sexta-feira, 17 de setembro de 2021

LIVRO - UM DIÁRIO DO ANO DA PESTE

Esse foi o livro que veio no Clube de Literatura Clássica no mês de setembro. Como os livros desse clube são mais densos, eu costumo ler devagar, sendo muito difícil pegar na hora para ler. Mas a real é que eu fiquei intrigada com essa capa maravilhosa e com a temática, que é muito atual. 

A Peste, assim como o Coronavírus, foi uma pandemia que se abateu sobre o mundo. E, ainda que estejamos numa era mais avançada, com tecnologia, estudos e tal, a verdade é que o momento que estamos vivenciando não foi e não é tão diferente daquele experimentado pelas pessoas na época. E para provar, vou juntar alguns trechinhos do livro: 

"Lá (na porta da Prefeitura) havia grande concentração e aglomeração de pessoas que procuravam obter passaportes e certificados de saúde para os que sairiam da cidade, pois sem os certificados, não se obtinha passagem pelas cidades que ficavam na estrada, ou abrigo em qualquer estalagem. (...) Tal azáfama, como eu dizia, continuou por algumas semanas, isto é, durante os meses de maio e junho, e mais ainda porque corria o rumor de que o Governo emitiria ordens para que se erigissem barreiras, algumas com espinhos, na estrada, de modo a impedir que as pessoas viajassem." (pg. 16)

"Eu tinha duas coisas importantes em que pensar. Uma era dar seguimento ao meu negócio e loja, que eram de porte considerável, e nos quais estava investido tudo o que eu tinha neste mundo. A outra era a preservação de minha vida em meio a uma calamidade tão desastrosa que percebi que aparentemente vinha se abater por toda cidade." (pg. 17)

"Eu tinha um irmão mais velho que nesse tempo também vivia em Londres, e que há muitos anos viera de Portugal. Quando lhe pedi um conselho sua resposta foi nas mesmas três palavras usadas num caso inteiramente diferente, isto é, Mestre, salva-te a ti mesmo."(pg 17)

"Era uma péssima época para estar doente, pois à primeira reclamação, os outros diziam que se tratava da peste, e, embora eu em verdade não tivesse sintomas daquela enfermidade, mas estando mesmo assim muito adoentado, sofrendo tanto da cabeça quanto do estômago - não me faltaram apreensões de que realmente estivesse infectado" (pg. 22)

"(...) é certo que todas as espécies de vilanias, e até mesmo de leviandades e devassidões, eram praticadas à época na cidade, mais às claras do que nunca - e não direi que com tanta frequência porque a quantidade de gente de muitas formas havia diminuído." (pg. 24)

"Um mal sempre abre caminho para outro: esses terrores e apreensões das pessoas quase  as levaram a mil atos de fraqueza, tolice e malignidade, para cujo encorajamento não faltava um tipo de gente realmente maligno. foram corridas aos videntes, magos e astrólogos para conhecer o seu futuro, ou como reza a expressão vulgar, para que lessem o seu futuro, também para que calculassem suas natividades e coisas semelhantes. e essa tolice logo fez com que a cidade pululasse uma perversa geração de homens que se pretendiam feiticeiros, se pretendiam operadores de magia negra, como a chama, e não sei mais o que." (pg. 37)

"A verdade é que o caso dos pobres criados era muito deplorável, como terei ocasião de mencionar novamente no futuro; pois era evidente que um prodigioso numero deles seria mandado embora, e assim aconteceu. E eles em abundância pereceram, especialmente aqueles que os falsos profetas haviam lisonjeado com esperanças, dizendo que continuariam com seus empregos, e que seriam levados aos seus patrões e patroas para o interior. E se a caridade pública não houvesse socorrido essas pobres criaturas, cujo número era excessivamente grande - e é sempre assim em casos dessa natureza -, estariam em piores condições do que qualquer outro grupo da cidade." (pg. 39)

"Médicos convidavam as pessoas a vir até eles para receber remédios; avisos que normalmente começavam, com floreios assim: "INFALÍVEIS pílulas preventivas contra a peste. NÃO TEM ERRO: preservativos contra a infecção. Tônico SOBERANO contra corrupção dos ares. Instruções EXATAS para o tratamento do corpo no caso de infecção (...)" (pg. 41)

"E que nenhum cadáver de morte causada pela infecção seja enterrado ou permaneça em qualquer igreja, na hora da Oração Comum, sermões ou preleções. E que nenhuma criança permita-se que, no enterro de qualquer cadáver, em qualquer igreja ou cemitério, seja ele ligado ou não a uma igreja, se aproxime do cadáver, do caixão ou da cova. E que todas as covas tenham ao menos sete palmos de profundidade." (pg. 55) 

"Que se cuide para que os cocheiros de carruagens de aluguel não possam (como já se observou alguns fazerem), depois de transportar pessoas infectadas ao abrigo da peste, e a outros lugares, aceitar passageiros comuns, até que suas carruagens estejam bem arejadas, e tenham permanecido inutilizadas por cinco ou seis dias após tal transporte." (pg. 56)

"A infecção geralmente entrava nas casas dos cidaãos por meio de seus criados, que eram obrigados a andar para cima e para baixo pelas ruas, em busca de itens essenciais; isto é, para buscar alimentos ou remédios, para ir a padrarias, cervejarias, lojas, etc; e que necessariamente passando pelas ruas e entrando nas lojas, nos mercados e que tais, era impossível que não topassem, de um modo ou de outro, com pessoas enfermas, que transmitiam-lhe o hábito fatal, o qual traziam para as casas das famílias a que pertenciam." (pg. 87)


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