domingo, 1 de janeiro de 2017

LIVRO - MOBY DICK

sim, eu li os dois!
Contei a vocês nesse post aqui que No Coração do Mar foi um livro divisor de águas pra mim, foi um livro que mexeu demais comigo e eu nem sei ao certo dizer o porquê. Só sei que a leitura foi extremamente prazerosa e que o assunto despertou muito interesse em mim. Quero dizer, antes de mais nada e para que não paire qualquer tipo de dúvida, que eu sou absolutamente contra a caça de baleias e que se pudesse, me jogaria na frente daqueles baleeiros no Japão! Sou muito defensora do meio ambiente e já fui até vegetariana por conta disso. 

Mas, independentemente dessa atividade horrorosa que era desempenhada por aquelas pessoas no século XIX, que deram vida ao No Coração do Mar, eu acho que o meu foco de interesse ficou por conta da força e da provação a que foram submetidas essas pessoas, sabe? 

Pois bem, tudo isso para dizer que, obviamente, após a leitura desse livro maravilhoso, me interessei pela leitura de Moby Dick, livro inspirado na verdadeira história do naufrágio do Essex. Vejam bem, a palavra ficou grifada porque Moby Dick é um livro de ficção, com personagens inventados e uma história que apenas lembra algumas situações vividas pelos tripulantes do Essex, mas é bem menos profunda e muito mais fantasiosa. Apenas a título de curiosidade, o autor, Herman Melville, conheceu o Capitão Pollack, viveu em Nantucket e até mesmo chegou a fazer uma viagem com um baleeiro. Ou seja, ele tinha conhecimento, tinha uma carga para escrever sobre o tema. 

Outra curiosidade é que Moby Dick não fez o sucesso esperado e o pobre Melville acabou meio que abandonando a atividade, vindo a trabalhar na Alfândega de Boston. E adivinhem quem trabalhava por lá e acabou se tornando seu amigo??? Ninguém menos que Nathaniel Hawthorne, o autor de A Letra Escarlate – post aqui - e considerado um dos maiores escritores de seu tempo. Mobi Dick acabou se tornando um romance conhecido e muito lido apenas no século XX. 
uma das belas ilustrações do livro
rota utilizada - não é a mesma do Essex
Pois bem. O romance vai nos colocar dentro do Pequod, um navio baleeiro que, assim como o Essex e qualquer outro da época, vai ser lançado ao mar em busca de óleo de baleias - espermacete. Só que esse navio guarda algo muito peculiar, que é justamente o seu próprio capitão, Ahab, um senhor muito maluco que perdeu uma das pernas para uma baleia enfurecida nos mares próximos ao Equador. Sim, Moby Dick – nome dado à baleia – foi inteiramente inspirada na cachalote insandecida que derrubou o Essex. O que a tripulação só vai saber mais para frente é que o único objetivo do capitão é matar Moby Dick a qualquer custo, nem que para isso tenha de voltar para casa sem qualquer barril de óleo ou colocar em risco o próprio navio e os baleeiros. 

E o que eu achei mais interessante nem foi a história em si, porque No Coração do Mar é muito mais incrível. Mas as atitudes de Ahab, seus diálogos malucos, sua postura diante de outros navios, a postura dos tripulantes diante desse capitão maluco, a postura dos três imediatos, dos arpoadores, que eram todos pagãos, enfim, as relações que acabam sendo estabelecidas entre os personagens é que são muito interessantes. O livro é bem fluido e a leitura é rápida e gostosa. 

Primeiro, eu li essa versão adaptada da Editora Abril, que tem apenas 239 páginas e muitas figuras lindíssimas em seu interior. A edição ainda conta com um apêndice e com um guia de apoio que conta um pouco mais sobre a atividade baleeira na época e coloca a história, de uma forma geral, dentro do contexto do período. Depois, eu li a versão integral, de 600 e tantas páginas, dessa edição maravilhosa da Cosac Naif. Daí que no final das contas eu acho que, se você apenas estiver interessado em conhecer a história, o primeiro livro é suficiente. Mas, se assim como eu você é obcecado pela super baleia e por todo universo de Nantucket no período, e se você quer algo bonito para enfeitar a sua prateleira, eu recomendo a leitura integral, que é muito mais completa e possui diálogos e capítulos incríveis que não são encontrados na primeira edição. 

Essa edição completa, confesso, é claro que é a mais indicada, mas eu devo dizer que ela conta com uns capítulos meio absurdos, nos quais Melville viajou gostoso e fugiu por completo do contexto e do próprio âmbito da história, contando ao leitor situações e curiosidades que não são nem um pouco fundamentais ao livro ou mesmo interessantes. Por causa disso - e somente por causa disso - acho que o livro poderia ter umas 100 páginas a menos!

"A princípio você se cansa por causa do estilo. Soa como jornalismo. parece falso. Você acha que Melville está querendo fazê-lo acreditar em algo. Não vai dar.
E Melville é realmente um pouco sentencioso; cioso e consciente de si, querendo ele mesmo acreditar em algo. E aí não é fácil entrar no ritmo de uma peça de profundo misticismo quando você só quer acompanhar uma história.” (D.H.Lawrence – fls. 602/603 Moby Dick)

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