quinta-feira, 16 de agosto de 2018

LIVRO - TAG JULHO - AS ÚLTIMAS TESTEMUNHAS

O que falar desse livro... pqp!!! A primeira vez que li Svetlana foi Vozes de Tchernobyl e eu fiquei em absoluto choque com o que li. Foi como se eu estivesse descobrindo um novo acidente nuclear, um cenário que eu não conhecia. Claro, porque eu sabia que havia acontecido um acidente na década de 80 lá na Ucrânia – na verdade eu soube que foi na Bielorussia -, sabia que muita gente tinha morrido, que os danos eram imensos, mas a gente só sabe meia verdade, aquilo que permitem que saibamos. É preciso ouvir relatos de pessoas que presenciaram de alguma forma a tragédia para que a verdade completa venha a tona e o mundo possa compreender de fato o que aconteceu, qual a dimensão dos horrores e os responsáveis a tanto.

E Svetlana faz isso com maestria. Ela entrevista pessoas que estiveram envolvidas nos fatos e traz os relatos para nós, para que possamos, através de tais vivências, tirar nossas próprias conclusões sobre os fatos. E claro, o resultado disso é um soco no estômago, é uma vontade imensa de chorar, de voltar no tempo, abraçar essas pessoas e também, de pensar um pouco sobre a humanidade, sobre as pessoas que praticam atrocidades, seja a mando de alguém ou não. Quem são essas pessoas? E, que momento se tornaram tão terríveis?
Eu sempre tive pra mim que grande parte dos soldados nazistas estava ali porque mandaram que estivesse, porque senão, consequências ruins seriam trazidas para si e para suas familias. E claro, esse era o caso de muita gente. Mas, em As Últimas testemunhas, lemos relatos de camponeses bielorrusos – crianças, todas elas -, sobre as atrocidades cometidas pelos nazistas. Porque a verdade é: se a ordem era matar, o que já é uma coisa horrorosa, mate e pronto! Mas não, eles faziam as pessoas sofrerem, metralhavam crianças na frente dos pais, atiravam em mulheres que choravam, arrastavam velhinhos pelas ruas, queimavam casas, soltavam cachorros para comerem crianças vivas.... é tanta crueldade, que eu começo a duvidar que existia algum tipo de humanidade nessas pessoas. Lavagem cerebral tem limite!
E, ao mesmo tempo, essas crianças nos contam como passaram fome – algumas estavam no cerco de Stalingrado e se viram comendo mato e terra -, outras (muitas), ficaram órfãs, não se lembravam mais de seus nomes, foram para orfanatos, campos de concentração, se viram na condição de cuidar de criancinhas de colo, de mendigar por um teto, casaco, comida. Era muita criança, todas camponesas. E o livro também fala sobre os partisans, famosos na Bielorrussia, formados pela milícia, uma facção particular com o objetivo de matar os nazistas, a resistência que ajudou muitos a escaparem e a encontrarem um abrigo.
O livro é incrível, mas ao mesmo tempo muito horrível. Essas crianças viram coisas tão horríveis, que a mairia não se recuperou. Uma delas diz que nunca se casou, que nunca conheceu o amor porque ela remete os homens a todas as figuras que lhe trouxeram algum tipo de desgraça naquele período. Gente, o trauma de uma criança fica para sempre! Um dos melhores livros já lidos. Tenho outro da Svetlana me esperando em casa, mas vou dar um tempo, ler coisas mais leves, porque senão, vou surtar!!! E depois de ter lido esse livro, fiquei com mais vontade de ler sobre a Segunda Guerra, o Cerco de Stalingrado e também sobre os partisans.

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