Um dos livros mais terríveis que já li
na vida! Claro que com esse título eu não estava esperando um conto de fadas,
mas eu não achei que ele fosse tão detalhista e tão real, tão tangível. Sabemos
muito sobre a Segunda Guerra, seus horrores, já estive em Berlin, já assisti a
um monte de filmes de guerra, mas eu acho que, de alguma forma, essa livro fez
tudo parecer mais próximo. Eu tive essa mesma sensação quando visitei um museu
em Berlin, uma exposição temporária cujo nome não vou me lembrar, mas que trazia
objetos da guerra e histórias de pessoas que estiveram nela... aquilo me tocou
demais, como esse livro.
Ele vai nos levar para dentro de
Auchwitz, o campo de concentração mais temível por todos e nele vamos conhecer
uma série de personagens, e a nossa protagonista, Dita Adlerova. Trata-se de um campo de extermínio,
sabemos, mas as pessoas que estão ali não têm essa noção muito clara. Elas
sabem que existem câmaras de gás, que existe o temível Dr. Mengele, que faz
experimentos com humanos vivos e claro, a fome, que infelizmente é a amiga mais
íntima. Estar doente naquele lugar ou ser alguém fraco (de corpo e/ou de
espírito), é uma sentença de morte.
Mas, no meio desse caos, alguns judeus
mais letrados acabaram fundando uma escola, o que conferia uma certa normalidade,
ao menos aos pequenos. Ela era, de certa forma, permitida pelos nazistas, mas
desde que lá nada fosse ensinado. E é aí que entra nossa protagonista. Alguns
livros foram contrabandeados àquele local e ela, como bibliotecária – de apenas
14 anos – era a responsável pelo trânsito de tais preciosidades, sem que os
oficiais tivessem conhecimento. Claro que tal tarefa era um risco não só para
Dita, mas para todos os responsáveis pela escola. E através desse sistema, os
professores podiam continuar ensinando, pensando no futuro.
Esse é o contexto. Mas dentro dele, nós
temos contato com a resistência, com o tal Dr. Mengele e seus experimentos
horríveis, com o medo de todos, com as condições em que eram tratados, como
dormiam, o que comiam e com qual frequência..., oficiais da SS que estão ali
como prisioneiros tais quais os judeus, porque não tiveram escolha, mas
simplesmente não concordam, com aquilo... também vamos conhecer personagens
reais, que de fato existiram, como Fredy Hirsch,
o inspetor diretor da escola, a quem todos respeitavam, Rudy Rosemberg, o
registrador que conseguiu fugir, dentre muitos outros e a própria Dita.
E o que mais me emocionou/chocou nesse
livro foi o campo de concentração final em que ela e a mãe ficaram confinadas,
apenas aguardando pela morte, encarregando-se de jogar os corpos numa vala
coletiva, e também o posfácio, onde eu tomei conhecimento de que muitos dos
personagens eram verídicos e a própria história era baseada em fatos reais por
eles contados. Livro realmente doloroso, mas muito incrível.
No fim das contas,
HG Wells tinha razão, a máquina do tempo existe de verdade: são os livros.
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