Estamos
vivendo um momento absolutamente desafiador a qualquer pessoa que tenha um
mínimo de sensibilidade: pandemia, informações desconexas, manifestações,
criminalidade, notícias aterradoras vindas da política e da economia. Para quem
não me conhece, sou feminista, antifascista e completamente contrária a qualquer
tipo de opressão, seja ela moral ou física. Dito isso, acho que deu para notar
que estou com os nervos a flor da pele!!
Mas minha
intenção não é vir até aqui escrever algum tipo de manifesto ou um texto em
defesa às minhas idéias – isso daria um tratado. Mas sim, compartilhar alguns
trechos de livros que estou lendo no momento (os dois são mais do que ótimos,
btw) que, de uma forma absurdamente impressionante, corroboram com minhas
idéias e poderiam ter sido escritos hoje, após as notícias trazidas na hora do
almoço.
O primeiro
deles foi extraído do maravilhoso e impagável Festa no Covil de Juan Pablo
Villalobos:
“Em “El Rey”, eu gosto
daquela parte que diz que não tenho
trono, rainha, nem regente, nem
ninguém que me sustente, mas continuo sendo o rei.
Ela explica muito bem as coisas que você precisa
pra ser rei: ter um trono, uma
rainha e alguém que
te sustente. E se quando
você canta a música não
tem nada disso, nem sequer
dinheiro, mesmo assim você é rei, porque sua palavra
é a lei. É que a música na verdade trata de ser macho. Às vezes
os machos não têm
medo, e por isso são machos.
Mas às vezes os machos não têm
nada e continuam sendo reis, porque são machos.”
Será
que a carapuça serviu a alguém?
E o
segundo trecho foi extraído de outro livro maravilhoso que estou tendo a
oportunidade de ler nesse mês. Na verdade é uma releitura e o livro é A Sombra
do Vento, do espanhol Carlos Ruiz Zafón:
“- Malvadas não – observou Fermín – Imbecis, o que não é a
mesma coisa. O mal pressupõe uma
determinação moral, intenção e certa inteligência. O imbecil ou selvagem não
pára para pensar ou raciocinar. Age por instinto, como besta no estábulo,
convencido de que está fazendo o bem, de que sempre tem razão e orgulho de sair
fodendo, desculpe, tudo aquilo que lhe parece diferente dele próprio, seja em
relação à cor, credo, idioma, nacionalidade ou, como no caso de dom Federico, polos
hábitos que tem nos momentos de ócio. O que falta no mundo é mais gente ruim de
verdade e menos espertalhões limítrofes.
(...)
- É como a maré, sabe? – dizia, fora de si – Estou falando da barbárie. Ela vai embora e
a gente pensa que está a salvo, mas ela volta sempre, sempre... e nos afoga.
Eu vejo isso todo dia no instituto. Deus do céu! Macacos, é isso que chega às
aulas. Eu lhe garanto que Darwin era um sonhador. Nada de evolução nem de
criança morta. Para cada um que raciocina, tenho que lidar com nove
orangotangos.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário