Esse livro chegou pra
mim com essa capa linda, áspera como a vida da protagonista e eu não sabia o
que esperar. Ele foi indicado pela Chimamanda, que é, talvez, a maior escritora
nigeriana ou, pelo menos, a mais conhecida no ocidente, mas eu confesso que não
sabia absolutamente nada sobre a escritora do livro da TAG, sob a história e eu
estava apenas pensando que a temática seria triste e sofrida. Pelo menos é um
pouco desse jeito que eu me sinto quando penso no continente africano.
E eu vou dizer que estava
certa. Mas, também quero dizer que o livro é muito bom, muito diferente de tudo
o que eu já li e eu aprendi muito sobre a cultura africana com ele. O livro nos
levará para a Nigéria da década de 1930, onde ainda havia uma porção de tribos,
cada qual com seus costumes, com seus rituais - muitos deles bastante
doloridos - e também havia uma Lagos em formação. Mas, sobretudo, o livro vai
nos mostrar o duro e triste papel da mulher dentro dessa sociedade tão machista
e vamos concluir, ao final que, guardadas as devidas proporções, o mundo não
mudou tanto assim.
Bem, Agbadi é um
líder/guerreiro fodão de uma tribo nigeriana. Ele é forte, ele é respeitado,
ele é bonito e muito desejado entre as mulheres. Ele tem varias esposas, mas
Ona, sua amante, é a favorita e também a mais bonita. Ela é também bastante
importante, a única herdeira de uma tribo vizinha. Dessa união nasce Nnu Ego,
mas sua mãe morre de parto. A menina cresce e é a queridinha do pai. Já com
idade para tanto, ela se casa com Amatikwu, mas não lhe dá herdeiros, situação
muito complicada a uma mulher na região, já que basicamente era essa a sua
função em uma sociedade.
Muito chateada, ela
acaba sendo devolvida à sua família e vai se casar com Naife Owolum, um homem
feio, de Lagos e que tem uma cultura e um estilo de vida absolutamente distinto
daquele em que Nnu Ego estava acostumada. Ao contrário dos homens de sua tribo
que trabalham na terra e são guerreiros, Naife é lavadeiro em uma casa de
homens brancos. Ele bebe muito, tem um físico relaxado e é bastante displicente
com o dinheiro. Só que Nnu Ego tem de aceitar o seu destino e logo lhe dará uma
penca de filhos, mostrando que não era estéril!
Dai, a gente vai
passar a acompanhar a vida do casal e dos filhos ao longo dos anos,
principalmente ante as inúmeras provações nas quais passarão. E o interessante,
como já disse, é o papel de cada um dentro da sociedade, o que se espera deles,
como deverão agir, o que devem vestir, religião, filhos, marido, o papel da
mulher, o choque de culturas entre as raças de diversas tribos, etc.
É sim um livro triste,
mas a leitura flui super fácil e ele se torna muito interessante porque a gente
passa a conhecer essa cultura que não temos muito acesso. Confesso que não sei
muito bem como funciona a sociedade na Nigéria nos dias de hoje, mas gostei de
saber como Lagos, a capital, se formou e como era a vida naquela época.
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