quarta-feira, 8 de novembro de 2017

LIVRO - HISTÓRIA DE QUEM FOGE E DE QUEM FICA

Lido o terceiro volume da Série Napolitana da Elena Ferrante. Eu acho curiosa a análise desses livros porque, ao mesmo tempo que eles me incomodam demais, eles me atraem na mesma proporção! É impossível parar de lê-los e todos eles, ainda que tenham mais de 400 páginas, foram devorados em poucos dias. Eu não sei se é porque a minha família é napolitana e eu reconheço a mim mesma e vários dos meus parentes em alguns personagens/situações ou se é porque a própria escrita ou a história fazem isso com a gente. O fato é que eu não vejo a hora de chegar no próximo volume!

Eu terminei o segundo da série com raiva da Lila e vou dizer que nada mudou nessa leitura. Lila continua me enchendo e eu tenho vontade de chegar pra Lenu e falar: deixa essa parasita de lado e vá viver a sua vida porque você é incrível, não ela! Hahaha. Muito bem. A PARTIR DESSE MOMENTO, NÃO GARANTO QUE NÃO HAVERÁ SPOILLERS.
No segundo volume, paramos com a protagonista/narradora lançando seu livro e se deparando com Nino, o amor de sua vida. Nesse terceiro volume, ela está vivendo as glórias do lançamento de seu livro, sendo reconhecida por todos. Há aqueles mais intelectualizados que vão entender pela genialidade da narrativa e os mais ignorantes, principalmente o povo de seu bairro, que nada entenderão, e até mesmo jogarão na cara de Lenu que aquilo é uma porcaria pornográfica. Claro que sentimental e volátil como é, a protagonista ficará balançada e essa situação vai abalar suas estruturas e até mesmo a sua condição como escritora.
Paralelamente, Lila continua trabalhando na fábrica de embutidos Soccavo, numa condição bastante ruim, e morando com seu filho e Enzo. Só que com a ajuda de alguns insurgentes, ela começará a elaborar panfletos e incitar a classe operária contra o patrão e o trabalho ali realizado. São os movimentos operados em toda a Europa, as lutas de classes e busca por melhores condições de trabalho. Claro que isso vai dar o que falar, causar mortes, indisposições e tantas outras coisas. Mas essa questão social irá permear o livro do início ao fim, passando também pela questão da luta das mulheres e o seu papel na sociedade. É realmente um livro bem interessante nesse sentido.
E claro que ante o papel da melhor amiga nesse contexto, seu bloqueio como autora e a sua infelicidade conjugal – a essa altura Lenu está casada e tem duas filhas – ela começará a seguir os passos de Lila e trair o marido. A narradora parece não se encaixar em lugar nenhum e questionar bastante o seu próprio papel no mundo. E vou dizer que a coisa termina com ela e Nino absolutamente apaixonados fugindo para a França. Agora, resta saber se, de fato, Nino está realmente apaixonado por Lenu ou se ela é mais uma de suas aventuras, a exemplo de tantas outras que iremos conhecer ao longo da narrativa.

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