Esse livrinho
com a capa tão chamativa foi comprado por mim num desses corners de shoppings
que vendem livros a R$ 10,00 – já falei um pouquinho deles a vocês em outro
post. E antes de mais nada, apenas enfatizando que não devemos desprezar esses
locais e devemos dar uma chance a livros e autores desconhecidos, devo dizer
que foi um dos melhores livros da vida e, certamente, está no top 5 desse ano.
Foi uma história que me tocou demais, que me deixou divagando sobre o assunto
muito tempo após o término da leitura, a ponto de não conseguir me concentrar
na aula de inglês!!! E foi lido em apenas 3 dias, porque apesar de tratar de um
tema pesado, ele é delicinha de ler e o autor é fenomenal.
Pois bem. Eu diria que Adeus a Glorytown e No País dos Homens
poderiam ser o mesmo livro, escrito pela mesma pessoa ou mesmo por alguém que
residisse num mesmo local. Ambos são narrados por uma criança (amo livros desse
tipo!!!) que vivenciaram os horrores de um regime autoritário em seu país,
sendo o primeiro em Cuba e o segundo na Líbia. Em ambos nada pode ser dito
pelas pessoas, com medo de represálias; em ambos as famílias vêm seus amigos
sendo levados, torturados, submetidos a situações degradantes; em ambos há uma
“voz” que faz uma espécie de lavagem cerebral aos residentes... até a cena do
quadro pendurado na parede é muito parecida. E o pior de tudo: em ambos temos
crianças tristes, com infâncias roubadas.
Só que, de alguma forma, talvez por ser mais próximo ou por
termos mais conhecimento sobre o assunto, Adeus a Glorytown me tocou muito
mais. Trata-se de uma autobiografia escrita por Eduardo Calcines que, à época
da Revolução Cubana, contava com apenas 3 anos. E ele vai nos levar à cidade de
Cifuentes em Cuba, vai nos apresentar aos seus amigos, à sua família numerosa e
com muito amor a oferecer, suas brincadeiras de criança, seus avós
queridíssimos, aos costumes, festas, etc. E, aos poucos, com o avanço da
revolução, vamos notando a degradação da vida desse garoto e de todos ao seu
redor. A escassez de alimentos, a fome, o medo e, principalmente, a vida dura
de um dissidente.
E em determinado momento, temendo que Eduardo completasse 15
anos, que é a idade de convocação ao serviço militar, seus pais solicitam ao
governo o visto para os EUA, local onde todos os sonhos podem ser realizados. E
a partir daí, vamos acompanhar os maus tratos que toda família será submetida
por terem manifestado publicamente seu descontentamento para com o novo regime
e a vida em Cuba, bem como a eterna espera dos Calcines pelo visto do governo.
Gente, esse livro é muito amor! Com ele você vai sentir vontade
de abraçar todos os cubanos que encontrar no caminho, entender o porquê tantos
deles se submeteram aos perigos de uma travessia de barco à Flórida e,
sobretudo, vai ter vontade de sacar o Fidel do túmulo e matá-lo novamente. Eu,
pelo menos, estou com uma raiva sobre-humana dessa pessoa. E mais raiva ainda
porque todos achavam que seu poderio não poderia subsistir por muito tempo e o
cara morreu quase agora. E ainda nos dias de hoje, não obstante a situação
venha melhorando gradativamente, Cuba ainda não experimenta uma situação plena
de liberdade e contentamento de sua população.
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