Muito bem, segundo livro
da série Napolitana da Elena Ferrante devidamente lido! Esse é mais gordinho do
que o primeiro, conta com quase 500 páginas, mas tal qual o Garota Genial, foi
devorado rapidamente. A História do Novo Sobrenome começa exatamente de onde o
primeiro terminou, de modo que, se você não leu o primeiro livro, recomendo que
não passe dessas linhas.
Lila então se casa com Stefano, o dono da
cacrutaria. E logo na saída do casamento, seus sentimentos em relação ao marido
se modificam, quando ela percebe que ele “se vendeu” para os odiados Sollara ou
que a eles se associou em vistas ao lucro. Lila passa a sentir nojo do próprio
marido e isso se torna público através de suas maneiras e de seu ar de
desinteresse por Stefano que, por sua vez, se mostra um verdadeiro Napolitano:
dominador, machista, dono da verdade.
Enquanto sua melhor amiga está trabalhando na
empresa do marido, morando num apartamento mais distante e chiquetoso e
vestindo-se como uma madame, Lenu, a narradora, ainda estuda, ainda é virgem,
ainda está numa situação miserável e não sabe muito bem o que fazer de sua
própria vida. Ela continua namorando com Antonio, mas apaixonada por Nino,
continua sem ter com quem compartilhar seus conhecimentos de aprendizado na
escola, em meio a tanta ignorância das pessoas do bairro e Lila, que é a única
capaz de fazer frente a isso, está cada vez mais distante.
Em um determinado verão, no entanto, as duas
amigas e mais algumas pessoas vão passar as férias na praia, onde se encontram
com Nino e o amigo Bruno. O grupo passa a se ver diariamente e nesse momento
acontece uma coisa que me fez ficar com uma raiva imensa da Lila: ela se
envolve com Nino, mesmo estando casada e mesmo sabendo que Lenu o ama. Quer
dizer, para se mostrar melhor do que a amiga, ela desgraça a própria vida, a vida
da amiga e do Nino, que se apaixona por aquele ser avassalador chamado Lila e
abre mão de tudo para viver esse romance!
E isso vai ter um grande desfecho para o
casamento de Lila, para suas relações com o bairro e com os amigos. Lila é
aquela pessoa que por onde passa causa estragos, mas também causa admiração.
Ela é forte, ela é destermida e ela está disposta a passar por cima de todos.
Enquanto isso, Lenu vai para Pisa, vai fazer faculdade e se deparar com todo um
universo novo e grandes possibilidades. Vai namorar, vai viajar e se tornar
cada vez mais e mais diferente da amiga e das outras pessoas que deixou para
trás em Nápoles.
E tal qual o primeiro livro, esse vai terminar
com um grande gancho e te deixar com vontade de correr para o terceiro volume –
o meu já está comprado!!
Trecho emprestado do livro Os Reis de Ferro - A Rainha
Estrangulada - também lido esse mês -, que define Nápóles como ninguém:
Os gregos a organizaram, os romanos a conquistaram, os bárbaros a saquearam, os bizantinos e os normandos, cada um por sua vez, aí se instalaram como senhores. Mas modificaram apenas um pouco a forma das casas e acrescentaram algumas superstições e lendas à imaginação popular.O povo não ficou nem grego, nem romano, nem bizantino: era o povo napolitano de sempre, esse povo sem paralelo com nenhum outro no mundo, cuja alegria é apenas um pára-vento diante da tragédia da miséria, cuja ênfase é uma maneira de valorizar a monotonia dos dias, cuja preguiça é uma sabedoria que consiste em não fingir atividade quando nada se tem que fazer; um povo que ama a vida, que zomba dos reveses do destino, que gosta de falar e que despreza a agitação militar porque a paz não o aborrece nunca.
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