segunda-feira, 25 de maio de 2020

LIVRO - QUEDA DE GIGANTES

Esse livro foi consumido num sebo por apenas R$ 9,00. Há tempos estava de olho nessa coleção e aproveitei a oportunidade. O Autor, Ken Follet escreveu Os Pilares da Terra, que virou mini série estrelada por Eddie Redmayne. Naquele livro, a história se passa na Inglaterra do século XII e nos traz um panorama bem abrangente de como funcionavam as coisas na época, como a vida nos vilarejos, guerras, sucessão de tronos, conflitos religiosos, dentre outros.
A Queda de Gigantes, do mesmo autor, é o primeiro volume da Trilogia O Século e, tal qual Os Pilares da Terra, vai levar o leitor a algum momento histórico. O primeiro volume trata da Primeira Guerra Mundial, o segundo da Segunda Guerra Mundial e, por fim, o terceiro tratará da Guerra Fria. Confesso que não botei fé nesse calhamaço e até fiz plano de leitura pra não abandonar o livro pela metade.
Só que ele se mostrou uma grata surpresa. A escrita do autor é uma delícia e os personagens – apesar de muitos! -, extremamente cativantes. Daí que eu não conseguia parar de ler e devorei as mais de 900 páginas em apenas 1 mês e com outras leituras em andamento!



Muito bem. A primeira parte do livro começa com as apresentações de personagens e as intrigas. Na Inglaterra, temos o núcleo pobre, composto pela família Williams. Billy, o filho caçula trabalha numa mina de carvão e sua irmã Ethel é governanta de uma família abastada. O núcleo rico é formado pela família Fitzherbert, que é exatamente para quem Ethel trabalha. O conde Fitz é o patriarca, casado com Bea, uma princesa russa, e a parte mais divertida fica por conta de sua irmã, Maud Fitzherbert, que é ultra moderna e feminista.
Na parte russa, temos Grigori e Lev Pershkov, dois irmãos pobres que trabalham nas fábricas locais e lutam diariamente pela sobrevivência. Na parte norte americana, o personagem é Gus, funcionário do governo e quem nos fornece o olhar do presidente Wilson para a situação. E por fim, há o lado alemão, mas o personagem principal é Walter von Ulrich, que vive um romance com Maud Fitzherbert.
Esses são os personagens que, de uma forma ou de outra, acabam se entrelaçando e se encontrando ao longo do livro. Mas na segunda parte, temos o início da Primeira Guerra Mundial. E nesse momento é bem interessante porque o autor nos apresenta os fatos que deram ensejo ao conflito. Eu já estava bastante antenada com o caso porque acabei de ler A Primeira Guerra Mundial do Martin Gilbert, mas ainda assim, achei interessante como Ken Follet nos situa naquele diagrama, de forma suscinta, mas bastante rica.
E daí em diante, temos a mudança completa na vida dos personagens, porque a Primeira Guerra modificou por completo o cenário mundial, a vida como era conhecida e ninguém nunca mais foi o mesmo. Vamos nos deparar com a guerra em si e o papel de cada um dos personagens nela, a Revolução Russa e a luta pelo sufrágio feminino, tudo no mesmo livro. É como se cada um dos personagens estivesse numa frente diferente com vistas a mostrar ao leitor como foi aquele período.
Algumas questões, especificamente, são bastante interessantes. Por exemplo, ficamos sabendo que o voto feminino foi aprovado porque o partido trabalhista na Grã Bretanha precisava de votos e as mulheres nas fábricas eram seu maior eleitorado. E vocês sabiam que a Alemanha não só facilitou o retorno de Lênin para a Rússia como financiou sua propaganda massiva? Essas e outras informações são verídicas e o livro as traz implícitas na história, com um mix entre personagens fictícios e verídicos.
“- Antes da guerra, nosso governo gastava cerca de meio milhão de libras por dia com tudo: Exército, tribunais e prisões, educação, benefícios, administração das colônias, tudo. (...) Adivinhe quanto nós gastamos agora.
- O dobro? Um milhão por dia? Parece impossível!
- Você não chegou nem perto. A guerra custa cinco milhões de libras por dia. Isso é dez vezes o custo normal de governar o país.
Ethel ficou chocada.
- De onde vem esse dinheiro?
- É esse o problema. Nós tomamos emprestado.
(...)
- E como vamos conseguir pagar isso?
- Nós nunca conseguiremos pagar. Qualquer governo que tentasse cobrar essa quantidade de impostos necessária para quitar essa dívida causaria uma revolução.
- Mas então, o que vai acontecer?
- Se nós perdermos a guerra, nossos credores, que são quase todos americanos, irão à falência. E se ganharmos, vamos obrigar os alemães a pagar. O termo que eles usam é “reparação”.
- E como eles vão conseguir esse dinheiro?
- Passando fome. Mas ninguém liga para o que acontece com os perdedores. Além do mais, os alemães fizeram a mesma coisa com os franceses em 1871 -  está vendo por que não podemos fazer um acordo de paz com os alemães? Quem iria pagar a conta?
Enfim, recomendo demais esse livro e não vejo a hora de ler o próximo, Inverno do Mundo.

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