Meu último dia
inteiro em Sarajevo começou com muita emoção. Para quem não se lembra, em Split
eu notei que a minha mala estava com uma rachadura pequena perto de uma das
rodinhas, provavelmente causada pela delicadeza proporcionada pelas companhias
aéreas. Mas nesta manhã em Sarajevo, notei que a pequena rachadura havia
crescido bastante e já era possível ver o interior da mala. E como eu
despacharia a bagagem no dia seguinte, achei arriscado voar desse jeito. Então,
minha missão era achar silver tape ou, na pior das
possibilidades, uma mala nova.
catedral católica - mais uma visita |
O problema é que era
um domingo e eu não fazia idéia de onde encontrar essas coisas. O que eu fiz,
então, foi seguir a programação normal, para não perder o dia. Comecei pela
Ponte Latina, que ficava a poucos metros do meu hotel, a pé. Para quem não
sabe, foi lá que Gavrilo Princip matou Franz Ferdinand, o herdeiro do trono
austo-húngaro, e sua esposa Sofia, situação que culminou na Primeira Guerra
Mundial. A ponte em si não é bonita, mas vale a pena só pelo poder histórico
que ela guarda.
De lá, segui o
rio Milijacka em direção ao Museu Nacional, que seria uma espécie de
ponto alto do meu dia. Não ficava exatamente perto do hotel, eu gastei quase 1
hora andando até lá, mas é uma reta só e, considerando-se que não há Uber em
Sarajevo e os taxistas são meio picaretas, foi a escolha acertada.
O Museu Nacional da
Bósnia e Herzegovina está localizado no centro da cidade e data de 1888. Da
fotografia tirada do outro lado da rua, dá para ver que ele é imenso, mas eu
fiquei um pouco surpresa com a falta de conservação na parte interna: muitas
salas sem luz ou com luz piscando, muito pó, umidade e locais precisando de uma
boa manutenção. Em outras palavras, ele simboliza o estado em que o país se
encontra no momento.
Dentro, ele é
dividido em 3 partes. Na primeira delas, a maior de todas e a que mais me
impressionou, encontramos um museu incrível cheio de peças antigas de cunho
arqueológico. Muitas lápides, mosaicos, colunas, moedas, jóias... coisas
lindíssimas e um acervo bastante grande. Fiquei sabendo que no prédio, são
guardados mais de 160.000 volumes de livros de toda espécie, incluindo o famoso
Hagadá judaico, datado de 1350 - quem se lembra do livro As Memórias do Livro
da autora Geraldine Brooks?
Bem, em outro pavilhão,
há o Museu de História Natural, que não dá para ser comparado com o de NY, mas
conta com acervo bastante bom, principalmente de insetos e pedras. O lugar é
enorme e, mesmo que não seja do seu estilo, acho que vale a pena pelo casarão e
seu interior, que são lindíssimos.
Atravessando o páteo,
que conta com lápides antigas e um matagal que em tempos áureos poderia ter
servido um belo jardim, nos deparamos com outro setor bem interessante do
museu, cujo nome desconheço, mas ele abriga uma espécie de cômodos diversos com
cenários dos povos antigos que viviam na região. A arquitetura do lugar é
linda, toda de madeira e original. Dentro dos cômodos, há cenas de pessoas da
época, com vestimentas, mobília, tudo com vistas a chegar ao mais próximo
possível da vivência das variadas etnias que habitavam a Bósnia.
Saindo do museu, que
foi uma surpresa muito agradável e me tomou quase a manhã inteira, voltei um
pouco na direção de onde havia vindo, porque no caminho, verifiquei que havia 2
shoppings. Estava na hora de eu parar um pouco a programação e resolver o
problema da mala. Mas a verdade é que nenhum dos estabelecimentos contava com
lojas de materiais de construção, mas apenas lojas de malas com preços bastante
altos. Então, seguindo o Google Maps, fui em direção a uma espécie de Leroy
Merlin local. O problema é que essa loja não ficava exatamente perto de onde eu
estava e o lugar, além de um pouco inóspito, não estava esperando a presença de
turistas. Devo dizer que caminhei cerca de 40 min até lá.
Mas no final, deu
tudo certo. Eu que estava por lá a procura de silver tape, acabei
me deparando com um setor inteiro de malas na promoção. Comprei uma mala
branca, um pouco maior do que a minha, por menos de R$ 150,00. O duro foi
voltar todo o caminho de volta para o hotel - mais de 1 hora de andanças com a
mala, enfrentando vento, ladeiras, frio e fazendo o possível para chegar no
hotel antes da chuva que se aproximava.
A saga terminou às
14:40hs da tarde. Perdi o horário para o Museu Judaico, mas não estava disposta
a perder o City Hall!!! Esse prédio lindo que vocês estão vendo nas fotos era,
em verdade, a biblioteca da cidade e abrigava mais de 1,5 milhão de livros,
dentre eles, cerca de 700 manuscritos e incunábulos e uma coleção exclusiva de
publicações seriais da Bósnia, sendo que algumas delas datavam do século XIX.
Construída em 1891, foi completamente destruída durante a Guerra da Bósnia.
Reformado com a ajuda externa, o prédio hoje - um dos mais lindos que eu tive a
oportunidade de ver -, agora é monumento nacional e é usado para exposições e
diversos tipos de eventos. Quando eu fui, estava rolando uma exposição sobre a
história da Bósnia, que me rendeu mais de 1 hora, além de um concerto de piano.
O prédio é realmente fabuloso e sua entrada é gratuita.
macarrão maravilhoso - melhor comida da viagem. E o ótimo café da manhã do hotel |
Saindo de lá, já
estava chovendo horrores. Andei mais um pouco pela cidade, fiz as últimas
compras, visitei aqueles locais que mais amei, comi uma bureka e voltei para o
hotel para arrumar as malas. Depois disso, não há outras coisas a serem ditas.
No dia seguinte tomei café da manhã e saí do hotel de táxi em direção ao
aeroporto minúsculo de Sarajevo. Achei interessante que na sala de embarque há
um local específico para rezas, considerando que o portão onde eu estava
possuía diversos países árabes como destino. Minha primeira escala foi em Viena
e a segunda, em Zurique.
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