eu que tirei essa foto. não ficou linda?? |
No último post eu dei um spoiler sobre esse 8º dia de viagem, que começou com muita emoção. No dia anterior, eu cheguei esbaforida em Pula, larguei minhas coisas no quarto e fui explorar a cidade. Em cima da mesa do quarto havia uma pasta cheia de instruções para o uso de diversas coisas, como o ar condicionado, o serviço de quarto e.... o cofre! Mas é claro que não li nem quando cheguei e nem quando eu voltei pro hotel... e a verdade é que eu simplesmente joguei meu dinheiro e o passaporte dentro do cofre, inventei uma senha, como sempre faço, e pronto!
Só que eu não sabia que, além da senha,
eu precisava ter a chave de segurança, que é fornecida pela recepção do hotel.
O problema é que quando eu me dei conta desse perrengue, já eram mais de 21hs e
a recepção já estava fechada. Essa é uma questão que, até então, não tinha me
trazido nenhum problema nos hotéis em que eu tinha ficado, mas nesse caso,
quase foi fatal, porque simplesmente tranquei as coisas mais importantes da
minha vida e não poderia contar com qualquer auxílio naquele momento. Resolvi
dormir, não pensar mais no assunto e, no dia seguinte, acordar no horário
determinado e torcer para algum funcionário chegar antes das 7:00hs. Ah, só
para esclarecer e deixar o meu relato mais apimentado: meu barco para Veneza
estava programado para sair exatamente às 7:00hs!!!!
Bem, claro que nenhum funcionário
chegou antes do horário marcado para iniciar a labuta diária e claro que eu já
estava num nível de estresse antes das 7:00hs da manhã do dia 15 que em
determinado momento eu simplesmente sentei no sofá da recepção e coloquei na
minha cabeça que não era daquela vez que eu conheceria Veneza, teria que ficar
para uma próxima... sério, eu já tinha desanimado...
Pois bem, a recepcionista chegou às
7:03hs, eu contei a história da minha vida em inglês (super fácil) da forma
mais editada que eu consegui, peguei a chave, subi voando, peguei minhas coisas
no cofre e desci em direção ao píer numa velocidade surreal. A sorte é que, a
pé (e numa velocidade normal), as docas ficam a apenas 10 minutos do hotel. Na
velocidade que eu estava, acho que não deu nem 5 minutos! E para a minha sorte
ainda maior, o barco estava atrasado e ainda havia uma fila considerável de
passageiros a passar pela inspeção. Ufa!!! Eu iria para Veneza!!!
O barco saiu em torno de 7:35hs e eu só
consegui um lugar no catamarã bem no meio. Bom, pelo menos eu estava lá dentro,
não? Como tenho problemas com mar e claustrofobia (pessoa bem normal), acabei
tomando um antialérgico com o objetivo de dormir – e deu super certo! Mas,
quando atracamos no porto e eu achei que simplesmente desceríamos para dar
início à minha aventura, a verdade é que o barco ficou um tempão parado sem que
ninguém pudesse descer. Alguma coisa relacionada à quantidade de navios e
outras embarcações que chegam diariamente à cidade e a consequente incapacidade
da imigração em atender a tanta demanda. Foi bem chato!
Uns 40 minutos depois (juro!), consegui
descer, e após esperar numa fila interminável, dentro de um grande galpão
quente e sem ventilação suficiente para dar conta de tanta gente, finalmente
estava em Veneza e livre para explorar a cidade. O calor estava enorme, mas eu
estava disposta a aproveitar o máximo possível daquele lugar, afinal, minha
expectativa estava bem grande, havia aguardado bastante por aquele momento.
O que eu posso dizer é que, apesar de
apinhado de turistas e de estar um calor infernal, a cidade se destaca pela sua
imponência e riqueza. Os monumentos, as igrejas, praças... é tudo MUITO.
Ostentação é a apalavra que define Veneza. E claro, é uma cidade extremamente
fotogênica, porque as pontes, os canais e as vielinhas são muito diferentes de
tudo o que eu já havia visto em outras cidades europeias. Tudo muito lindo,
muito antigo e cheio de história. Há zilhões de lojinhas e restaurantes, becos
e, é claro, a marina, que é lindíssima.
A única coisa que me deixou um pouco
surpresa foi a dificuldade de locomoção pela cidade. Ela é formada por
labirintos de ruas super estreitas e vielinhas. O Google Maps pira e te leva
para locais que não têm saída ou simplesmente para o sentido errado. Guarde o
celular, o mapa não vai prestar! O que me ajudou foi olhar para os próprios
prédios, que muitas vezes traziam placas indicativas do sentido a ser tomado
para chegar nos principais pontos turísticos, como a Ponte Rialto e a Piazza
San Marco. Como eu não tinha muito tempo por lá, me restava ir atrás desses pontos
e, se desse tempo, flanar um pouquinho por Veneza.
Depois de umas 2 horas procurando os
meus destinos, finalmente me deparei com a Ponte Rialto, que estava abarrotada
de turistas em busca de uma boa foto. Como estava com uma certa urgência em
encontrar a Piazza San Marco, por conta do espaço curto de tempo que teria na
cidade, acabei nem aproveitando muito o ponto – que btw tem mais turistas e
vendedores ambulantes do que atrativos em si.
