Que livro mais
lindo!!! Comecei a ler livros nigerianos, salvo engano pela TAG, com “As
Alegrias da Maternidade”. Até hoje, é um dos meus favoritos e, desde então,
comecei a explorar outros. Li outros 2 da Chimamanda e gostei de ambos e agora
estou lendo um livro moçambicano, do Mia Couto, que também está me dizendo
muito sobre a África. E acho que, após a leitura de “Fique Comigo”, posso dizer
que sou uma nova fã apaixonada pela literatura do continente!
O livro tem um “Q”
de As Alegrias da Maternidade e também um “Q” de Hibisco Roxo e vai explorar o
papel da mulher na sociedade predominantemente masculina. (yyyy) e XX são um
casal perfeito e apaixonado. Se conheceram na universidade e foi amor à
primeira vista. Seguindo os costumes de seu povo e com vistas a agradar seu
pai, YY casou-se virgem, mas passados muitos anos de matrimônio, ainda não lhe
foi concedida a bênção de ter filhos. Para o casal, tal questão não é
exatamente um problema, mas a família do marido pressiona demais,
principalmente pelo fato dele ser primogênito. As coisas começam a ficar ruins
quando Moomi, a mãe de XX, o obriga a ter uma segunda esposa. Essa questão vai
abalar o casamento de Y e X , que nunca será o mesmo.
Paralelamente a
isso, Dotum, o irmão mais novo de X passa a frequentar a casa do casal e, num
momento de loucura/fraqueza – é a impressão que temos a princípio -, ele e Y
acabam transando e desse ato, Y milagrosamente engravida. A memininha nasce e Y
é só amor e cuidados com aquela criança tão desejada. Só que, sem entender o
porquê, ainda bebê, a criança acaba morrendo. Nesse momento, o leitor descobre
que X pediu a Dotum que copulasse com sua esposa esporadicamente e quando esta
estivesse ovulando com o fim específico de que ela engravidasse. A princípio,
não sabemos a razão, mas as coisas parecem funcionar dessa forma. Y engravida
de novo e, desta vez, vem um menininho, Sesan.
Todavia, quando
Sesan ainda era pequeno, foi diagnosticado com anemia calciforme, que é uma
doença muito ruim, congênita e que na maioria dos casos leva à morte. E esse
foi o destino do menininho quando já tinha alguns anos de idade e após algumas
crises e visitas a hospitais. Após a perda de dois filhos tão desejados e cujos
cuidados não foram suficientes para salvá-los, Y se torna uma pessoa dura,
seca, de mal com a vida. E, ainda, descobre que Dotum a está procurando a mando
de seu marido que é.... impotente! X nunca teve uma ereção na vida e Y , a
princípio, nunca havia percebido nada de errado, afinal de contas, casou-se
virgem! E mesmo com toda dor da perda e com raiva do marido, Y engravida pela
terceira vez.
Nasce Rotimi, uma
menininha que, assim como seus irmãos, também é diagnosticada com anemia
calciforme. Só que, desta vez, Y opta por afastar-se da criança, pois não
aguenta mais apegar-se aos filhos e, após, sofrer por suas perdas. Quem cria
Rotimi é X e Y praticamente se mostra presente apenas para os cuidados básicos
e indispensáveis que uma mãe deve despender aos filhos. Em uma oportunidade,
inclusive, ela deixa a criança com o marido e vai viajar. X liga para a mulher
dizendo que Rotimi está em coma e passando mal e a única resposta que Y dá a
tal situação é: eu não vou voltar! Ou seja, ela sabia que a filha estava
morrendo e não queria encontrar-se mais uma vez com a triste dor da perda.
Os anos passam e
ela manteve-se o tempo todo afastada de seu marido, numa vida só sua e longe de
toda dor que um dia conheceu. Ela, então, recebe uma carta convite para
comparecimento no velório de seu sogro e resolve aceitá-lo, na condição de
esposa do primogênito. Chegando lá, para a sua surpresa, Rotimi está viva e é
uma linda garota que foi criada longe de sua mãe, mas não guarda qualquer
rancor ou ressentimento, ao contrário, é só amor com Y!! E Rotimi significa "Fique
Comigo"!
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