terça-feira, 30 de junho de 2020

LEITURAS DO MÊS - JUNHO/2020

Bem, acho que deu para notar que junho - mais um mês de quarentena - foi um mês bastante proveitoso no quesito leituras.


- O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei - J.R.R. Tolkien (releitura)
- A Sombra do Vento - Carlos Ruiz Zafon (releitura)
- O Sol Mais Brilhante - Adrienne Benson
- Minha Adorável Esposa - Samantha Downing
- Todos os Nossos Ontens - Natalia Ginzburg
- Festa no Covil - Juan Pablo Villalobos (Kindle)
- O Jogo do Anjo - Carlos Ruiz Zafon

domingo, 28 de junho de 2020

VIZZELA MÁSCARA INCOLOR - REVIEW


A Vizzela é uma marca de maquiagens nacional, creio que relativamente nova, mas que vem com uma proposta muito interessante: produtos veganos e cruelty free, todos dermatologicamente e oftalmologicamente testados e com embalagens recicláveis. Eu acho que só por isso, a marca merece uma atenção especial.

Eles não têm uma gama enorme de produtos. Para os olhos, por exemplo, eles oferecem apenas máscaras de cílios, não há sombras ou lápis. Mas há bastante opção para os lábios e também para a pele, as embalagens são bem bonitinhas e clean e os preços são honestos.

Acabei consumindo a máscara de cílios incolor do post de hoje não com a idéia de usá-la nos cílios propriamente ditos, mas sim, na sobrancelha, para que elas fiquem quietinhas no lugar o dia todo. Eu não faço as minhas sobrancelhas, elas são meio rebeldes e falhas e, honestamente, não to nem aí. Mas gosto que elas fiquem no lugar e não tenho a menor vontade de gastar rios de dinheiro num produto da Benefit, por exemplo, que sequer tenho certeza de que vai funcionar.

E eu vi uma resenha em algum vídeo do Youtube (não me lembro agora), mostrando que esse produto poderia ser eficiente para as sobrancelhas. Paguei R$ 25,80 + R$ 9,00 de frete e ele chegou em apenas 3 dias. A embalagem é uma graça: incolor e transparente com a tampa verde água. Vem com 5g de produto, um aplicado mediano e promete cílios definidos e organizados, mas diz que também pode ser usada nas sobrancelhas.
Eu fiz o teste primeiro com as sobrancelhas porque era a idéia principal. E posso falar? O produto penteia os pelos, organiza, mas ele é estranho porque não endurece. Ele seca, mas não endurece. Então, a real é que os pelos voltam pro exato mesmo lugar onde eles estavam com o passar do dia. Ou seja: fail!!!

Depois, fui fazer o teste nos cílios, já que era a proposta original do produto. Os meus são bem  retos e chatos de ficarem no lugar. Eu usei até um curvex pra ver se conseguia dar um up, mas a real é que parecia que eu não estava passando nada nas pestanas. Não fez qualquer diferença na minha vida!!!! Resumindo: não funcionou pra mim.

