sexta-feira, 14 de maio de 2021

LIVRO - NÊMESIS

Esse foi o terceiro livro de pandemia/fim do mundo que a TAG mandou desde o início da quarentena. E, apesar de eu achar meio de mau gosto essa temática no momento em que estamos vivendo, confesso que gostei bastante dos três livros. Aliás, devo dizer que quando vi que se tratava de um Philip Roth, meu terceiro, torci o nariz, porque os dois últimos (Teatro de Sabbath e Complexo de Portnoy) foram lidos forçados – odiei!

A história se passa em Nova York no período da Segunda Guerra Mundial. Eu não fazia ideia, mas naquela época, estrava rolando uma epidemia de poliomielite, que ninguém sabia de onde vinha, como acontecia o contágio e, em resumo, todos estavam apavorados. O que se sabia era que a doença se proliferava com maior rapidez e agressividade no verão e que era mais cruel com as crianças que, quando não morriam, ficavam aleijadas.

Bucky Cantor é um jovem instrutor de esportes num bairro judaico. Ele é uma pessoa super querida, competente, todas as crianças o respeitam, o amam. Mas quando a pólio começa a acometer seus alunos, ele passa a questionar seu papel no mundo (já se sentia culpado por não estar na guerra – foi dispensado em razão da miopia) e se não poderia estar fazendo algo mais “útil”, ajudar a salvar essas crianças.

Ao mesmo tempo, surge uma oportunidade de trabalho numa colônia de férias, onde está sua noiva, por sinal, e onde a pólio ainda não chegou. E ele fica nesse eterno dilema: salvar o mundo ou se salvar. Daqui em diante eu não quero falar mais nada porque vou começar a dar spoilers. Mas o livro é bem bonito, ele é uma luta moralística interna, digamos assim, do personagem principal com um cenário de guerra e poliomielite.

“Impressionante como as vidas podiam tomar rumos tão diferentes e como cada um de nós era impotente diante da força dos acontecimentos. Mas onde entrava Deus nessa história toda? Por que Ele colocava determinadas pessoas na Europa ocupada pelos nazistas, com um rifle na mão e outra no refeitório de Indian Hill em frente a um prato de macarrão com queijo? Por que punha uma criança de Weequahic na Newark infestada de pólio durante o verão e outra no esplêndido santuário de Poconios? Para alguém que então encontrara no zelo e na dedicação ao trabalho a solução de todos os problemas, agora havia muito de inexplicável quando se indagava por que as coisas aconteciam da forma que aconteciam.”

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