Nesse quarto
dia em Barcelona, já caminhando para o final da viagem, acordei um pouco mais
tarde e já iniciei a jornada em direção ao meu local favorito para tomar meu café da
manhã que, claro, incluía meu amado e saudoso croissant de mascarpone.
De lá,
peguei o metrô e segui para o primeiro destino do dia: Casa Vicens. “é
uma casa de verão desenhada por Antoní Gaudí, encomendada pelo dono de uma
fábrica de tijolos e fabricante de azulejos, Manuel
Vicens. Fica localizada na Calle les Carolines, nº 24, na
cidade de Barcelona, na Espanha[ Foi a primeira grande obra de Gaudí
e ergue-se, como um palácio dos contos de As Mil e Uma Noites,
mas, na verdade, trata-se até de uma casa bastante pequena. Passaram dez anos
entre a adjudicação da empreitada e a conclusão da obra, mas, na realidade,
trabalhou-se apenas cinco anos - muito pouco tempo para os resultados
alcançados. Nesta construção, assiste-se a uma união entre a tradição burguesa
espanhola (usando pedra extremamente barata) e a tradição árabe secular. Gaudí
criou algo original ao construir esta casa: começou em estilo espanhol,
tornando-se cada vez mais árabe ou talvez até persa, à medida que ia crescendo
em altura, sendo difícil definir com exactidão o seu estilo.”
Como dito
acima, trata-se do primeiro projeto do Gaudi, fica numa região zero turística,
zero movimentada e numa rua bem estreita e escondida. É até fácil de passar
reto pela construção se não estiver procurando ou prestando atenção. Estava
marcado para às 10hs, mas como cheguei cedo, fui dar umas voltas pelas
redondezas e confesso que amei a região. Muitas lojas interessantes,
restaurantes e prédios diferentes.
No horário,
entrei para uma visita bem tranquila porque essa casa, ao contrário da Batló e
da Pedreira, não é muito visitada pelos turistas. Mas a casa é linda, super
interessante e rendeu ótimas fotos. Ela não é tão maluca quanto as outras, mas
é bem colorida e já trazia idéias brilhantes. A visita durou apenas meia hora e
de lá eu segui despretensiosamente andando em direção ao Museu do Egito, porque
tinha algumas encomendas para comprar por lá.
Como a
próxima atração seria só à tarde, eu estava sem pressa e foi uma delícia flanar
por Barcelona sem mapas. Às 13hs tinha de estar na Sagrada Família, então, fui
andando em direção àquela região em busca de um restaurante. O problema é que
se almoça super tarde em Barcelona e eu realmente queria me alimentar antes de
visitar a igreja, para não ter pressa de sair. Acabei me deparando com um
restaurante bem transadinho, numa vibe oriental. Não estava com vontade de
comer lanche, então pedi um curry com frango e arroz. Foi um erro porque estava
extremamente apimentado – fiquei até com medo de passar mal, mas deu tudo
certo.
Então, segui
andando em direção ao cartão postal da cidade e, assim como a Torre Eiffel em
Paris, entre as árvores, lá estava ela: a Sagrada Familia, com muitos andaimes,
obras acontecendo, mas também com muita modernidade e diferente de tudo o que
eu já tinha visto. “É um grande templo católico da cidade
de Barcelona, Catalunha, Espanha, desenhado
pelo arquiteto catalão Antoni Gaudí, e
considerado por muitos críticos como a sua obra-prima e expoente da arquitetura modernista
catalã. Financiado unicamente por contribuições privadas, o projeto
foi iniciado em 1882 e assumido por Gaudí em 1883, quando tinha 31 anos de
idade, dedicando-lhe os seus últimos 40 anos de vida, os últimos quinze de
forma exclusiva. A construção foi suspensa em 1936 devido à Guerra
Civil Espanhola e não se estima a conclusão para antes de 2026,
centenário da morte de Gaudí.
A construção
começou em estilo neogótico,
mas o projeto foi reformulado completamente por Gaudí ao assumi-lo. O templo
foi projetado para ter três grandes fachadas: a Fachada da Natividade,
quase terminada com Gaudí ainda em vida, a Fachada da Paixão, iniciada em
1952, e a Fachada da Glória, ainda por completar. Segundo o seu proceder
habitual, a partir de esboços gerais do edifício Gaudí improvisou a construção
à medida que esta avançava. O templo, quando estiver terminado, disporá de 18
torres: quatro em cada uma das três entradas-portais, a jeito de cúpulas;
irá ter um sistema de seis torres, com a torre do zimbório central
dedicada a Jesus
Cristo, de 170 metros de altura, outras quatro ao redor desta, dedicadas
aos evangelistas, e um segundo zimbório dedicado à Virgem. O interior estará
formado por inovadoras colunas arborescentes inclinadas e abóbadas baseadas
em hiperboloides e paraboloides buscando
a forma ótima da catenária.
