Esse livro tem um nome bastante curioso que, a
princípio, não me remeteu a nada. Mas, quando li o encarte encaminhado pela
TAG, que acompanha os títulos todos os meses, percebi que se tratava de uma
história absolutamente atual – infelizmente – e bastante pesada, que provavelmente
me faria refletir muito e me causaria angústia e repugnância. E não estava
errada.
Violet Rue é uma garotinha, a caçula de uma família irlandesa bastante numerosa que mora nos EUA, na região norte perto de Niagara Falls. O núcleo é patriarcal, sendo sua mãe uma mulher bastante sofredora e submissa e seu pai, o típico chefe de família que se faz respeitar por meio do temor. Sim, todos os filhos e até mesmo a esposa, têm pavor daquele homem, que pode ser bastante violento quando pretende impor sua vontade.
No mais, apesar do distanciamento entre pais e
filhos e do clima tenso que paira sobre aquela casa, existe uma regra que jamais poderá ser
quebrada: não importa as características de cada um, o que fazem ou como se
comportam, eles são uma unidade familiar e, portanto, cada um deverá defender o
próximo perante o mundo.
Pois bem. A questão é que dois dos irmãos de
Violet, os mais velhos, são pessoas absolutamente repugnantes que simplesmente ignoram
a existência de regras. São os durões. Na prática, é como se eles espelhassem o
comportamento e as atitudes perpetradas por seu próprio pai em casa, mas com
pessoas inocentes, fragilizadas.
E a coisa começa com um abuso sexual de uma
garota com deficiência mental quando ainda são adolescentes. O caso é encoberto
por seus pais, que contratam um advogado para livrar suas caras e assim eles se
safam. Mas o comportamento começa a ficar ainda mais abusivo e, em determinado
momento, eles acabam assassinando a pancadas um garoto negro e o caso vai parar
na polícia.
A família, mais uma vez tenta abafar o caso. E
Violet, no meio disso tudo, vive um dilema moral: ela sabe que seus irmãos
fizeram coisa errada, uma vez que os viu tentando encobrir provas, mas de um
lado, a regra na sua casa é a proteção dos membros da família e, de outro, a
igreja onde frequenta diz que a verdade deverá ser sempre dita. Claro que, pelo
título do livro, dá para imaginar qual caminho ela tomou e essa atitude cobrará
seu preço de uma garotinha que jamais viverá novamente a vida que tinha antes.
Spoiller
A partir desse momento, a história acaba ficando bem pesada, porque há uma clara inversão de valores. Não há dúvidas de que o feito mudou a vida da familia toda, incluindo a prisão dos filhos mais velhos, o afastamento dos amigos, etc. Mas, ao invés dos garotos serem responsabilizados por essa situação, a verdade é que os familiares culparão Violet pelo ocorrido. E o que vai acontecer é que a garota vai ser enviada para morar com uma tia distante e nunca mais terá contato com sua família.
Veja que além do pavor que ela tem dos irmãos e o medo de que eles possam ir atrás dela para se vingar, ela é isolada de tudo e de todos, excluída do convívio familiar e até mesmo de notícias daquele núcleo. E o que é mais horroroso é que ela era só uma garotinha de 12 anos, assustada com as coisas que estavam acontecendo em sua casa, que acabou relatando a uma professora, pessoa de sua confiança, que tinha medo de seus irmãos. E com esse simples ato de inocência, ela foi punida para todo o sempre.
E com tal fragilidade, ela acaba se envolvendo com os piores tipos, simplesmente porque eles, de alguma forma, expressaram afeto por ela, lhe deram atenção, coisa que não via desde os seus 12 anos. A história vai se prolongando até os quase 30 anos da protagonista e eu prometo a vocês: é sofridão até o fim!!!
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