quinta-feira, 24 de agosto de 2017

LIVRO - D. LEOPOLDINA

Demorei mais de um mês para ler esse calhamaço incrível, porque estava sem tempo e também porque queria saborear cada página. Eu devo dizer, antes de mais nada, que apesar de ter estudado anos a histórica do Brasil, de ter visitado inúmeras vezes o Museu do Ipiranga, o Mausoléu dos Andradas e de ter lido bastante sobre o assunto, eu me senti absolutamente ignorante sobre a história do meu país durante a leitura desse livro.

A gente estuda na escola a vinda de D. João VI para cá, as guerras que se deram dentro do Brasil, temos conhecimento da existência da Marquesa de Santos e da sua condição de amante, mas fora isso, eu juro que não sabia muita coisa. Lembro-me na Alemanha de ter visto retratos de d. Leopoldina em alguns lugares e de tê-la achado plácida, muito bonita e com uma expressão doce e através desse livro, eu quase alcei a sua condição à de uma santa.
Pois bem, vamos lá. D. Leopoldina era austríaca, da casa dos Habsburgo, que era praticamente uma fábrica de reis e rainhas da época (Mª Antonieta era tia-avó de d. Leopoldina). A família real austríaca era famosa também pela educação despendida aos seus descendentes, que desde pequenos eram preparados para serem soberanos, de modo que desde sempre, d. Leopoldina sabia que teria de casar-se com quem seu pai determinasse, teria de ser boa e benevolente para com seu povo, muito culta e ainda obedecer ao seu esposo. E assim ela o fez, obediente que era.
Quando restou acertado o seu casamento com d. Pedro II e o seu consequente envio para o Brasil – aquela terra desconhecida e exótica -, ela prometeu amá-lo e servir-lhe como esposa, além de governar o seu novo povo. E juro por Deus, essa mulher foi quase uma beata! Aturou a sogra horrorosa, o clima e a comida que eram absolutamente diferentes daqueles que estava acostumada, uma vida inteira de privações financeiras e de podas por parte do próprio marido. Pedro a amava, não se pode dizer que não, mas nunca lhe dava liberdades ou deixava que ela se esquecesse que era ele quem mandava.
Passou a vida praticando a religião, ajudando os mais pobres, parindo muitos filhos e fazendo seu papel de mãe e esposa. Mas também, tendo a preparação e a cultura que haviam sido impostas ainda na casa dos Habsburgo, d. Leopoldina participou ativamente da vida política do Brasil, inclusive teve papel fundamental como conselheira de seu esposo e na própria independência do país. Ela foi uma p. mulher!
Uma influência que Maria Teresa incutiu nos filhos foi a falta de preconceito social. Num dos divertimentos que preparou num  dos aniversários de  Francisco  II, por exemplo, a filha mais velha, a arquiduquesa Maria Luísa, divertiu-se dançando com o filho do cozinheiro. Certos tipos de preconceito são adquiridos na infância, no seio familiar, e o de se achar superior a pessoas de classe, cor e posição social diferentes das suas não foi passado a Leopoldina por sua família. Esse fato iria fazer uma grande diferença no modo como o povo brasileiro veria, anos depois, aquela princesa loura e de pele bem clara sempre disposta a parar para conversar com os  necessitados, independentemente  de  suas  condições sociais ou da cor da pele.
Ocorre que d. Pedro tinha uma amante, Domitila de Castro – Marquesa de Santos – a quem nunca escondeu não só de sua esposa mas também de todo o reino e da Europa, inclusive. Ainda que tal união não fosse aceita, ele elevou a amante quase que ao mesmo patamar da imperatriz sua esposa, apresentando-a em cerimônias públicas, reconhecendo seus filhos, lhe concedendo benefícios, dinheiro e títulos. D. Leopoldina, como a santa que era, ainda que não aceitasse tal situação, nunca se manifestou a respeito, escolhendo sofrer em silêncio. E foi isso que causou a sua morte prematura, após o aborto do que seria o terceiro filho varão. Ela não aguentou as humilhações impostas e a saudade que sentia de sua terra natal e de sua família e morreu quase que de depressão. 
Com a leitura desse livro, eu basicamente coloquei d. Leopoldina num pedestal e tive vontade de exumar o corpo de d. Pedro II só para ter o prazer de mata-lo novamente. Que tipozinho esse nosso imperador!

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