Quando esse livro chegou até mim, meu primeiro pensamento foi: a TAG foi
muito infeliz com a escolha do título para esse mês. Sim, porque selecionar um
livro cuja temática é uma epidemia misteriosa e sem tratamento que assola uma cidade
inteira durante um curto espaço de tempo é quase um deja vù do que estamos vivendo nesse momento. E convenhamos,
ninguém quer mais más notícias ou mesmo ler mais sobre o tema. Eu estava mais
interessada numa história mais leve.
Mesmo assim, comecei a leitura e, para a minha surpresa, apesar dos
pesares, achei o livro bem interessante e o devorei em menos de 1 semana –
lembrando que eu tenho trocentas leituras em andamento ao mesmo tempo.
Muito bem, numa cidadezinha universitária em algum lugar da Califórnia,
uma das estudantes simplesmente não acorda de seu sono. Não há nada que se
possa fazer para modificar essa situação. Ela não está em coma, não há nada de
errado com seus exames, mas ela apenas não acorda. A questão é que os dias vão
passando e, além de não haver qualquer mudança no quadro da paciente,
gradativamente, outros estudantes também começam a sucumbir à misteriosa doença
do sono.
E os hospitais vão ficando cada vez mais apinhados de gente, e aqueles
que tiveram contato com qualquer um dos estudantes passam a ser isolados e a viver
em quarentena e ninguém entra ou sai daquela cidade até que se descubra a causa
da misteriosa doença. E as pessoas vão entrando em pânico, muitos doentes são
encontrados nas calçadas, outros dentro de suas casas porque não há unidades de
saúde suficientes para realizar todos os resgates.
Até que, em determinado momento, algumas pessoas acordam e o que se
descobre é que, durante todo o tempo de sono, elas estavam sonhando, ora com
acontecimentos passados, ora com acontecimentos que ainda estavam por vir, como
uma previsão do futuro. E aí, será que vão encontrar a cura da misteriosa
doença, e os personagens principais, vão sobreviver??
Selecionei abaixo alguns trechos do livro que, além de interessantes, são
assustadoramente reais, pelo menos com o que estamos experimentando nesse
momento.
“No
começo eles culpam o ar. É uma idéia antiga, um veneno no éter, um perigo que o
vento carrega. Uma estranha névoa é vista à deriva cidade afora nessa primeira
noite, a noite em que o problema começa. Chega como uma intempérie, ou feito
fumaça, alguém disse depois, mas ninguém consegue localizar fogo nenhum. Alguns
culpam a seca, que há anos vem sangrando o lago, amarronzando o ar com poeira.”
“ninguém
usa a palavra quarentena, mas Mei procura no dicionário. Do italiano quarenta giorni,
quarenta dias. Quarenta dias: o período que outrora os navios deveriam esperar
antes de entrar no porto de Veneza – tempo suficiente, era a esperança deles,
para que uma doença contagiosa se exaurisse.”
“Pense
nisso, dizem as teorias: você acredita mesmo que um vírus totalmente novo
poderia aparecer no país mais poderoso do planeta sem que os cientistas
soubessem bem o que é? É bem provável que eles o tenham criado. Talvez estejam
espalhando essa coisa de propósito, testando uma arma biológica. E pode ser que
tenham a curta, mas a mantém guardada a sete chaves.
Ou
talvez não haja doença nenhuma – é o que alguns começaram a postar online. Santa
Lora não é o local perfeito para uma farsa? Uma cidadezinha isolada, rodeada
por florestas, apenas uma estrada para entrar e outra para sair. E aquelas
pessoas que você vê na TV? Podem ser vítimas contratadas. Talvez atores
treinados, pagos para desempenhar o papel de vítimas. E os supostos doentes?”
“Não há
leitos para as famílias presas no hospital, por isso eles dormem no chão dos
corredores. A esta hora, ninguém é capaz de dizer, apenas olhando, quem dentre
eles pode estar doente e quem está bem.”
“Cento
e vinte casos se multiplicaram para duzentos e cinquenta em dois dias. Em pouco
tempo, duzentos e cinquenta se proliferam até chegar a quinhentos. No entanto,
com o hospital fechado para novos pacientes, esses doentes recentes serão
espalhados em gigantescas barracas, como se tivessem sido abatidos em um campo
de batalha em algum lugar distante.”
“no fim
dessa semana, as autoridades em Santa Lora informam um novo marco: não há
nenhum caso novo em sete dias. Aqui está o momento em que esperavam. Um vírus
só pode queimar por um certo período – apenas uma determinada porcentagem de
qualquer população está suscetível a um dado germe."