sim, eu li os dois! |
Contei
a vocês nesse post aqui que No Coração do Mar foi um
livro divisor de águas pra mim, foi um livro que mexeu demais comigo e eu nem
sei ao certo dizer o porquê. Só sei que a leitura foi extremamente prazerosa e
que o assunto despertou muito interesse em mim. Quero dizer, antes de mais nada
e para que não paire qualquer tipo de dúvida, que eu sou absolutamente contra a
caça de baleias e que se pudesse, me jogaria na frente daqueles baleeiros no
Japão! Sou muito defensora do meio ambiente e já fui até vegetariana por conta disso.
Mas, independentemente dessa atividade horrorosa que era desempenhada por aquelas pessoas no século XIX, que deram vida ao No Coração do Mar, eu acho que o meu foco de interesse ficou por conta da força e da provação a que foram submetidas essas pessoas, sabe?
Mas, independentemente dessa atividade horrorosa que era desempenhada por aquelas pessoas no século XIX, que deram vida ao No Coração do Mar, eu acho que o meu foco de interesse ficou por conta da força e da provação a que foram submetidas essas pessoas, sabe?
Pois bem, tudo isso para dizer que, obviamente, após a leitura
desse livro maravilhoso, me interessei pela leitura de Moby Dick, livro inspirado na
verdadeira história do naufrágio do Essex. Vejam bem, a palavra ficou grifada
porque Moby Dick é um livro de ficção, com personagens inventados e uma
história que apenas lembra algumas situações vividas pelos tripulantes do
Essex, mas é bem menos profunda e muito mais fantasiosa. Apenas a título de
curiosidade, o autor, Herman Melville, conheceu o Capitão Pollack, viveu em
Nantucket e até mesmo chegou a fazer uma viagem com um baleeiro. Ou seja, ele
tinha conhecimento, tinha uma carga para escrever sobre o tema.
Outra
curiosidade é que Moby Dick não fez o sucesso esperado e o pobre Melville
acabou meio que abandonando a atividade, vindo a trabalhar na Alfândega de
Boston. E adivinhem quem trabalhava por lá e acabou se tornando seu amigo???
Ninguém menos que Nathaniel Hawthorne, o autor de A Letra Escarlate – post aqui
- e considerado um dos maiores escritores de seu tempo. Mobi Dick acabou se
tornando um romance conhecido e muito lido apenas no século XX.
uma das belas ilustrações do livro
|
Pois bem. O romance vai nos colocar dentro do Pequod, um navio
baleeiro que, assim como o Essex e qualquer outro da época, vai ser lançado ao
mar em busca de óleo de baleias - espermacete. Só que esse navio guarda algo muito peculiar,
que é justamente o seu próprio capitão, Ahab, um senhor muito maluco que perdeu
uma das pernas para uma baleia enfurecida nos mares próximos ao Equador. Sim,
Moby Dick – nome dado à baleia – foi inteiramente inspirada na cachalote
insandecida que derrubou o Essex. O que a tripulação só vai saber mais para
frente é que o único objetivo do capitão é matar Moby Dick a qualquer custo,
nem que para isso tenha de voltar para casa sem qualquer barril de óleo ou
colocar em risco o próprio navio e os baleeiros.
E o que eu achei mais interessante nem foi a história em si,
porque No Coração do Mar é muito mais incrível. Mas as atitudes de Ahab, seus
diálogos malucos, sua postura diante de outros navios, a postura dos
tripulantes diante desse capitão maluco, a postura dos três imediatos, dos
arpoadores, que eram todos pagãos, enfim, as relações que acabam sendo
estabelecidas entre os personagens é que são muito interessantes. O livro é bem
fluido e a leitura é rápida e gostosa.
Primeiro, eu li essa versão adaptada da Editora Abril, que tem
apenas 239 páginas e muitas figuras lindíssimas em seu interior. A edição ainda
conta com um apêndice e com um guia de apoio que conta um pouco mais sobre a
atividade baleeira na época e coloca a história, de uma forma geral, dentro do
contexto do período. Depois, eu li a versão integral, de 600 e tantas páginas,
dessa edição maravilhosa da Cosac Naif. Daí que no final das contas eu acho que, se você apenas estiver
interessado em conhecer a história, o primeiro livro é suficiente. Mas, se
assim como eu você é obcecado pela super baleia e por todo universo de
Nantucket no período, e se você quer algo bonito para enfeitar a sua
prateleira, eu recomendo a leitura integral, que é muito mais completa e possui
diálogos e capítulos incríveis que não são encontrados na primeira
edição.
Essa edição completa, confesso, é claro que é a mais indicada, mas eu devo dizer que ela conta com uns capítulos meio absurdos, nos quais Melville viajou gostoso e fugiu por completo do contexto e do próprio âmbito da história, contando ao leitor situações e curiosidades que não são nem um pouco fundamentais ao livro ou mesmo interessantes. Por causa disso - e somente por causa disso - acho que o livro poderia ter umas 100 páginas a menos!
"A princípio você se cansa por causa do estilo. Soa como jornalismo. parece falso. Você acha que Melville está querendo fazê-lo acreditar em algo. Não vai dar.
"A princípio você se cansa por causa do estilo. Soa como jornalismo. parece falso. Você acha que Melville está querendo fazê-lo acreditar em algo. Não vai dar.
E Melville é realmente um
pouco sentencioso; cioso e consciente de si, querendo ele mesmo acreditar em
algo. E aí não é fácil entrar no ritmo de uma peça de profundo misticismo
quando você só quer acompanhar uma história.” (D.H.Lawrence – fls. 602/603 Moby
Dick)
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