Nosso
primeiro dia em Hanói com uma programação real a ser cumprida, começou um pouco
falho, uma vez que estava chovendo. Foi o primeiro dia da viagem que o tempo
atrapalhou, mas a gente não estava disposto a deixar de aproveitar a cidade por
conta desse detalhe. Então, o que fizemos foi remanejar os passeios, para que
visitássemos locais fechados. Nossa primeira parada, portanto, seria o Museu da
Guerra, que ficava a apenas algumas quadras – e ruas com trânsitos caóticos -
do nosso hotel.
Não sabíamos muito o que esperar daquele museu, porque,
honestamente, eu pelo menos, não havia lido muito sobre. Mas logo de cara, se
mostrou uma agradável surpresa e me impressionou muito pelo tamanho. Antes
mesmo de entrarmos no complexo formado por diversos prédios, nos deparamos com
tanques, aviões e algumas tralhas oriundas da Guerra do Vietnã. Já na entrada,
no entanto, notamos que a idéia não era a criação de um museu exclusivo desta
guerra, mas sim, de todas as que o país havia se envolvido até então.
E foram muitas! Por estar num lugar bem estratégico, ao longo
dos séculos o Vietnã sofreu diversas invasões. Mas logo de cara, notamos que a
intenção do governo hoje é enaltecer a soberania do país, de modo que, sendo
verdade ou não, nós turistas descobrimos que a nação foi vitoriosa em todos os
conflitos em que se envolveu. Há maquetes, quadros e muita instrução sobre a história
vietnamita, o que eu achei bem interessante.
Mas a verdade é que, tirando o histórico de campanhas de guerras
do Vietnã trazido nesse primeiro prédio, todos os outros são dedicados à guerra
mais famosa, talvez por ser tão recente, ter sido tão sangrenta e também pela
quantidade de material disponível. Nós, ocidentais, temos que foi uma guerra
dos EUA contra o Vietnã do norte, no intuito de combater a expansão comunista
na área. Mas lá no local, a gente verificou que a guerra no país começou muito antes,
com a tentativa de expulsão dos franceses do território e, apenas após, ela
passou a ser investida contra os EUA. Portanto, o Vietnã ficou em guerra por
muitas décadas!
Desse museu incrível, onde permanecemos por muitas horas,
seguimos para a região do French Quarter, mais perto do Lago Hoan Kiem – onde
nos perdemos novamente! -, e fomos parar na St. Joseph Catedral para algumas
fotos diurnas, já que na primeira vez que a vimos, estava de noite. Depois de
algumas fotos e comprinhas de cerâmicas em lojas nos arredores, seguimos para o
segundo destino fechado, uma vez que ainda chovia: Prisão Hòa Lo.
E fomos submetidos a mais um pouco de história! Aquele lugar,
hoje bem pequeno e localizado praticamente no meio da cidade, era uma vila de
camponeses, que foi destruída pelos franceses no final do século XIX (sempre
muito fofos!) e transformada em prisão. De início, ela abrigava insurgentes
contra o regime, pessoas que simplesmente não se conformavam com a ocupação
francesa no país – homens e mulheres. Mais tarde, ela passou a receber
comunistas.
E o lugar era terrível e tem uma energia muito pesada. As celas
são muito pequenas, as pessoas eram presas por meio de grilhões e, muitas
vezes, submetidas a torturas e até mortas. Há uma guilhotina imensa no meio de uma
das salas, bem como fotos mostrando como eram tratados os prisioneiros naquele
lugar.
Saindo de lá, passamos numa farmácia horrorosa para comprar
remédio de gripe para a minha cunhada – onde passamos por uma experiência em
”mimiquês“ maravilhosa -, e seguimos para procurar um lugar para almoçar,
porque já passava das 14hs. Acabamos entrando num lugar bonitinho do lado
oposto do Lago Hoan Kiem, na própria avenida, onde comemos spring rolls e pho.
Estava péssimo, mas o lugar era quentinho, estava nos protegendo do frio, e
naquela hora do dia, eu só precisava me alimentar!
As construções fechadas abrigam material garimpado de escavações
arqueológicas - que estão a pleno vapor -, e contam muito da história antiga da
cidade e do próprio país. O espaço aberto também é muito bonito, abrigando
jardins, passagens, lagos e muita arte.
Já muito cansados, com frio e molhados, voltamos para a região
do hotel, onde relaxamos – se é que é possível relaxar em Hanói -, comendo Banh
Mi e tomando uma cervejinha no mesmo lugar do dia anterior. Foi
interessante, porque naquele momento, tivemos a oportunidade de observar um
pouco os costumes locais.
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