segunda-feira, 20 de novembro de 2017

A BIBLIOTECÁRIA DE AUCHWITZ

Um dos livros mais terríveis que já li na vida! Claro que com esse título eu não estava esperando um conto de fadas, mas eu não achei que ele fosse tão detalhista e tão real, tão tangível. Sabemos muito sobre a Segunda Guerra, seus horrores, já estive em Berlin, já assisti a um monte de filmes de guerra, mas eu acho que, de alguma forma, essa livro fez tudo parecer mais próximo. Eu tive essa mesma sensação quando visitei um museu em Berlin, uma exposição temporária cujo nome não vou me lembrar, mas que trazia objetos da guerra e histórias de pessoas que estiveram nela... aquilo me tocou demais, como esse livro.

Ele vai nos levar para dentro de Auchwitz, o campo de concentração mais temível por todos e nele vamos conhecer uma série de personagens, e a nossa protagonista, Dita Adlerova. Trata-se de um campo de extermínio, sabemos, mas as pessoas que estão ali não têm essa noção muito clara. Elas sabem que existem câmaras de gás, que existe o temível Dr. Mengele, que faz experimentos com humanos vivos e claro, a fome, que infelizmente é a amiga mais íntima. Estar doente naquele lugar ou ser alguém fraco (de corpo e/ou de espírito), é uma sentença de morte.
Mas, no meio desse caos, alguns judeus mais letrados acabaram fundando uma escola, o que conferia uma certa normalidade, ao menos aos pequenos. Ela era, de certa forma, permitida pelos nazistas, mas desde que lá nada fosse ensinado. E é aí que entra nossa protagonista. Alguns livros foram contrabandeados àquele local e ela, como bibliotecária – de apenas 14 anos – era a responsável pelo trânsito de tais preciosidades, sem que os oficiais tivessem conhecimento. Claro que tal tarefa era um risco não só para Dita, mas para todos os responsáveis pela escola. E através desse sistema, os professores podiam continuar ensinando, pensando no futuro.
Esse é o contexto. Mas dentro dele, nós temos contato com a resistência, com o tal Dr. Mengele e seus experimentos horríveis, com o medo de todos, com as condições em que eram tratados, como dormiam, o que comiam e com qual frequência..., oficiais da SS que estão ali como prisioneiros tais quais os judeus, porque não tiveram escolha, mas simplesmente não concordam, com aquilo... também vamos conhecer personagens reais, que de fato existiram, como Fredy Hirsch, o inspetor diretor da escola, a quem todos respeitavam, Rudy Rosemberg, o registrador que conseguiu fugir, dentre muitos outros e a própria Dita.
E o que mais me emocionou/chocou nesse livro foi o campo de concentração final em que ela e a mãe ficaram confinadas, apenas aguardando pela morte, encarregando-se de jogar os corpos numa vala coletiva, e também o posfácio, onde eu tomei conhecimento de que muitos dos personagens eram verídicos e a própria história era baseada em fatos reais por eles contados. Livro realmente doloroso, mas muito incrível.
No fim das contas, HG Wells tinha razão, a máquina do tempo existe de verdade: são os livros.

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