Livro da TAG de dezembro que acabei de
ler no exato dia 31/12! Mas, como sou uma pessoa lenta, só consegui resenhar
agora. É um daqueles livros que eu certamente não teria lido se não fosse pela
assinatura. Ele não tem um enredo muito atraente e confesso que eu demorei para
engrenar na história. Foi escrito por uma catalã, na língua catalã, e é
considerado um clássico.
A protagonista é Colometa, uma moça
simples que vive em Barcelona. Trabalha num comércio pequeno, é órfã de mãe e
seu pai há muito se esqueceu dela. Um belo dia, Colometa conhece Quimet na
Praça do Diamante, um jovem galanteador, animado, que a tira para dançar. A
verdade é que a moça descreve o rapaz de uma forma a não demonstrar que ele é
um cara bonito ou “apaixonável” (“ele tem olhos de mico”). Mas, eu creio que
pela aventura e pela liberdade, Colometa acaba se envolvendo com o rapaz,
noivando e se casando.
Só que Quimet é um cara machista e
dominador, de modo que a protagonista passará a viver a vida que o marido impôs
e não aquela que ela escolheu para si. Mas ela é uma pessoa meio apagada e, não sei se foi
impressão minha, mas não tive o entendimento de que ela era infeliz. Eles têm
dois filhos e Colometa tem como amiga, em verdade, apenas D. Enriqueta, uma
senhora de idade que lhe dá conselhos e a trata como uma espécie de filha.
Um belo dia, Quimet resolve criar
pombos em casa, dezenas deles e coloca Colometa para cria-los. E essa é a
parte, na minha opinião, meio opressiva. Porque ela narra a situação como
sufocante, como se ela sentisse cheiro de pombos em todos os lugares, como se a
casa estivesse sempre suja e impregnada de aves e ela sente-se na obrigação de
acabar com aquilo, mas não sabe como. E numa cena que, pra mim, é a primeira
“grande cena” do livro, ela começa a chacoalhar os ovinhos para que não naçam mais filhotes e aquilo não se torne um pesadelo ainda maior.
Muito bem, em determinado momento,
estoura a revolução e Quimet vai para a guerra ao lado dos revolucionários.
Nesse momento, Colometa perde o emprego de doméstica e a situação começa a se complicar
na cidade. A comida começa a acabar, assim como o dinheiro da família. Quimet
morre na guerra e, numa “segunda grance cena” do livro, há dias sem ter o que
comer e sem mais nada para vender, Colometa sai em busca de ácido nítrico, com
o intuito de matar-se e aos seus filhos, acabando com o sofrimento da família.
Só que a vida é surpreendente e antes
que ela conseguisse êxito na empreitada, o dono da venda a chama para
trabalhar, e passa a cuidar de Colometa e das crianças como se fossem da sua
família. Ele e a protagonista se casam e, de alguma forma, o leitor passa a
perceber que é a partir desse momento que Colometa e as crianças passarão, de
fato, a viver. É como se Quimet, ou a sombra dele, atrapalhassem a felicidade
daquela família, sugassem suas energias.
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