quinta-feira, 25 de junho de 2020

LIVRO – A TERCEIRA VIDA DE GRANGE COPELAND


Esse foi o livro da TAG Curadoria que chegou em minhas mãos no mês de maio. É a obra de estreia da autora Alice Walker, que tem em seu currículo o clássico A Cor Púrpura, que está na minha wishlist de leituras há tempos.
Apenas para situar o contexto histórico em que viveu a autora e baseado no qual seus livros foram escritos, ela era uma norte americana negra, nascida na parte rural do sul dos EUA numa família numerosa e seus pais ganhavam seu sustento por intermédio de parceria rural que, segundo estudei, em nada diferia da escravidão. Ela foi a única filha a frequentar uma escola, mas foi uma bala de chumbo que lhe tirou a visão de um dos olhos ainda na infância que lhe conferiu um estado de certa reclusão, no qual ela se apegou aos livros.
Já adulta, ela participou das lutas dos negros pelos direitos civis, fez faculdade em Nova York e um intercâmbio em Uganda. Casou-se com um judeu, experimentando um casamento interracial num momento político tão difícil, teve uma filha e tornou-se escritora.
Muito bem. Claro que, uma ativista que viveu um período tão rico e conturbado da história da luta dos negros nos EUA, só poderia trazer em sua escrita essa realidade. Grange Copeland é um agricultor negro na Geórgia. Possui esposa e um filho chamado Brownfield e trabalha de sol a sol para um branco, do qual recebe um salário ínfimo que não lhe dá condições de oferecer o mínimo de conforto para sua família.
“Pairando ao redor dos protagonistas está o racismo, tema que percorrerá toda narrativa. Grange, inconformado com sua situação de miséria, converte sua insatisfação em ódio contra qualquer homem branco. (...) O tempo passa e, como dito, as tensões familiares dos Copeland deixam um rastro de traumas. Entre mortes, abandonos e procuras, Brownfield herda de Grange o ódio à população branca, assim como o espírito auto-destrutivo.”
O problema é que toda essa raiva reprimida é descontada em bebidas e, consequentemente, em sua esposa, que é tratada como um lixo e recebe todo tipo de agressão por parte do marido, seja verbal, seja física. E o filho, além de desprezado, assiste calado a essa situação, reprimindo sentimentos perigosos.
O tempo passa e o que o leitor assiste é a transformação de Brownfield em um modelo piorado do pai. Sem estudo, sem perspectiva de vida, ele acaba se tornando agricultor, trabalhando para os brancos, casando-se e tendo filhos, tal qual Grange. E da mesma forma, toda raiva que sente se sua situação – a qual atribuiu à supremacia branca sobre a negra -, é descontada em bebida e em sua família.
É uma espécie de círculo vicioso, onde as gerações não evoluem e repetem exatamente as mesmas atitudes praticadas pelos pais, as quais eram reprovadas quando crianças. “Ao longo de três gerações, o leitor será exposto a questões que seguem conservadas temporalmente como racismo, machismo, violência doméstica, desigualdade  social e conflitos familiares.”
Abaixo, algumas passagens interessantes que ilustram o resumo.
“Browfield franziu o cenho. A mãe dele concordava com o pai sempre que possível . E, embora tivesse apenas dez anos, Browfield se perguntava por quê. Ele achava que a mãe era como o cachorro deles em alguns aspectos. Não havia absolutamente nada que ela dissesse que não demonstrasse submissão ao marido.”
“Ela queria deixa-los, mas não tinha para onde ir. Não tinha ninguém além de Josie, e Josie a desprezava. Escreveu para o pai, a quem nunca tinha visto, mas ele não se deu ao trabalho de responder à carta. Antes uma mulher roliça, agora era pele e osso. Para Browfield, Mem não lembrava em nada uma mulher. Até seus lindos seios haviam murchado e encolhido; os cabelos caíram e a única coisa boa que podia dizer de si mesma era que se mantinha limpa.”
“-Tá ouvindo, mulher? – Brownfield se virou e colocou os pés no chão com força – A gente vamos se mudar exatamente quando e pra onde eu disser que a gente vamos se mudar. Enquanto eu sustentar essa porra dessa família a gente vai para onde eu mandar. (...) – Eu posso num saber ler nem escrever, mas eu ainda sou o homem que veste as calças nessa família!”
“Ruth não conseguia entender a aversão que Grange sentia aos brancos. Mem a deixava brincar com crianças brancas e, agora, na casa do avô, havia umas maravilhosas, pensava Ruth, no fim da rua. Brincar com elas, porém, estava estritamente proibido. Pelo visto, aquelas crianças não eram, aos seis e sete anos, tão legais quanto pareciam.”
“(...) Eles são malvados. Eles são diabos com olhos azuis. Eles são seus inimigos naturais. Fique longe desses hipócrita, ou eles vai destruir você.”

domingo, 21 de junho de 2020

LÁPIS DELINEADOR COLORIDO TIE DAILUS VEGANO – ROXO E LARANJA - REVIEW

imagem divulgação da marca
Acho que foi na época do Carnaval que a Dailus fez o lançamento de uma linha de lápis de olhos coloridos. 6 cores ao todo e com o preço super convidativo de R$ 12,90 cada. Eu nunca tive nada da marca, mas esse produto bombou na internet e eu fiquei bastante surpresa com a pigmentação e a qualidade – pelo menos pareciam bem bons. E por isso, resolvi comprar dois para experimentar.

