Esse foi o terceiro livro de pandemia/fim do mundo que a TAG
mandou desde o início da quarentena. E, apesar de eu achar meio de mau gosto
essa temática no momento em que estamos vivendo, confesso que gostei bastante
dos três livros. Aliás, devo dizer que quando vi que se tratava de um Philip
Roth, meu terceiro, torci o nariz, porque os dois últimos (Teatro de Sabbath e
Complexo de Portnoy) foram lidos forçados – odiei!
A história se passa em Nova York no
período da Segunda Guerra Mundial. Eu não fazia ideia, mas naquela época,
estrava rolando uma epidemia de poliomielite, que ninguém sabia de onde vinha,
como acontecia o contágio e, em resumo, todos estavam apavorados. O que se
sabia era que a doença se proliferava com maior rapidez e agressividade no
verão e que era mais cruel com as crianças que, quando não morriam, ficavam
aleijadas.
Bucky Cantor é um jovem instrutor de
esportes num bairro judaico. Ele é uma pessoa super querida, competente, todas
as crianças o respeitam, o amam. Mas quando a pólio começa a acometer seus
alunos, ele passa a questionar seu papel no mundo (já se sentia culpado por não
estar na guerra – foi dispensado em razão da miopia) e se não poderia estar
fazendo algo mais “útil”, ajudar a salvar essas crianças.
Ao mesmo tempo, surge uma oportunidade
de trabalho numa colônia de férias, onde está sua noiva, por sinal, e onde a
pólio ainda não chegou. E ele fica nesse eterno dilema: salvar o mundo ou se
salvar. Daqui em diante eu não quero falar mais nada porque vou começar a dar
spoilers. Mas o livro é bem bonito, ele é uma luta moralística interna, digamos
assim, do personagem principal com um cenário de guerra e poliomielite.
“Impressionante como as vidas podiam tomar rumos tão diferentes e como cada um de nós era impotente diante da força dos acontecimentos. Mas onde entrava Deus nessa história toda? Por que Ele colocava determinadas pessoas na Europa ocupada pelos nazistas, com um rifle na mão e outra no refeitório de Indian Hill em frente a um prato de macarrão com queijo? Por que punha uma criança de Weequahic na Newark infestada de pólio durante o verão e outra no esplêndido santuário de Poconios? Para alguém que então encontrara no zelo e na dedicação ao trabalho a solução de todos os problemas, agora havia muito de inexplicável quando se indagava por que as coisas aconteciam da forma que aconteciam.”
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