quarta-feira, 3 de junho de 2020

DIVAGAÇÕES

Estamos vivendo um momento absolutamente desafiador a qualquer pessoa que tenha um mínimo de sensibilidade: pandemia, informações desconexas, manifestações, criminalidade, notícias aterradoras vindas da política e da economia. Para quem não me conhece, sou feminista, antifascista e completamente contrária a qualquer tipo de opressão, seja ela moral ou física. Dito isso, acho que deu para notar que estou com os nervos a flor da pele!!

Mas minha intenção não é vir até aqui escrever algum tipo de manifesto ou um texto em defesa às minhas idéias – isso daria um tratado. Mas sim, compartilhar alguns trechos de livros que estou lendo no momento (os dois são mais do que ótimos, btw) que, de uma forma absurdamente impressionante, corroboram com minhas idéias e poderiam ter sido escritos hoje, após as notícias trazidas na hora do almoço.

O primeiro deles foi extraído do maravilhoso e impagável Festa no Covil de Juan Pablo Villalobos:

“Em “El Rey”, eu gosto daquela parte que diz que não tenho trono, rainha, nem regente, nem ninguém que me sustente, mas continuo sendo o rei. Ela explica muito bem as coisas que você precisa pra ser rei: ter um trono, uma rainha e alguém que te sustente. E se quando você canta a música não tem nada disso, nem sequer dinheiro, mesmo assim você é rei, porque sua palavra é a lei. É que a música na verdade trata de ser macho. Às vezes os machos não têm medo, e por isso são machos. Mas às vezes os machos não têm nada e continuam sendo reis, porque são machos.”

Será que a carapuça serviu a alguém?

E o segundo trecho foi extraído de outro livro maravilhoso que estou tendo a oportunidade de ler nesse mês. Na verdade é uma releitura e o livro é A Sombra do Vento, do espanhol Carlos Ruiz Zafón:

“- Malvadas não – observou Fermín – Imbecis, o que não é a mesma coisa. O mal pressupõe uma determinação moral, intenção e certa inteligência. O imbecil ou selvagem não pára para pensar ou raciocinar. Age por instinto, como besta no estábulo, convencido de que está fazendo o bem, de que sempre tem razão e orgulho de sair fodendo, desculpe, tudo aquilo que lhe parece diferente dele próprio, seja em relação à cor, credo, idioma, nacionalidade ou, como no caso de dom Federico, polos hábitos que tem nos momentos de ócio. O que falta no mundo é mais gente ruim de verdade e menos espertalhões limítrofes.

(...)

- É como a maré, sabe? – dizia, fora de si – Estou falando da barbárie. Ela vai embora e a gente pensa que está a salvo, mas ela volta sempre, sempre... e nos afoga. Eu vejo isso todo dia no instituto. Deus do céu! Macacos, é isso que chega às aulas. Eu lhe garanto que Darwin era um sonhador. Nada de evolução nem de criança morta. Para cada um que raciocina, tenho que lidar com nove orangotangos.”


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