Nesse meu 13º dia de viagem, acordei às
6hs, tomei um banho, arrumei tudo e antes das 7hs saí do hotel em direção à
rodoviária. Para a minha sorte, ao contrário do aeroporto que ficava do outro
lado do mundo, a rodoviária de Split estava a poucos metros do hotel, coisa de
10 minutos andando em direção à marina. Nesse momento, vou dar um spoiler de
uma situação que me trouxe um certo perrengue no fim da viagem: notei que minha
mala estava rachada na região próxima a uma das rodinhas. Guardem essa
informação!
Como estava cedo, consegui comer um
croissant, usar o banheiro e comprar um sanduiche para mais tarde, afinal, a
previsão era de 4hs até Dubrovnik, meu destino mais ao sul ainda na Costa da
Dalmátia. Apenas a título de curiosidade, são apenas 230km entre essas cidades,
mas vocês sabem que o trânsito, as estradas e tudo o mais não ajudam muito no
trajeto.
Bem, cheguei em Dubrovnik em torno de
14hs e estava fazendo um calor do cão! Vou falar uma coisa: quase todas as
cidades em que eu estive nos Balcãs eram muito quentes, mas como Dubrovnik e
Mostar (próximos posts), eu acho que nunca vi nada parecido. É aquele tipo de
calor que no meio do dia você simplesmente senta numa escada com sombra pra
descansar porque o corpo não nos obedece mais.
O hotel se mostrou bastante
aconchegante, num local silencioso, com uma cozinha comunitária, mas... como
nem tudo são flores, ele ficava bem longe da cidade antiga. No site estava
escrito que dava para fazer o percurso a pé, mas você vai andar algo em torno
de 40 minutos, pegar uma porção de ladeiras e ainda enfrentar altas
temperaturas. Portanto, logo no primeiro dia aprendi que seria a melhor amiga
do Uber naquela cidade. E foi o que eu fiz logo que larguei as coisas no
quarto...
... e quando avistei as primeiras
muralhas ainda de dentro do carro, meu queixo caiu! A vista da old city e do
mar é algo absolutamente impressionante. A título de curiosidade, Dubrovnik
serviu de cenário para King´s Landing em Game of Thrones. Hoje, ela é um dos
destinos turísticos mais concorridos do Adriático, conhecido como Atenas
Eslava. E claro, como não poderia deixar de ser, é Patrimônio Mundial da Unesco
desde 1979.
Como teria 1 dia e meio para explorar a
cidade e lá tem uma porção de coisas a serem vistas, já tratei de ir me
mexendo. A primeira providência foi trocar o Dubrovnik Card, que eu já havia
comprado no Brasil, e que dá direito à maioria das atrações na cidade,
incluindo as próprias muralhas. Devo dizer que vale muito a pena porque o combo
sai muito mais em conta do que se você for pagar a parte por cada museu. E a
verdade é que eu acabei vendo coisas muito interessantes que, provavelmente,
não teria visto se não estivesse com o card.
E de posse do Dubrovnik Card, segui em
direção à primeira atração, que fica do lado de fora do portão que dá acesso à
old city: Fort Lovrijenac. Como o próprio nome já diz, trata-se de uma
fortaleza que fica a 37m do nível do mar (sim, prepare os pulmões para uma
grande escadaria), e serviu como escudo contra o domínio veneziano na região lá
pelo século XI. O forte em si é bastante interessante, mas acho que nada se
compara à vista de lá de cima: absolutamente impressionante!!!
De lá, entrei na old city – sério,
parece que você está naquelas pontes levadiças dos filmes medievais, é incrível
– e, à minha esquerda, estava o Monastério Franciscano, construído em 1360 e
que compreende a igreja, uma biblioteca, uma farmácia e o mosteiro em si. Esse
eu vou ficar devendo imagens porque apenas é permitido tirar fotos na parte do
pátio. Mas devo dizer que é tudo lindíssimo. Na parte interna, funciona uma
espécie de museu, que esconde uma das farmácias mais antigas da Europa – é
incrível!!!! E do outro lado há uma farmácia moderna que vende remédios,
cosméticos e afins, mas conserva toda uma estrutura super antiga e também comercializa poções e cremes inspirados em receitas antigas, tudo natural. É
bem legal.
Na biblioteca, há diversos ornamentos
religiosos, relíquias, muitos livros raros e algumas pinturas de antigos
mestres. É tudo bem interessante, mas o que mais me chamou a atenção foram
buracos de bala e outros armamentos esculpidos nas paredes do local, fruto da
Guerra dos Balcãs, iniciada em 1991. Acho que esse foi meu primeiro contato
real com essa guerra que, com certeza, acabou aparecendo mais quando cheguei na
Bósnia.
Saindo do mosteiro, como já havia visto
duas das principais atrações da cidade, parti para desbravar Dubrovnik, com um
pouco mais de calma. E vou falar uma coisa: que cidade linda!!!!! E cheia de
igrejas também. Há uma espécie de avenida principal na old city, apinhada de
lojinhas e, em cada um dos seus lados, uma porção de vielinhas com restaurantes
e montes de coisas para serem vistas e exploradas. Me deparei com a Saint
Blaise Church (Igreja São Brás) que é uma das mais lindas que já vi. Ela é
barroca e foi construída em 1715 por um arquiteto e escultor veneziano sobre
os restos da igreja medieval originalmente erigida, que foi
gravemente danificada por terremotos e incêndios.
De lá, fui passando para outras igrejas,
mas eu simplesmente não consigo me recordar do nome de todas elas nem
identificar qual é qual nas fotos tiradas. Quase em frente à St Blaise, há o
Sponza Palace, onde estava rolando uma exposição sobre a Guerra dos Balcãs. A
exposição em si não tem nada de mais e o local é pequeno e sem muito o que ser
visto. Mas estava incluso no Dubrovnik Card, então...
Mas de lá, segui para o Cultural
History Museum e, esse sim valeu muito a pena e recomendo muitíssimo. Trata-se
de um prédio lindíssimo, com um páteo imenso no meio, cheio de exposições
interessantes, distribuídas entre o térreo, o mezanino e o primeiro andar. Lá,
é possível encontrar uma prisão, uma sala de tribunal, um escritório de
escribas, estátuas, quadros, mobiliário, coleção de moedas, selos, de relógios
e até de armas. Por lá, funcionava o palácio do reitor e é possível ter uma
idéia do dia a dia dos trabalhos na época.
Bem, como vocês podem ver, ainda que eu
tenha chegado na cidade por volta das 14hs e o hotel não ficasse exatamente
perto da old city, o dia rendeu horrores! No restante do meu tempo, segui
flanando pela cidade, explorando cada cantinho e procurando um pouco de sombra,
porque o calor estava terrível. Jantei um cheese burger com batatas, porque, a
essas alturas, estava com saudades de junkie food, e tomei um sorvete bem gordo
e delicioso de sobremesa. No próximo post, vou contar a minha experiência nas
muralhas e o que mais consegui visitar nessa cidade tão incrível.
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