O diferencial desses lápis para outros que temos no mercado, primeiro, são as cores. Todas bem vibrantes e coloridas, em tons que eu nunca tinha visto por aí. Arrematei o roxo e o laranja, mas confesso que fiquei com muita vontade de ter também o verde e o azul, porque são tons muito diferentes do que eu tenho – e olha que eu tenho lápis pra caramba – e eu nunca tinha visto essas cores em lápis nacionais.

Outros dois aspectos que chamaram muito a minha atenção foi a pigmentação que é um absurdo e a maciez desse produto. Eles deslizam muito bem na pálpebra, são super confortáveis e por serem mega macios, são fáceis de esfumar. Se quiser, dá para fazer um delineado gráfico; mas se tiver em outra vibe, dá também para usar esse produto esfumado na pálpebra, como se fosse sombra.
imagem divulgação da marca
Por fim, devo dizer que eles são veganos! Não é muito amor? De acordo com a marca, os lápis são apontáveis, estão disponíveis em 6 cores vibrantes, a fórmula é livre de parabenos, são à prova d´água e podem ser usados tanto nos olhos quanto nos lábios.


Eu achei essa questão de poder usar nos lábios muito interessante porque o lápis laranja vai ficar incrível como contorno de boca para o Morange da MAC e o roxo, que na verdade é um magenta, vai ficar ótimo com o South Beach Lily dO Boticário. Eu amo produtos versáteis e acho que a Dailus acertou muito nesses lançamentos. 

terça-feira, 16 de junho de 2020

LIVRO - AS ESPIÃS DO DIA D

Mês passado eu li Queda de Gigantes, que é o primeiro livro de uma trilogia conhecida como O Século, escrita por Ken Follett. Tamanho foi meu apego pelo livro, que acabei acrescentando na minha wish list da Amazon todos os título escritos pelo autor. Mas, em determinado momento, quando colocada As Espiãs do Dia D na lista, notei que a capa não me era estranha. E sabem por que?  Porque eu já tinha comprado esse livro e ele estava na minha prateleira aguardando uma oportunidade na minha agenda!
Claro que o coloquei na frente de todos os outros e iniciei sua leitura no início do mês de maio. As Espiãs do Dia D não faz parte de nenhuma série, mas tal qual os demais títulos escritos por Ken Follett, trata-se de um romance histórico onde personagens fictícios se misturam a personagens verídicos e fatos reais. Esse livro, especificamente, é ambientado na França e na Inglaterra durante o período da Segunda Guerra Mundial e, segundo o autor, é baseado numa história verídica.
Ele vai nos mostrar como se davam os atos da Resistência Francesa e o papel das espiãs, que tiveram atuação fundamental na vitória dos aliados durante a guerra. Eu já li um livro a respeito, A rede de Alice da autora Kate Quinn, que trata exatamente da mesma questão e é um dos meus livros favoritos!

Muito bem. Com vistas ao sucesso da operação conhecida como Dia D (quando os aliados desembarcaram na França e deram início a derrocada dos nazistas), era fundamental que a central de comunicações alemã situada na cidade de Reims na França fosse destruída. Ocorre que toda a estrutura de telefonia ficava alocada no chamado “castelo”, local tomado pelos nazistas e com segurança altamente reforçada. Ou seja, uma invasão era praticamente impossível.
Mas, a britânica Felicity Clairet mostrou que, com um pouco de coragem, ousadia e com as pessoas certas, a operação poderia ser realizada. Seu plano englobava apenas agentes femininas, as quais, disfarçadas de faxineiras, entrariam na fortaleza alemã, explodiriam os cabos telefônicos e concluiriam a missão. Para tanto, fazia-se necessário o recrutamento de mais 5 mulheres – porque 6 era o número de faxineiras que ingressava por turno no castelo – e que duas delas fossem especialistas, uma em explosivos e a outra em telefonia.
E parte do livro vai tratar exatamente desse recrutamento e das dificuldades apresentadas, pois o espaço de tempo era bastante curto e as convocada não eram das melhores; e parte vai nos levar à ação em si. A história é bem emocionante, repleta de reviravoltas e MUITA AÇÃO.

“Cinquenta mulheres inglesas foram enviadas à França como agentes secretas durante a Segunda Guerra Mundial. Trinta e seis sobreviveram. As outras catorze deram suas vidas.”


sábado, 13 de junho de 2020

VIAJAR...

Dia desses eu recebi um e-mail que achei muito interessante. Era sobre viagem e ele só trazia verdades. No meu caso, e acho que é o caso de muito amante de trips, eu passo o ano todo planejando e economizando para juntar dinheiro e conseguir fazer uma única viagem. São 20 dias por ano que me trazem uma satisfação imensa, mas é inegável que é um sacrifício enorme por tão pouco tempo.

E esse e-mail falava que toda viagem é uma extravagância, você tendo ou não condições financeiras. Isso porque, durante aquele período, você vive numa condição que vai muito além de suas posses. O que se paga por um hotel, por exemplo, não poderia ser pago na vida real por um aluguel. O que se gasta em refeições nas viagens, daria para fazer uma série de supermercados no dia a dia. E o preço das passagens aéreas então... eles sugerem calcular o valor/hora que passamos dentro de um avião e se segurar para não tomar um tombo!!!

E o e-mail termina com a frase: “E ainda assim, viajamos!”. E é verdade!!! Li esse e-mail diversas vezes, sei que é verdade, ainda mais nos dias de hoje diante de tanta incerteza e com o Dólar e o Euro nas alturas. Mas viajar me proporciona um prazer tão grande...!!! É uma fuga à realidade que eu proporciono a mim mesma uma vez por ano – esse ano não deu! – e é maravilhoso.

“Tanto sacrifício tem uma recompensa garantida: pouco a pouco você vai se tornando uma pessoa mais 'viajada'. E não existe nenhum adjetivo mas charmoso, nenhuma qualidade tão sem contra-idicações quanto ser 'viajado'. Ser viajado é mais simpático do que ser 'culto', mais interessante do que ser 'inteligente' e quase tão bacana quanto ser 'rico'." (Ricardo Freire, "Viaje na Viagem - Auto-ajuda para turistas")

Quando eu era pequena, minha família ia para a Disney quase todo ano e todo ano meus pais falavam “ano que vem a gente não vai viajar, vamos reformar a casa.” Isso nunca aconteceu, e quando chegamos ao ponto de que a casa estava caindo aos pedaços, vendemos e fomos para outro lugar, rs!!!


quinta-feira, 11 de junho de 2020

REVLON PHOTOREADY BB CREAM - 030 MEDIUM - REVIEW


Certo dia estava na farmácia e me deparei com um corner cheio de produtos da Revlon com 50% de desconto. A razão era aquela de sempre: próximo ao vencimento. O que eu acho curioso é que as empresas só resolvem desovar esse tipo de produto quando ele vai vencer dali a 1, no máximo 2 meses e é absolutamente impossível dar cabo de uma base ou mesmo de um batom nesse curto período de tempo. Mas, como a minha vontade de testar esse BB Cream era grande e ele estava saindo por R$ 24,90, trouxe para casa comigo.

A embalagem conta com 30ml de produto e vencimento para março/2020. A verdade é que pretendo continuar usando o BB Cream até que a textura ou o cheiro mudem, como sempre faço. A marca promete suavidade, hidratação e cobertura como de uma base. Diz que é capaz de disfarçar imperfeições e a Tecnologia Photoready traz pigmentos fotocromáticos que deixam a pele radiante. Indicado para todos os tipos de pele, ainda conta com FPS 30.

Está disponível em apenas 3 cores: Light, Light Medium e Medium. A minha, muito provavelmente, seria a intermediária, mas a verdade é que a janelinha do produto não possibilita ver exatamente qual a sua cor e eu acabei trazendo para casa a cor Medium, que é a mais escura – e era a única disponível. Não vou ficar aqui discutindo sobre o absurdo de uma marca lançar apenas 3 cores de produto para a pele e de a mais escura ser ultra clara... isso é discussão antiga e eu não tenho muita esperança de que se resolva.
No mais, devo dizer que, obviamente, a cor do produto acabou influenciando na minha opinião. Isso porque, como ficou bem escuro para mim, tenho de misturá-lo com uma base ou um BB Cream mais claros, para chegar na cor correta. Do produto em si, achei que ele tem uma consistência bem aquosa e esquisita. É como se ele fosse feito de óleo e toda vez que eu vou usá-lo, tenho que ficar chacoalhando para que os ingredientes se fundam. Sabe esmalte quando fica muito tempo parado e acaba decantando? Mesma coisa.

Não sei se curti essa parte. A cobertura dele é BEM leve. Eu não gosto de produto com muita cobertura para o dia a dia, portanto, não me incomodou. Mas, uma vez que a Revlon diz que se assemelha a uma base, acho que tinha que entregar esse acabamento. E não entrega.
Outra coisa que eu notei e não curti é que ele contribui horrores para o aumento da oleosidade na minha pele. Claro que ele não promete ser matte nem nada, mas a marca diz que é indicado para todos os tipos de pele. Discordo. Nem tenho a pele tão oleosa assim e no final do dia, ela fica um óleo só. Não dá para usar esse produto no verão, apesar de que essa era a idéia, justamente porque ele vencerá logo mais e porque estarei com o corpo mais queimado.

Em resumo, achei que a compra valeu pela experiência, mas os R$ 24,90 acabaram saindo bem caro!

quarta-feira, 3 de junho de 2020

DIVAGAÇÕES

Estamos vivendo um momento absolutamente desafiador a qualquer pessoa que tenha um mínimo de sensibilidade: pandemia, informações desconexas, manifestações, criminalidade, notícias aterradoras vindas da política e da economia. Para quem não me conhece, sou feminista, antifascista e completamente contrária a qualquer tipo de opressão, seja ela moral ou física. Dito isso, acho que deu para notar que estou com os nervos a flor da pele!!

Mas minha intenção não é vir até aqui escrever algum tipo de manifesto ou um texto em defesa às minhas idéias – isso daria um tratado. Mas sim, compartilhar alguns trechos de livros que estou lendo no momento (os dois são mais do que ótimos, btw) que, de uma forma absurdamente impressionante, corroboram com minhas idéias e poderiam ter sido escritos hoje, após as notícias trazidas na hora do almoço.

O primeiro deles foi extraído do maravilhoso e impagável Festa no Covil de Juan Pablo Villalobos:

“Em “El Rey”, eu gosto daquela parte que diz que não tenho trono, rainha, nem regente, nem ninguém que me sustente, mas continuo sendo o rei. Ela explica muito bem as coisas que você precisa pra ser rei: ter um trono, uma rainha e alguém que te sustente. E se quando você canta a música não tem nada disso, nem sequer dinheiro, mesmo assim você é rei, porque sua palavra é a lei. É que a música na verdade trata de ser macho. Às vezes os machos não têm medo, e por isso são machos. Mas às vezes os machos não têm nada e continuam sendo reis, porque são machos.”

Será que a carapuça serviu a alguém?

E o segundo trecho foi extraído de outro livro maravilhoso que estou tendo a oportunidade de ler nesse mês. Na verdade é uma releitura e o livro é A Sombra do Vento, do espanhol Carlos Ruiz Zafón:

“- Malvadas não – observou Fermín – Imbecis, o que não é a mesma coisa. O mal pressupõe uma determinação moral, intenção e certa inteligência. O imbecil ou selvagem não pára para pensar ou raciocinar. Age por instinto, como besta no estábulo, convencido de que está fazendo o bem, de que sempre tem razão e orgulho de sair fodendo, desculpe, tudo aquilo que lhe parece diferente dele próprio, seja em relação à cor, credo, idioma, nacionalidade ou, como no caso de dom Federico, polos hábitos que tem nos momentos de ócio. O que falta no mundo é mais gente ruim de verdade e menos espertalhões limítrofes.

(...)

- É como a maré, sabe? – dizia, fora de si – Estou falando da barbárie. Ela vai embora e a gente pensa que está a salvo, mas ela volta sempre, sempre... e nos afoga. Eu vejo isso todo dia no instituto. Deus do céu! Macacos, é isso que chega às aulas. Eu lhe garanto que Darwin era um sonhador. Nada de evolução nem de criança morta. Para cada um que raciocina, tenho que lidar com nove orangotangos.”