Nossa, que livro terrível, não vejo a hora da série ser
lançada no Netflix – parece que será em janeiro. Eu acho que tal qual 1984 e
outros livros que tratam de uma visão diferente do mundo em que vivemos, o
Conto da Aia assusta um pouco porque nos perguntamos: será que é possível chegar
a esse ponto? Será que esse tipo de coisa poderia acontecer? Grupos extremistas
poderiam tomar conta de um determinado lugar e criar uma nova sociedade, um
novo estilo de vida onde absolutamente tudo é controlado e as mulheres são
quase lixo? E será que esse mundo, indiretamente, já não existe em alguns
países? Hum... dá pano pra manga!
Muito bem, o livro trata de um lugar
nos EUA – não ficou claro se no país todo ou se só em parte -, onde uma seita
religiosa maluca tomou o poder e instituiu uma série de regras despóticas e
bastante arcaicas. Nesse novo mundo, as mulheres não têm poder algum, o mundo é
regido pelos homens, e todos têm um papel específico. As vontades, lazeres e
prazeres foram absolutamente abolidos e, dentro de sua função, a pessoa deverá
proceder exatamente dentro das regras que lhes foram impostas, sem reclamar,
sem sair dos trilhos. A punição para o infrator vai desde a morte até o degredo
em colônias. Os “Olhos”, que são autoridades ou pessoas ligadas ao “governo”
estão por toda parte, nada é seguro, ninguém é confiável.
E nessa sociedade existem, dentre
outros, as aias, que são mulheres reprodutoras, usadas apenas e tão somente
para esse fim. É como se a capacidade de gerar uma criança as houvesse poupado
de todas as coisas horríveis da vida em nova sociedade. Só que elas não podem
se reproduzir com aqueles a quem amam ou ter qualquer prazer nesse ato. Elas
são, ao contrário, designadas para as residências de Comandantes, os quais em
cerimônias agendadas, copulam com as aias, com vistas a fecundá-las. Daí que o
maior desejo dessas aias é ter um filho, caso contrário, elas serão destinadas
aos mesmos locais que os velhos, incapazes ou qualquer outra pessoa que não
serve para aquela sociedade... e não é um bom lugar.
Essas aias, vejam bem, foram tiradas
de suas famílias. A narradora, por exemplo, não sabe do paradeiro de sua filha,
de seu marido, de sua mãe, de sua melhor amiga... Tudo lhe foi tirado. Ela
passou por uma espécie de lavagem cerebral antes de ser transformada em aia e
não está no seu papel julgar ou mesmo lembrar-se do que foi passado. E se ela
tiver o tão desejado filho, que é o passaporte para a “felicidade”, ele será
imediatamente tirado dela, para que uma família possa cria-lo.
Daí que através do livro nós iremos
acompanhar a vida de uma aia, sua rotina, suas relações com aqueles que estão
ao seu redor – outras aias, marthas (que são ajudantes de casa), o comandante,
a esposa do comandante, dentre outros. Mas ela vai também se lembrar bastante
de seu passado, de forma saudosista e temer o futuro. Afinal de contas, e
apesar de tudo, ela ainda é um ser humano e isso não pode ser arrancado dela.
Vamos ver também que existe uma “resistência”, com pessoas atuando para que
isso acabe e as coisas voltem a ser como eram antes. O livro é bem
interessante, mas é também bem terrível e sufocante.
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