sábado, 18 de abril de 2020

VIAGEM - DIA 19 - SARAJEVO - DIA 03 + RETORNO


Meu último dia inteiro em Sarajevo começou com muita emoção. Para quem não se lembra, em Split eu notei que a minha mala estava com uma rachadura pequena perto de uma das rodinhas, provavelmente causada pela delicadeza proporcionada pelas companhias aéreas. Mas nesta manhã em Sarajevo, notei que a pequena rachadura havia crescido bastante e já era possível ver o interior da mala. E como eu despacharia a bagagem no dia seguinte, achei arriscado voar desse jeito. Então, minha missão era achar silver tape ou, na pior das possibilidades, uma mala nova. 
catedral católica - mais uma visita
O problema é que era um domingo e eu não fazia idéia de onde encontrar essas coisas. O que eu fiz, então, foi seguir a programação normal, para não perder o dia. Comecei pela Ponte Latina, que ficava a poucos metros do meu hotel, a pé. Para quem não sabe, foi lá que Gavrilo Princip matou Franz Ferdinand, o herdeiro do trono austo-húngaro, e sua esposa Sofia, situação que culminou na Primeira Guerra Mundial. A ponte em si não é bonita, mas vale a pena só pelo poder histórico que ela guarda. 


De lá, segui o rio Milijacka em direção ao Museu Nacional, que seria uma espécie de ponto alto do meu dia. Não ficava exatamente perto do hotel, eu gastei quase 1 hora andando até lá, mas é uma reta só e, considerando-se que não há Uber em Sarajevo e os taxistas são meio picaretas, foi a escolha acertada.

O Museu Nacional da Bósnia e Herzegovina está localizado no centro da cidade e data de 1888. Da fotografia tirada do outro lado da rua, dá para ver que ele é imenso, mas eu fiquei um pouco surpresa com a falta de conservação na parte interna: muitas salas sem luz ou com luz piscando, muito pó, umidade e locais precisando de uma boa manutenção. Em outras palavras, ele simboliza o estado em que o país se encontra no momento. 

Dentro, ele é dividido em 3 partes. Na primeira delas, a maior de todas e a que mais me impressionou, encontramos um museu incrível cheio de peças antigas de cunho arqueológico. Muitas lápides, mosaicos, colunas, moedas, jóias... coisas lindíssimas e um acervo bastante grande. Fiquei sabendo que no prédio, são guardados mais de 160.000 volumes de livros de toda espécie, incluindo o famoso Hagadá judaico, datado de 1350 - quem se lembra do livro As Memórias do Livro da autora Geraldine Brooks?

Bem, em outro pavilhão, há o Museu de História Natural, que não dá para ser comparado com o de NY, mas conta com acervo bastante bom, principalmente de insetos e pedras. O lugar é enorme e, mesmo que não seja do seu estilo, acho que vale a pena pelo casarão e seu interior, que são lindíssimos.

Atravessando o páteo, que conta com lápides antigas e um matagal que em tempos áureos poderia ter servido um belo jardim, nos deparamos com outro setor bem interessante do museu, cujo nome desconheço, mas ele abriga uma espécie de cômodos diversos com cenários dos povos antigos que viviam na região. A arquitetura do lugar é linda, toda de madeira e original. Dentro dos cômodos, há cenas de pessoas da época, com vestimentas, mobília, tudo com vistas a chegar ao mais próximo possível da vivência das variadas etnias que habitavam a Bósnia. 


Saindo do museu, que foi uma surpresa muito agradável e me tomou quase a manhã inteira, voltei um pouco na direção de onde havia vindo, porque no caminho, verifiquei que havia 2 shoppings. Estava na hora de eu parar um pouco a programação e resolver o problema da mala. Mas a verdade é que nenhum dos estabelecimentos contava com lojas de materiais de construção, mas apenas lojas de malas com preços bastante altos. Então, seguindo o Google Maps, fui em direção a uma espécie de Leroy Merlin local. O problema é que essa loja não ficava exatamente perto de onde eu estava e o lugar, além de um pouco inóspito, não estava esperando a presença de turistas. Devo dizer que caminhei cerca de 40 min até lá. 

Mas no final, deu tudo certo. Eu que estava por lá a procura de silver tape, acabei me deparando com um setor inteiro de malas na promoção. Comprei uma mala branca, um pouco maior do que a minha, por menos de R$ 150,00. O duro foi voltar todo o caminho de volta para o hotel - mais de 1 hora de andanças com a mala, enfrentando vento, ladeiras, frio e fazendo o possível para chegar no hotel antes da chuva que se aproximava. 

A saga terminou às 14:40hs da tarde. Perdi o horário para o Museu Judaico, mas não estava disposta a perder o City Hall!!! Esse prédio lindo que vocês estão vendo nas fotos era, em verdade, a biblioteca da cidade e abrigava mais de 1,5 milhão de livros, dentre eles, cerca de 700 manuscritos e incunábulos e uma coleção exclusiva de publicações seriais da Bósnia, sendo que algumas delas datavam do século XIX. 


Construída em 1891, foi completamente destruída durante a Guerra da Bósnia. Reformado com a ajuda externa, o prédio hoje - um dos mais lindos que eu tive a oportunidade de ver -, agora é monumento nacional e é usado para exposições e diversos tipos de eventos. Quando eu fui, estava rolando uma exposição sobre a história da Bósnia, que me rendeu mais de 1 hora, além de um concerto de piano. O prédio é realmente fabuloso e sua entrada é gratuita. 
macarrão maravilhoso - melhor comida da viagem. E o ótimo café da manhã do hotel
Saindo de lá, já estava chovendo horrores. Andei mais um pouco pela cidade, fiz as últimas compras, visitei aqueles locais que mais amei, comi uma bureka e voltei para o hotel para arrumar as malas. Depois disso, não há outras coisas a serem ditas. No dia seguinte tomei café da manhã e saí do hotel de táxi em direção ao aeroporto minúsculo de Sarajevo. Achei interessante que na sala de embarque há um local específico para rezas, considerando que o portão onde eu estava possuía diversos países árabes como destino. Minha primeira escala foi em Viena e a segunda, em Zurique.


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