Os irmãos Joseph e Maurice
são dois garotos judeus em idade escolar. Seu pai e demais irmãos mais velhos
são cabeleireiros e todos vivem na França onde, até o momento, o regime nazista
ainda não fez qualquer estrago. Em outras palavras, ser judeu para essas
crianças ainda não era um problema. Mas, como bem sabemos, esse cenário muda
com a invasão de Hitler em território francês e os garotos, que sequer sabiam o
significado da palavra “judeu”, passam a ser hostilizados por colegas de salas
e até mesmo por seus professores.
Até que um
dia a coisa aperta e seu pai lhes dá instruções de como deverão siar de casa e
seguir uma jornada até a fronteira para a França Livre, onde encontrarão
liberdade e conforto. O problema é somente um: chegar até lá. Não será uma
jornada nada fácil, principalmente se você sempre viveu sob a proteção de sua
família e não faz muita ideia do que está realmente acontecendo mundo afora e o
que é ser judeu nesse contexto. Mas, a verdade é que o caminho é bastante
interessante e eles se deparam com pessoas surreais, que parecem até que foram
colocadas diante dos garotos.
A partir
daqui, spoillers.
Os garotos
chegam com segurança no destino final e, bizarramente, sem passar por qualquer
tipo de perrengue grave. Eles se encontram com seus irmãos mais velhos e
parecem que o local oferece segurança. E, a partir daí, o livro vai partir para
outro tipo de narrativa. A gente vai acompanhar o dia a dia da família – que
acaba se reunindo em Nice – e tomar conhecimento de fatos históricos
importantes e não tão divulgados, como a resistência francesa, a rendição dos
italianos, a chegada dos aliados, os acontecimentos no norte da África e também
na Rússia e todos os demais fatos que culminaram com a derrocada dos nazistas.
E a família
fica bem até a rendição da Itália aos aliados. Com esse fato, a Alemanha acaba
invadindo a parte livre da França e a família Joffo se vê novamente na situação
de ter de se separar. Os garotos são enviados a uma espécie de fazenda,
aparentemente tranquila e livre de problemas. Aparentemente porque eles acabam
sendo pegos e passam 1 mês inteiro na sede da Gestappo sendo interrogados,
situação da qual conseguem se livrar por um milagre, uma boa lábia e com a
ajuda de pessoas queridas. Aliás, é muito legal ver através do livro que a
guerra foi um horror, mas com ela, aflorou a solidariedade de pessoas queridas,
que arriscaram as próprias vidas em favor de salvar alguns judeus de um destino
fatal.
Com a prisão
de seu pai e a iminência de serem descobertos, os irmãos saem novamente em
fuga, desta vez, rumo ao norte, para a casa de uma de suas irmãs e, depois,
para tantos outros lugares. A verdade é que durante o período de guerra, eles jamais
descansaram. Estavam sempre em fuga, sempre descobrindo um novo ofício, um novo
esconderijo e diante de uma nova expectativa do que estaria por vir. O livro,
claro, termina com o fim da guerra e a libertação da França. A família Joffo
retorna sã e salva à Paris, menos o patriarca que, infelizmente, e sem o
fornecimento de qualquer detalhe, não teve a mesma sorte.
Trecho
terror, mas que define a guerra para uma criança: “Não tiraram
minha vida, mas fizeram pior: roubaram minha infância, mataram em mim
o menino que eu podia ser... Talvez tenha me tornado duro demais, cruel demais;
quando prenderam meu pai, nem sequer chorei. Um ano atrás, teria aberto
um berreiro.”
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