quarta-feira, 26 de abril de 2017

LIVRO - MARIA ANTONIETA

Por ocasião da minha ida à França, resolvi dar uma investida em alguns livros de história para me inteirar melhor sobre os fatos e os locais em que irei visitar. Já li Os Miseráveis, livro amado e querido e agora acabei de ler o calhamação Maria Antonieta. Claro que a história da França é riquíssima e se desenrola por vários séculos e vários personagens e acontecimentos super marcantes, mas acho que a figura dessa rainha tão emblemática é muito mais presente nos dias de hoje.  Muitos dos monumentos em que irei visitar serviram a ela, como o próprio Palácio de Versalhes e a Conciergerie, onde passou seus últimos dias antes de ser decapitada. E eu queria conhecer'um pouco mais da sua história.
O livro vai retratar como era o contexto histórico de meados do século XVIII, no reinado de Luís XV, avô do esposo da Maria Antonieta. Na ocasião, França e Áustria eram países poderosíssimos e que brigavam muito entre si. E, para selar o fim dessa rivalidade e o “cessar fogo”, casaram-se os herdeiros Luís XVI e Maria Antonieta, sendo ele com 16 e ela com 14 anos. Duas crianças se casando, mas a expectativa dos reinos – e do mundo todo – era de um herdeiro o mais breve possível. Todavia, e um fato absolutamente curioso que acabou moldando o caráter dos regentes, é que Luís XVI possuía um grave caso de fimose e, por conta disso, o casamento só foi consumado 7 anos após.

Com isso, diante do fato de que o caso era de conhecimento público, o rei se tornou um cara tímido e de pulso fraco, ao passo que sua esposa, no intuito de evitar a cama do marido a noite a vergonha que lhe esperava, inventava festas e eventos que se estendiam até tarde. É de se lembrar também que, sendo uma moça muito nova à ocasião do matrimônio, não possuía pensamentos e atitudes de uma rainha adulta, que era o que se esperava. Então, esse combo acabou culminando com aquela imagem da Maria Antonieta que temos hoje, de uma pessoa que pródiga e fútil que, de fato foi, mas não totalmente por sua culpa. 
Ela não estava ali não para governar, mas para se divertir da melhor forma possível. Fazia uso de sua beleza, de sua posição e da apatia do esposo – com quem se dava muito bem -, para “causar geral”. Não era, em absoluto, seu interesse ser uma grande rainha, a exemplo de sua mãe, Maria Tereza, de Catarina a Grande da Rússia ou da Rainha Elizabeth da Inglaterra. Ela só queria se divertir! E o mundo, principalmente sua família, começaram a se preocupar bastante com essa postura. Veja carta de José II à irmã Maria Antonieta:
“Mandas demitir ministros, ordenas outro ao exílio em suas terras. Crias novos cargos dispendiosos na corte! Já te perguntaste alguma vez com que direito te intrometes nos assuntos  da corte e da Monarquia francesa? Que tipo de conhecimentos adquiriste  para ousar intrometer-te e imaginar que tua opinião poderia ter alguma importância, principalmente nos assuntos de Estado,  que  exigem  conhecimentos  especialmente profundos? Tu, uma pessoa jovem e amável, que não pensa o dia inteiro em nada que  não sejam  frivolidades, vestidos e  divertimentos, que  nada lê, não produz nem ouve ao menos um quarto de hora por mês uma conversa sensata, que não reflete, que não leva um pensamento até o fim e nunca, e disso tenho certeza, pensa nas consequências do que diz ou faz…” 
Aquela rainha despreparada, que durante anos evitou o marido – que não podia satisfazê-la – e que nunca viu limites, porque o rei era “pamonha” demais para contrariar sua esposa, acabou por exagerar em seus caprichos e levar a França à bancarrota. Claro que a culpa não era exclusivamente sua, porque uma rainha pródiga deve ser freada por seus ministros e pelo próprio marido. Mas, o povo exigia um culpado, um bode expiatório. E essa rainha, que dava festas e comprava mimos caríssimos para si, passou a ser odiada pelo povo, que passava fome e cujos ideais liberais cresciam a cada dia, com uma burguesia insurgente e pró ativa. Fofocas passaram a circular em Paris, incluindo inúmeros amantes que teriam se deitado com a rainha, incluindo intrigas e toda sorte de situações que eram maldizidas à Maria Antonieta.
A verdade é que ela passou anos dentro de uma bolha, só se divertindo, gastando dinheiro e beneficiando ninguém menos do que a si própria. Ela não fazia idéia de como viviam as pessoas que estavam abaixo de si, como era o dia a dia da população a quem governava e também nunca se interessou por isso. Da mesma forma, nunca se interessou por história ou política e nunca deu ouvido a conselhos que lhe seriam muito úteis mais tarde. Em outras palavras, talvez por simples omissão ou por acreditar estar plenamente segura dentro de sua casca, Maria Antonieta cavou sua própria sepultura. 

O livro é interessantíssimo. Leiam!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário