terça-feira, 12 de novembro de 2019

VIAGEM - DIA 07 - PULA

Bem, antes de falar sobre o dia e sobre tudo o mais, tenho que mencionar algumas coisas que, talvez, tenham influenciado na impressão que eu tive sobre Pula. A primeira questão é que eu havia acabado de sair de uma das cidades que mais amei na vida: Liubliana. Portanto, o padrão de comparação estava elevadíssimo. A segunda questão é que, sem qualquer dúvida, a Croácia é um destino muito mais procurado pelos turistas, e a verdade é que tinha tanta gente em Pula que eu achei que fosse ter um treco!!!! E a terceira questão a ser considerada é que eu acho que aquele dia foi o mais quente da viagem até então e eu estava com dor de cabeça e irritada.
calça que era da minha mãe e blusa que comprei em 2014 em NY... ou seja, look bem vintage!
Dito tudo isso, vamos ao meu sétimo dia de viagem, que começou em Liubliana rumo à Ístria, costa norte da Croácia. A promessa era de 6 horas de viagem dentro de um ônibus que eu sequer sabia se faria alguma parada pelo caminho, mas que certamente passaria por outros países, incluindo a Itália, antes de atingir o seu objetivo. Uma coisa a ser dita sobre a região, que eu acabei aprendendo na prática, é que a sua viagem nunca vai durar o tempo previsto. Isso porque, como eu já disse em posts anteriores, o ônibus vai passar por inúmeros postos de fronteiras, onde há checagens de passaporte, vai haver trânsito por causa da época do ano (todo mundo está indo para praia, afinal, é verão e os europeus estão de férias) e as estradas não estão exatamente prontas para receber esse volume de turistas. Portanto, as 6 horas iniciais viraram 8! Delícia, não?? 

O dia em Liubliana amanheceu friozinho e BEM chuvoso. Fui a pé do hotel até a rodoviária, por poucos quarteirões, debaixo de uma chuva torrencial e de calça branca, porque eu sou um primor para escolher roupas (sqn). Apenas para fazer uma ressalva, estava com essa mesma calça num dia em Paris que eu achei que fosse morrer afogada, de tanta chuva! Pois bem. Cheguei na rodoviária ensopada e ainda fiquei tensa por alguns instantes porque o ônibus atrasou 15min e eu já estava achando que estava no lugar errado... a gente nunca sabe! Ou seja, o dia já começou todo errado!


O primeiro trecho da viagem foi bem tranquilo. Chegamos em Trieste na Itália (terra do meu bisavô) às 9:15hs e nem passamos por imigração, afinal, ambos os países fazem parte da União Européia. Por lá, o ônibus que estava relativamente vazio ficou lotado e partiu para a próxima parada que se daria em Koper, em menos de 1 hora.
Ao meio dia, horário previsto para já estarmos em Pula, o ônibus chegou a Porec e ainda teria que passar por Rovinj antes de atingir o seu destino final. A boa notícia é que o motorista tinha noção de que estava todo mundo com a bexiga estourando e fez uma pausa um pouco maior na estação para que as pessoas pudessem usar o banheiro. Achei que dali em diante, haveria apenas mais 1 hora de viagem, mas naquele trecho, o caminho é praticamente inteiro por dentro de cidades, em vias estreitas de pista única. Então, a verdade é que cheguei à Pula às 14:30hs com o saco bem cheio!!!!

A parte boa é que o hotel ficava bem próximo à rodoviária e, mais uma vez, pude ir andando até o destino. A parte ruim é que ele não se chamava Scaletta sem razão: ficara no topo de uma escadaria, o que não é exatamente cômodo para um hóspede com mala! Mas eu gostei bastante do hotel, o melhor até então, com um quarto bem aconchegante e uma recepção bem intimista. À exemplo do anterior, não havia funcionários na parte da noite – isso se mostrou um problema imenso, mas fica para o próximo post.

Como só teria esse dia para desbravar Pula, larguei as coisas no hotel e parti para conhecer a cidade. Como já dei spoiller no início do post, a quantidade de gente e o calor (além do fato de eu estar bem cansada), não favoreceram minha impressão sobre a cidade. E outra coisa que me desagradou foi que, ao contrário de Zagreb e Liubliana, as cidades que já havia visitado, Pula não tem um comércio de souvenires fofos e locais, mas sim, um emaranhado de lojinhas de produtos chineses e vendedores te puxando pra dentro... me senti numa 25 de Março da antiguidade!!!

É bizarro você estar numa cidade que foi berço da civilização romana, que guarda tantos monumentos daquela época e se deparar com essa situação... simplesmente não combina!!! Mas enfim, a parte boa é que é fácil se locomover por Pula, que é grande, mas traz todas as atrações meio que concentradas, e uma infraestrutura melhor ao turista.
Pula é bem italiana e as pessoas falam a língua, o que facilita horrores a vida. Logo de cara, me deparei com um coliseu imenso e absolutamente impressionante. Não conheço Roma, mas devo dizer que fiquei muito impressionada com a versão croata. O anfiteatro de Pula foi construído pelo Imperador Vespasiano no século I, era utilizada para batalhas e espetáculos de gladiadores e comportava cerca de 20 mil pessoas. Ele é um dos 6 maiores do mundo e também um dos mais bem conservados. Aproveitei a vista e comprei um pedaço de pizza ao lado – esse foi meu almoço.

Apesar de Pula ter sido invadida e dominada pelos romanos, o novo cenário não foi de todo mal. O Imperador construiu por lá um sistema de saneamento e esgoto – ainda pode ser visto em parte -, prédios administrativos, templos religiosos e toda sorte de edifícios que trouxeram modernidade à região. Ainda hoje é possível conhecer o Templo de Augusto, uma estrutura bem característica do Império Romano e que fica em destaque na Praça do Fórum, próxima ao mar. Ele também tem mais de 2000 anos e sobreviveu porque foi convertido em igreja quando os romanos adotaram o cristianismo como religião.


Há muitos muros, ruínas e arcos do período a serem vistos por toda cidade. Acabei me deparando, em determinado momento, com a Igreja e Mosteiro de São Francisco. Localizado próximo ao Fórum, o local data do ano de 1300, quando a religião se firmou na cidade. Ele não é grande, mas eu achei que vale a visita, principalmente por causa do claustro, que é belíssimo – e por causa do banheiro limpinho!

E foi basicamente isso. Gostaria de ter explorado melhor a cidade, com mais calma e mais cedo. Não esperava chegar tão tarde e acabei perdendo algumas atrações que gostaria de ter visitado. Mas, achei que valeu essa imersão pelo Império Romano! Foi uma introdução, de certa forma, ao que veria depois em Split, que é praticamente uma visita ao passado. Exausta, lá pelas 18 horas resolvi que queria jantar num lugar decente. Escolhi um restaurante super gracinha, com mesa do lado de fora e um ambiente bem agradável. Fui de peixe com batatas, que tinha uma cara ótima no cardápio... mas era só a cara. A comida estava horrorosa e acho que apenas coroou um dia fail!!!

O engraçado é que meu irmão havia dito que, naquele dia, haveria um show de uma banda americana chamada Agnostic Front, de que ele gosta muito. E adivinhem? Eles sentaram ao meu lado nesse restaurante! Até cheguei a trocar umas palavras, porque estávamos compartilhando da decepção com o jantar. Pra finalizar, fui para o hotel, entupi a pia e tranquei meu passaporte e minha grana num cofre sem chaves... aguardem cenas do próximo capítulo no post seguinte!!

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