
XIX, época tão rica à literatura.
A história em
si, confesso, não é lá grande coisa. Não é um livro que eu vou guardar na
prateleira com amor, recomendar aos amigos ou querer reler em outro momento.
Mas, a linguagem de Sir Arthur é muito gostosa. E isso torna a leitura
absolutamente fluida e agradável. E o que também me chamou atenção é que ele
contextualiza muito bem a história do livro e seus personagens - muitos deles
históricos -, os costumes da época e nos traz um panorama de como viviam as
pessoas naquele período. Isso é muito enriquecedor.
"Hoje, 1º de janeiro de 1851, o século XIX chega à metade, e entre nós que fomos jovem como ele, um bom número já recebeu avisos que nos alertam para o fato de termos sido marcados pelo tempo. Nós, os mais velhos, de cabeças grisalhas, nos reunimos para conversar sobre os dias passados; mas, quando é com nossos filhos que falamos, sentimos muita dificuldade em fazer com que nos compreendam. Nós e nossos pais antes de nós vivemos vidas bem parecidas. Nossos filhos, no entanto, com suas locomotivas e barcos a vapor, pertencem a uma época diferente. É verdade que podemos colocar-lhes nas mãos livros de história para que possam ler sobre nossas lutas de 22 anos contra aquele grande vilão. Podem aprender como a liberdade foi expulsa do vasto continente, como Nelson derramou seu sangue, como o pobre Pitt teve o coração partido em seus esforços para impedir que essa mesma Liberdade nos deixasse para se refugiar no outro lado do Atlântico. Nossos filhos podem ler a respeito de tudo isso, sobre a data de determinado tratado ou de uma batalha específica, mas não sei onde encontrarão detalhes sobre nós, onde poderão se informar sobre o tipo de gente que fomos, sobre a vida que tivemos, sobre como o mundo era percebido por nossos olhos quando éramos jovens como eles são agora." (achei tão bonito isso!!!)
O livro é
narrado por Rodney, um rapaz que vive com seus pais no interior da Inglaterra.
Seu pai é um importante oficial da marinha e quase nunca fica em casa e apesar
dos modos simples em que vive com sua mãe, é uma criatura muito esperta e
educada. Seu melhor amigo é Boy Jim, sobrinho do ferreiro e poucos anos mais
velho que o narrador. O ferreiro, por sua vez, é ninguém menos que Champion
Harrison, um dos maiores pugilistas que se tem conhecimento na Inglaterra e
que, no momento, encontra-se aposentado.
Pois bem. Em
Friar´s Oak, local onde mencionados personagens vivem, há uma mansão muito
imponente - Cliffe Royal -, mas que se encontra abandonada e todos acreditam ser assombrada.
Naquele local, numa noite qualquer, quatro amigos nobres, dentre eles o dono da
casa, Lord Avon, e Charles Tregellis, o tio almofadinha do Rodney, jogavam cartas.
Todos perderam tudo, numa maré de azar em todas as jogadas, a não ser o Capitão Barrington que, coincidentemente e misteriosamente, aparece morto na manhã seguinte. O
maior suspeito é seu próprio irmão e dono da casa, Lorde Avon, o qual,
igualmente desaparece, deixando a mansão ao relento.
Daí que,
quando você acha que o livro será sobre esse crime misterioso, você se engana.
Essa história fica reservada e a leitura parte para um outro contexto, no qual
tomaremos conhecimento acerca das práticas de pugilismo na Inglaterra daquele
período, como eram as regras, como os nobres se envolviam, como eram as
apostas, os grandes figurões do momento... Enfim, eu senti como se houvessem
duas histórias completamente diferentes, sendo que a questão do crime na mansão
apenas é apresentada no início e retomada no final. O que existe entre as duas
histórias distintas é apenas e tão somente a coincidência de
personagens. Acho que se o autor houvesse misturado melhor os dois contextos ou
se houvesse escrito dois livros diferentes, daria mais samba!
"Eu a amei quando jovem e eu a amo agora, velhinha; e quando ela se for levará consigo algo que nada no mundo pode substituir. Você que lê esse relato pode ter muitos amigos, você pode se casar mais de uma vez, mas o fato é que sua mãe é a primeira e última amiga. Cuide bem dela enquanto pode, pois chegará o dia em que toda atitude mal pensada e toda palavra descuidada retornarão com seus espinhos para se cravarem no seu coração." (outro trecho lindo!)
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