terça-feira, 18 de abril de 2017

LIVRO - CRIME E CASTIGO

Demorei um mês inteiro para dar cabo desse livro que tem pouco mais de 600 páginas e é dividido em 6 partes. E as razões são simples. A primeira delas é que, como eu já contei por aqui, me deu a louca no mês de março e eu resolvi ler trocentos livros ao mesmo tempo e a segunda razão é que esse livro, apesar de incrível, é um pouco pesado e exige do leitor um pouco mais de dedicação e atenção. Crime e Castigo veio num box maravilhoso, acompanhado dOs Irmãos Karamazóv, que será lido, creio eu, mais para frente. Recomendo demais esse box porque é lindo e essas duas obras são importantíssimas para a literatura.

Pois bem, através de Crime e Castigo do incrível Dostoievski, conhecemos Ródion Raskólnikov, um ex estudante de direito que, no momento, encontra-se falido e bastante deprimido. Longe da família e dos amigos, vivendo num cubículo alugado, com a mensalidade atrasada, ele inicia uma série de diálogos internos sobre a sua própria existência no mundo e daqueles que o rodeiam. O livro, aliás, é bem interessante porque ele nos coloica dentro da mente do narrador, uma mente bem perturbada, cheia dúvidas, incertezas, ora dotada de pensamentos bons, ora dotada de pensamentos ruins. E, num determinado momento, voltando, o narrador começa a sentir uma raiva desmedida pela usurária, a Fulana que lhe aceitas objetos em penhor.
O ódio vai crescendo dentro dele. E o pior é que ele não tem raiva da Fulana em específico, mas sim daquilo que ela representa. E ele começa a pensar em matá-la. Daí vem um raciocíciono que eu, particularmente, acho bem interessante e que dá toda bossa ao texto. Ele se questiona: se Napoleão, Cesar e outros grandes foram responsáveis por tantas mortes e, ainda assim, são considerados grandes heróis, por que não fazer o mesmo ele mesmo? É como se os fins justificassem os meios. Matando a usurária, ele estaria, dentro de tal raciocínio, matanto o próprio capitalismo opressor. É uma figura de linguagem!
E sim, o plano é levado a efeito, no divisor de águas do livro. O momento que antecede à morte da usurária é explêndido, cheio de detalhes e, mais uma vez, não se esqueçam, estamos dentro da mente do narrador, que continua andando em direção a tal destino, mas sem saber exatamente se é isso mesmo que deve fazer. Não vou descrever a cena, por óbvio, para não estragar esse momento de vocês, mas é uma das melhores da literatura. É como se você estivesse ao lado do narrador, vivendo o momento – apenas brilhante! E depois disso, o que temos é um Ródion se corroendo por dentro em razão de remórsio (?) pelo crime que acabara de cometer. Esse é o castigo do título: ter de conviver com esse peso, sem poder dividi-lo com ninguém.
E a questão é que foi o crime perfeito. Ninguém viu Ródion entrando no prédio, matando a usurária, saindo do prédio... não houve rastro, não houve testemunhas, não houve nada. Mas, ainda assim, ele está completamente perturbado. O sentimento de culpa o corrói – é impressiuonante – e certamente ele não esperava por isso. Não era essa a idéia que ele tinha quando planejou o assassinato. Daí, ora ele começa a apresentar o desejo de ser punido, ora o desejo de se matar, ora de repelir todos ao seu redor, ora de salvar o mundo... é uma mistura de sentimentos e sensações que denotam com clareza o transtorno do narrador diante do que fizera.
Eu não vou contar mais para não entrar em spoilers, mas vou dizer que é um livro incrível e, mesmo não tendo lido mais nada do autor, eu já estou absolutamente encantada e consigo entender claramente o porquê ele é considerado um dos gênios da literatura. E, com a leitura, vocês vão se deparar com aquele cenário de miséria tão caricato e presente em obras da época – como em Victor Hugo, Gogol e Charles Dickens. Irá se deparar com personagens ilustres, como o policial, a prostituta, a mãe sofredora, o melhor amigo... são todos incríveis e improváveis ao mesmo tempo. É um livro que te faz pensar, refletir e sentir. É curioso porque, mesmo nunca tendo cometido um crime, a descrição e riqueza de detalhes do autor é tamanha, que a gente começa a sentir exatamente aquilo pelo qual Ródion está passando. As leituras desse ano estão incríveis!!!!!

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