Bom,
digamos que eu aproveitei o feriado de 12/10 para uma espécie de imersão ao
Everest: li A Escalada, assisti ao documentário da equipe do IMAX e reassisti
ao filme. E vou dizer que foi incrível e muito esclarecedor. Me senti como se
estivesse realmente fazendo uma investigação sobre as causas do acidente,
buscando saber o que deu errado, rs! E o curioso é que comparando A Escalada
com No Ar Rarefeito do Joh Krakauer – post aqui -, apesar de ambos os títulos
divergirem sobre o papel de Anatoli na missão, se ele foi o herói ou se foi
altruísta, ambos os autores são bastante sensatos e estão de acordo quanto às
causas do acidente que acabou culminando com a morte de tanta gente.
Eu acho que causou
a derrocada dos alpinistas foi uma série de fatores: ambição – acima de tudo -,
mas também o mau tempo e falhas humanas. O fato de os sherpas não terem
instalado as cordas lá em cima, situação que fez com que os alpinistas
perdessem um bom tempo na espera (gastando O2, energia e passando frio), somado
à falha de informação sobre a quantidade de oxigênio deixada lá em cima para
uma emergência, foram determinantes para o fracasso da empreitada. Rob Hall não
deveria ter insistido com Doug Hansen lá em cima, Scott Fisher não deveria ter
subido, ele estava esgotado e doente – ele queria desesperadamente chegar ao
cume, em razão da propaganda - e claro, temos os clientes, inexperientes, que
dependem sempre de um guia ao seu lado.
Deu tudo errado!
Mas o interessante
também é que esse livro, além de uma perspectiva diferente dos fatos, traz
também uma série de situações que não são encontradas em No Ar Rarefeito porque
simplesmente não foram vividas por Jon Krakauer. Anatoli vai nos contar, por
exemplo, como foram os preparativos da Montain Madness para a expedição. E não
sei se é sempre assim ou se foi uma espécie de presságio, mas muita coisa já
estava dando errado mesmo antes de começar. O suprimento de barracas e
oxigênio, por exemplo, ficou preso pela fiscalização russa e quase não chega a
tempo! E ele também irá nos contar como saiu sozinho de madrugada pela neve, sem qualquer visibilidade, para resgatar três clientes.
E ele vai frisar
que muitos clientes eram inexperientes e muito dependentes dos guias e que
essas situação é muito perigosa, porque em circunstâncias extremas, como o mau
tempo e a falta de oxigênio, os guias têm de cuidar de si mesmos e nem sempre
conseguem ajudar os outros. Os guias, muitas vezes, tinham que subir e descer a
montanha várias vezes para ajudar os clientes, o que era péssimo. E o
interessante é que Anatoli vai nos dizer que, na sua opinião, a equipe de Rob
Hall estava mais bem preparada.
Houve muita falta
de comunicação, situação que fica bem clara com as gravações colacionadas no
final do livro, quando todos os sobreviventes da Montain Madness se reuniram
para contar suas impressões sobre os fatos. A questão da língua era um
problema, pois os sherpas e Anatoli não tinham domínio absoluto sobre o idioma
inglês, é uma situação que pode ter gerado falta de comunicação com relação à
questão das cordas e do oxigênio, principalmente, que foram fundamentais à
derrocada da equipe. O fato de Fisher, que era o líder da expedição, estar
muito doente e incomunicável também foi um grande problema.
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