E finalmente, depois de muita andança,
encontrei a belíssima e impressionante Piazza San Marco, em todo o seu
esplendor e, claro, apinhada de turistas. Como já estava tarde e nesse momento
eu ia entrar nos lugares, aproveitei para almoçar por ali mesmo, um sanduiche
em pé, sem glamour, mas que nem precisava, porque a vista era de encher os
olhos. Finalizei a refeição com um delicioso sorvete de pistache para dar uma
amenizada no calor e segui para o Palazzo Ducal, o qual já estava com ingresso
comprado.
Aliás, quero fazer um adendo nessa
questão antes de começar a descrever o palácio. Como já era de se esperar, e à
exemplo de boa parte das atrações da Europa nessa época do ano, Veneza estava
absolutamente lotada de turistas. Portanto, os monumentos visitáveis da Piazza
estavam com filas assustadoramente imensas. Eu li em algum lugar que elas
chegam a se prolongar por cerca de 2 horas! Agora imagine você, com pouco
tempo, debaixo daquele sol, esperando entrar numa igreja, por exemplo. Então,
minha dica é: saia do Brasil com todos os ingressos comprados, dá para fazer
isso pela internet. É rápido, fácil e te tira de um perrengue imenso. Eu mesma,
com o ingresso na mão, entrei no Palazzo Ducal direto, sem filas, sem
problemas.
Voltando do adendo... resumidamente,
era nesse local que funcionava a parte político-judiciária de Veneza. Ele foi
construído entre os anos de 1309 e 1424 e hoje, abriga um museu lindíssimo.
Nele, podemos ter uma idéia de como funcionavam as coisas naquela época, da
importância da cidade para a região e também de sua riqueza.
No primeiro andar, podemos ver os antigos escritórios de advocacia, o escritório naval e a chancelaria; no segundo andar, a câmara do conselho, de votação e os apartamentos do doge; no terceiro e último andar, era onde eram organizadas as grandes recepções e, portanto, onde podem ser encontradas as maiores e mais bonitas salas.
No primeiro andar, podemos ver os antigos escritórios de advocacia, o escritório naval e a chancelaria; no segundo andar, a câmara do conselho, de votação e os apartamentos do doge; no terceiro e último andar, era onde eram organizadas as grandes recepções e, portanto, onde podem ser encontradas as maiores e mais bonitas salas.
Todos os cômodos são muito
ornamentados, com quadros enormes, desenhos nas paredes e tetos trabalhados...
tudo muito lindo. Na minha opinião, a própria arquitetura do lugar já vale
muito a pena. Lá, para quem estiver interessado (sempre acho que vale mencionar)
há ótimos banheiros!!! E no subsolo, a antiga prisão, a qual abrange um
corredor com vista para a Ponte do Suspiros, que é assim denominada porque era
o último lugar que os prisioneiros avistavam antes da morte.
E o meu passeio por Veneza terminou na
monumental Basílica de San Marco. E vou falar uma coisa: já tive a oportunidade
de visitar muitas igrejas incríveis na minha vida, mas acho que nunca vi nada
parecido em beleza e grandiosidade. A arquitetura dela é inteirinha bizantina,
no período em que os mercadores venezianos, muito populares por volta do ano
1000, estiveram em Alexandria e de lá, trouxeram algumas relíquias de São
Marcos Evangelista. Ela tem o aspecto baseado nas Basílicas de Santa Sofia e dos Apóstolos, ambas em Constantinopla.
A parte interna é absolutamente
incrível!!! Imensa e todinha dourada. É como se ela fosse uma fusão entre o que
conhecemos por igrejas católicas e ortodoxas, sabe? Foi essa a impressão que
tive, já que nunca estive no Oriente Médio. Muito mármore, muita marchetaria...
é tanto detalhe, que a gente fica tonto. A parte chata é que, como tem muita
gente querendo entrar – mais uma vez me dei bem por causa do ingresso comprado
com antecedência -, somos forçados a percorrer a igreja com um pouco mais de pressa
do que o usual, sem muito tempo para apreciar os detalhes. Ah, devo dizer que
as fotos tiradas foram clandestinas, porque também não são permitidas.
Uma dica: ainda que esteja fazendo um
calor absurdo, não é permitido entrar na basílica com roupas curtas, decotadas
ou sem mangas. Eu estava com um vestido mais comprido, mas tive que colocar um
cardigã para entrar. Outra coisa: não é permitido entrar com bolsas grandes ou
mochilas. Portanto, antes de entrar na fila, se prepare para não ser barrado na
entrada.
E esse foi o meu dia! Gostaria de ter
ficado mais tempo, para flanar pela cidade, entrar em igrejas, explorar cada
cantinho, visitar os demais monumentos da Piazza San Marco... mas foi o que deu
para fazer em pouco mais de 5 horas na cidade. Como a locomoção por lá é bem
complicada, teria de passar novamente pela imigração italiana e o píer não
ficava exatamente perto de onde eu estava, fui fazendo o caminho de volta,
passando pelas lojinhas do meio do caminho, comprando souvenires e agradecendo
por tudo ter dado tão certo, num dia que parecia que seria fail. E
quando cheguei de volta à Pula, já estava de noite, e fui agraciada com o
Coliseu todo iluminado!
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