quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

LIVRO - LARANJA MECÂNICA

Feriadão aqui em Sampa e eu trabalhando! Mas é um ótimo dia para falarmos de um livro bastante conhecido, bastante pesado e que tem um filme homônimo maravilhoso dirigido pelo mais maravilhoso ainda: Stanley Kubrick. Foi a primeira vez que li um livro após assistir ao filme e não o caminho contrário. E até fiquei um pouco apreensiva porque eu simplesmente sou apaixonada pelo filme e eu fiquei curiosa para saber qual seria a minha reação.

E na verdade, o que eu posso dizer é que ambos são iguais e diferentes. Deu para entender, rs??? A verdade é que eu gostei muito do livro também e acho que é porque eu o enxerguei de uma outra forma. Vejamos. 

Primeiro, vamos falar um pouco sobre o autor e a publicação desta história. Anthony Burgess havia recebido uma sentença de morte de seu médico quando resolveu escrever esse livro. Ele havia sido diagnosticado com um câncer que lhe renderia poucos meses. Só que ele não morreu! Por contra de seu suposto pouco tempo de vida ou não, Burgees resolveu escrever uma história que fosse emblemática, que chocasse os leitores, causasse estranhamento. Veja que Laranja Mecânica foi escrita em 1962, época em que começavam a surgir as gangues lá na Inglaterra, época em que a juventude começava a se "rebelar" e buscar uma identidade. 

"(...) Laranja Mecânica tem duas características que tornam a sua narrativa mais rica e complexa: a primeira é que, embora ambientada numa Inglaterra futurista inexistente, seus elementos de extrapolação são mais próximos do mundo real que as visões de Orwell (um mundo inteiramente dominado pelo comunismo totalitário de linha stalinista) e Huxley (uma sociedade perfeitamente  mantida à base de manipulação genética e drogas, mas que exclui e condena à miséria quem não se adapta ao sistema). Ao extrapolar elementos específicos da sociedade, como gangues e o sistema penitenciário, em vez de propor uma alteração completa na sociedade, Burgess torna o universo de laranja Mecânica mais reconhecível para o leitor - e mais próximo da realidade. Afinal, a violência está cada vez mais próxima de nós no cotidiano." (Prefácio)

E dentro desse contexto, Anthony Burgees criou um ambiente absolutamente assustador (ou horrorshow como diria o protagonista) em que a sociedade se via absolutamente constrangida por gangues de todos os tipos, absolutamente violentas e terríveis. E as maldades descritas no livro mexeram com o imaginário do período, de modo que o autor conseguiu alcançar o seu objetivo de chocar. Hoje, infelizmente, as atividades ali descritas não chocam tanto, porque a violência é bastante comum no nosso dia a dia. Mas vou falar a vocês que ainda é um livro bem difícil de digerir. 

Pois bem, ele é narrado em primeira pessoa pelo Alex, um cara de 16 anos que chefia uma gangue composta por outros 3 membros. O objetivo dos caras é sair na night e, basicamente, roubar, beber e provocar pânico. O pânico vem de diversas formas, sendo simplesmente agressão gratuita, mas do tipo bem séria e pesada, até estupro e morte. Não há limites para os "drugues". E a primeira parte do livro vai descrever todas as empreitadas da trupe e você vai, por vezes, ficar até um pouco enjoado. 

Na segunda parte - epa, aqui talvez algumas pessoas queiram parar porque eu vou pincelar os acontecimentos - vamos descobrir como foi a vida do narrador dentro da prisão. Sim, minha gente, porque ele é pego em um determinado momento. E também vamos ver como ele se tornou apto a se tornar cobaia de um experimento tenso chamado Técnica Ludovido, em que o infrator é submetido a sessões de tortura com vistas a sua própria cura. 

Por fim, e após, ter sido submetido ao procedimento, Alex é solto e quando se vê novamente nas ruas, percebe que as coisas realmente mudaram, que ele próprio mudou, mas que outras coisas ficam para sempre. E eu quero finalizar esse post muito horrorshow trazendo um trechinho do livro, só para vocês sentirem a linguagem de gangue utilizada pelo narrador, que é incrível e dá todo um toque especial a história: 

"Então nós sluchamos as sirenes e percebemos que os miliquinhas estavam chegando com pushkas despontando prontinhas das janelas dos autos de polícia. Sem dúvida aquela devotchka chorona havia contado a eles, porque havia uma caixa para chamar os rozas que não ficava muito longe da Usina de Força do Muni - pega-vos-ei em breve, não temei - eu gritei - bodinho fedorento. Vou arrancar seus yarblis lindamente." (pág. 19)

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