terça-feira, 4 de julho de 2017

LIVRO - O DIÁRIO DE ANNE FRANK

Bom, não é fácil falar sobre esse livro. Ele é a síntese de um dos fatos mais chocantes e tristes da nossa história moderna e quando personificamos essa questão, sendo apresentados a pessoas que participaram diretamente do evento, eu acho que fica ainda mais pesado.

O Diário de Anne Frank, para quem não é desse mundo ou passou os últimos 70 anos hibernando numa cápsula, foi escrito por uma adolescente judia, entre seus 13 e 15 anos, quando esteve com sua família e mais 4 outros judeus escondida em um anexo secreto na empresa de seu pai. Os conviveres, antes muito ricos, cultos e livres, se viram na condição de passar 2 anos escondidos nesse local, dependentes do auxílio de terceiros, basicamente funcionários da empresa, sem qualquer perspectiva de melhora.
E o que é interessante no diário é que Anne, uma garota com uma personalidade extremamente forte, muito viva e inteligente, nos contará como foi a convivência dessas pessoas durante o período, o que é absolutamente curioso, bem como fatos da própria guerra, com base nas notícias do rádio e aquelas trazidas de fora, bem como aquilo que conseguia enxergar pelas frestas das janelas ou simplesmente sentir, como no caso das bombas que caiam nas proximidades. O medo constante de serem bombardeados ou descobertos, de passarem fome, de nunca saírem daquela situação vai sufocando o leitor aos poucos, principalmente porque sabemos que, não obstante os dois anos de esconderijo, a autora não sobreviveu aos horrores da guerra. Aliás, e isso não é spoiller, porque é história, o único sobrevivente do anexo foi Otto Frank, o pai de Anne.
Bastante curiosa a descrição de como era a rotina daquelas pessoas, como dividiam e racionavam a comida, a divisão das tarefas, as discussões constantes, as inimizades, os namoricos, e a tentativa de manterem uma normalidade, dentro do possível, com estudos aos mais novos e trabalhos aos mais velhos. O mais frustrante é que Anne tinha tanta ambição na vida, tantas vontades... foram tantos sonhos não vividos... Eu não sei o porquê protelei tanto a leitura desse diário. O livro é delicioso, super bem escrito e muito instrutivo. Impressionante como alguém se manteve tão incrivelmente são em meio ao caos.
Abaixo, alguns trechos retirados que me tocaram bastante:
Que maravilha se as pessoas, todas as noites, antes de dormir recapitulassem mentalmente os acontecimentos do dia que passou e considerassem o que haviam feito de bom e de mau. Então, mesmo sem perceber, tentariam aperfeiçoar-se, ao começar um novo dia; é claro que se consegue muito, com o correr  do tempo. Qualquer um pode fazer isso, não custa nada  e, certamente,  ajuda muito.  Quem não  sabe precisa aprender a descobrir, pela experiência, que "uma consciência em paz torna as pessoas fortes".
“Muitas vezes falo em "depois da guerra", mas acho  que  isso é castelo no ar, coisa que jamais acontecerá na realidade. Se penso em nossa antiga casa, em minhas amigas, nas brincadeiras da escola, é como se outra pessoa tivesse vivido aquela vida, não eu.”
“Você só conhece  mesmo  uma  pessoa quando tem com ela uma briga. Só então pode avaliar seu verdadeiro caráter!”

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