Estima-se que poderá levar no seu coro 1 500
cantores, 700 crianças e cinco órgãos. Em 1926, ano em que morreu Gaudí, apenas estava
construída uma torre. Do projeto do edifício só ficaram planos e um modelo em
gesso que resultou muito danificado durante a Guerra
Civil Espanhola. Desde então prosseguiram as obras: atualmente
(2024) estão terminados os portais da Natividade e da Paixão, e foi iniciado o
da Glória, estando em construção as abóbadas interiores. A obra realizada por
Gaudí — a fachada da Natividade e a cripta — foi
incluída pela UNESCO em 2005 no
Sítio do Património
Mundial.“
A real é que,
por fora, eu já havia visto 1000 fotos do lugar e já sabia o que esperar. É
claro que é perfeito e maravilhoso e eu fiquei um tempão admirando cada
detalhe, mas eu estava curiosa em como seria por dentro. Dei a volta na igreja,
numa muvuca imensa de turistas misturada com trabalhadores da obra e em pouco
tempo estava passando pelo detector de metais. A segurança é ferrenha por lá.
Baixei o áudio guide e comecei a minha incursão à igreja mais famosa do mundo.
E... fiquei
absolutamente impressionada com o seu interior. Moderno e ao mesmo tempo
lúdico... Me denti numa floresta das fadas feita com papel machê. Parecia que a
qualquer momento um unicórnio entraria pelas portas. Apesar de as colunas serem
imensas, e de pedra, elas parecem de papel! Gaudi construiu a igreja como se
seu interior fosse uma floresta e as árvores sustentam o teto (detalhe que ele
está enterrado na cripta). É muita beleza e muita imaginação. E o que mais me
impressionou foram os raios de sol entrando pelos vitrais laterais e formando
luzes coloridas que parecem dançar. Sem dúvida, a obra humana mais linda que já
vi!
Fiquei em
torno de 1 hora por lá e depois segui para o Hospital San Pau, que ficava nas
redondezas. Eu já tinha o ingresso comprado, mas ele não tinha um horário certo
marcado, o que é um alívio! “Foi projetado em estilo modernista
catalão em 1901 pelo arquiteto catalão Lluís
Domènech i Montaner, tendo sido terminado em 1930. Desde 1997, está inscrito como Patrimônio
Mundial da Organização das Nações Unidas para
a Educação, a Ciência e a Cultura.”
Confesso que
não esperava muito do local e não tinha grandes expectativas. Mas, quando vi a
fachada, já fiquei encantada, e eu certamente não fazia idéia da imensidão que
era o lugar. O estabelecimento funciona há 600 anos como hospital público. Mas
foi no final do século XIX, com o crescimento da cidade, que resolveram
expandi-lo e revitalizá-lo. E aí chamaram o arquiteto Lluís
Domènech i Montaner, que é o mentor de Gaudí. O resultado é
incrível, muitas cores e desenhos que nada lembram um hospital.
Lá é ótimo
também porque é pouco conhecido e visitado pelos turistas, então estava bem
tranquilo e vazio. São muitos prédios, muito o que ser visto, mas também tem
tomadas para carregar o celular (eu estava precisando), sombra para nos
proteger do calorão e inúmeros banheiros. Portanto, a real é que eu estava sem
pressa nenhuma para seguir para o meu próximo destino.
Mas, já no
final do dia, segui para uma saga: o Mercado de los Encants “é um
mercado centenário tradicionalmente organizado de maneira informal na rua ao ar
livre. O espaço para a nova localização do mercado, não longe da atual, se
situa na confluência da avenida Meridiana e a praça das Glorias”. Bom,
trata-se de um bazar/brechó permanente e imenso que fica dentro de uma
estrutura igualmente imensa. Eu confesso que achei que seria melhor, porque a
real é que parece a Feira da Madrugada do Brás, mas foi interessante.
Andei cerca de
1hora pra ir e a mesma coisa para voltar para o hotel. Mas fiz alguns achados
por lá, porque quem garimpa, também acha. A maioria das barracas vende roupas e
utensílios usados, mas eu consegui encontrar acessórios muito bonitos e a
preços muito mais convidativos do que os da Feira do Rastro em Madrid.
Cheguei no
hotel morta, porque o calorão estava demais e eu estava absurdamente suada. Mas
foi um dia incrível!