Bem, antes de falar sobre o dia e sobre
tudo o mais, tenho que mencionar algumas coisas que, talvez, tenham
influenciado na impressão que eu tive sobre Pula. A primeira questão é que eu
havia acabado de sair de uma das cidades que mais amei na vida: Liubliana.
Portanto, o padrão de comparação estava elevadíssimo. A segunda questão é que,
sem qualquer dúvida, a Croácia é um destino muito mais procurado pelos turistas, e a verdade é que tinha tanta gente em Pula que eu achei que fosse ter um
treco!!!! E a terceira questão a ser considerada é que eu acho que aquele dia
foi o mais quente da viagem até então e eu estava com dor de cabeça e irritada.
calça que era da minha mãe e blusa que comprei em 2014 em NY... ou seja, look bem vintage! |
Dito tudo isso, vamos ao meu sétimo dia
de viagem, que começou em Liubliana rumo à Ístria, costa norte da Croácia. A
promessa era de 6 horas de viagem dentro de um ônibus que eu sequer sabia se
faria alguma parada pelo caminho, mas que certamente passaria por outros
países, incluindo a Itália, antes de atingir o seu objetivo. Uma coisa a ser
dita sobre a região, que eu acabei aprendendo na prática, é que a sua viagem
nunca vai durar o tempo previsto. Isso porque, como eu já disse em posts
anteriores, o ônibus vai passar por inúmeros postos de fronteiras, onde há
checagens de passaporte, vai haver trânsito por causa da época do ano (todo
mundo está indo para praia, afinal, é verão e os europeus estão de férias) e as
estradas não estão exatamente prontas para receber esse volume de turistas.
Portanto, as 6 horas iniciais viraram 8! Delícia, não??
O dia em Liubliana
amanheceu friozinho e BEM chuvoso. Fui a pé do hotel até a rodoviária, por
poucos quarteirões, debaixo de uma chuva torrencial e de calça branca, porque eu
sou um primor para escolher roupas (sqn). Apenas para fazer uma ressalva,
estava com essa mesma calça num dia em Paris que eu achei que fosse morrer
afogada, de tanta chuva! Pois bem. Cheguei na rodoviária ensopada e ainda
fiquei tensa por alguns instantes porque o ônibus atrasou 15min e eu já estava
achando que estava no lugar errado... a gente nunca sabe! Ou seja, o dia já começou todo errado!
O primeiro trecho da viagem foi bem
tranquilo. Chegamos em Trieste na Itália (terra do meu bisavô) às 9:15hs e nem
passamos por imigração, afinal, ambos os países fazem parte da União Européia.
Por lá, o ônibus que estava relativamente vazio ficou lotado e partiu para a
próxima parada que se daria em Koper, em menos de 1 hora.
Ao meio dia, horário previsto para já
estarmos em Pula, o ônibus chegou a Porec e ainda teria que passar por Rovinj antes de atingir o seu destino final. A boa notícia é que o motorista tinha
noção de que estava todo mundo com a bexiga estourando e fez uma pausa um pouco
maior na estação para que as pessoas pudessem usar o banheiro. Achei que dali
em diante, haveria apenas mais 1 hora de viagem, mas naquele trecho, o caminho
é praticamente inteiro por dentro de cidades, em vias estreitas de pista única.
Então, a verdade é que cheguei à Pula às 14:30hs com o saco bem cheio!!!!
A parte boa é que o hotel ficava bem
próximo à rodoviária e, mais uma vez, pude ir andando até o destino. A parte
ruim é que ele não se chamava Scaletta sem razão: ficara no topo de uma
escadaria, o que não é exatamente cômodo para um hóspede com mala! Mas eu
gostei bastante do hotel, o melhor até então, com um quarto bem aconchegante e
uma recepção bem intimista. À exemplo do anterior, não havia funcionários na
parte da noite – isso se mostrou um problema imenso, mas fica para o próximo
post.
Como só teria esse dia para desbravar
Pula, larguei as coisas no hotel e parti para conhecer a cidade. Como já
dei spoiller no início do post, a quantidade de gente e o
calor (além do fato de eu estar bem cansada), não favoreceram minha impressão
sobre a cidade. E outra coisa que me desagradou foi que, ao contrário de Zagreb
e Liubliana, as cidades que já havia visitado, Pula não tem um comércio de
souvenires fofos e locais, mas sim, um emaranhado de lojinhas de produtos
chineses e vendedores te puxando pra dentro... me senti numa 25 de Março da
antiguidade!!!
É bizarro você estar numa cidade que
foi berço da civilização romana, que guarda tantos monumentos daquela época e se deparar com essa situação... simplesmente não combina!!! Mas enfim, a parte
boa é que é fácil se locomover por Pula, que é grande, mas traz todas as
atrações meio que concentradas, e uma
infraestrutura melhor ao turista.
Pula é bem italiana e as pessoas falam
a língua, o que facilita horrores a vida. Logo de cara, me deparei com um
coliseu imenso e absolutamente impressionante. Não conheço Roma, mas devo dizer
que fiquei muito impressionada com a versão croata. O anfiteatro de Pula foi
construído pelo Imperador Vespasiano no século I, era utilizada para batalhas e
espetáculos de gladiadores e comportava cerca de 20 mil pessoas. Ele é um dos 6
maiores do mundo e também um dos mais bem conservados. Aproveitei a vista e
comprei um pedaço de pizza ao lado – esse foi meu almoço.
Apesar de Pula ter sido invadida e
dominada pelos romanos, o novo cenário não foi de todo mal. O Imperador
construiu por lá um sistema de saneamento e esgoto – ainda pode ser visto em
parte -, prédios administrativos, templos religiosos e toda sorte de edifícios
que trouxeram modernidade à região. Ainda hoje é possível conhecer o Templo de
Augusto, uma estrutura bem característica do Império Romano e que fica em
destaque na Praça do Fórum, próxima ao mar. Ele também tem mais de 2000 anos e
sobreviveu porque foi convertido em igreja quando os romanos adotaram o
cristianismo como religião.
Há muitos muros, ruínas e arcos do
período a serem vistos por toda cidade. Acabei me deparando, em determinado
momento, com a Igreja e Mosteiro de São Francisco. Localizado próximo ao Fórum,
o local data do ano de 1300, quando a religião se firmou na cidade. Ele não
é grande, mas eu achei que vale a visita, principalmente por causa do claustro,
que é belíssimo – e por causa do banheiro limpinho!
E foi basicamente isso. Gostaria de ter
explorado melhor a cidade, com mais calma e mais cedo. Não esperava chegar tão
tarde e acabei perdendo algumas atrações que gostaria de ter visitado. Mas,
achei que valeu essa imersão pelo Império Romano! Foi uma introdução, de certa
forma, ao que veria depois em Split, que é praticamente uma visita ao passado.
Exausta, lá pelas 18 horas resolvi que queria jantar num lugar decente. Escolhi
um restaurante super gracinha, com mesa do lado de fora e um ambiente bem agradável.
Fui de peixe com batatas, que tinha uma cara ótima no cardápio... mas era só
a cara. A comida estava horrorosa e acho que apenas coroou um dia fail!!!
O engraçado é que meu irmão havia dito
que, naquele dia, haveria um show de uma banda americana chamada Agnostic
Front, de que ele gosta muito. E adivinhem? Eles sentaram ao meu lado nesse
restaurante! Até cheguei a trocar umas palavras, porque estávamos
compartilhando da decepção com o jantar. Pra finalizar, fui para o hotel, entupi a pia e
tranquei meu passaporte e minha grana num cofre sem chaves... aguardem cenas do
próximo capítulo no post seguinte!!
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