Spoiler: foi o dia mais quente e mais fail da viagem toda! Mas foi ótimo mesmo assim!
Às 05:45hs já
estava de pé e seguindo para a minha rotina matinal. Ao invés de tomar café da
manhã no meu lugar favorito e comer um belo croissant de mascarpone, peguei o
metrô e segui para a estação de trem. O bizarro é que era domingo de manhã e os
jovens muito bêbados estavam voltando das baladas naquela hora. Nunca vi tanta
gente doida junta e o metrô estava muito cheio.
O trajeto que eu
tinha que pegar tinha até baldeação a fazer, mas o transporte em Barcelona é
muito bom e foi bastante rápido. Em poucos instantes, estava dentro da estação
de trem. Por lá, já no local certo e ciente de onde seria meu portão de
embarque, segui para um estabelecimento para tomar o meu café da manhã: suco de
laranja e croissant de amêndoas. Terminando, desci para a plataforma 11 e
fiquei esperta porque pegaria um trem meio subúrbio, sem poltrona marcada.
Deu tudo certo e
apesar de o destino ser perto, o trem fez diversas paradas, o que é péssimo,
porque temos que ficar atentos com cada uma delas para não perder a saída. Cerca
de 1 hora depois o trem já estava margeando o mar, numa linda paisagem e eu
cheguei ao meu destino: Tarragona.
De lá, eu sabia
que teria que andar sentido Cidade Velha. É uma subida bem chata e íngreme (a
cidade toda é cheia de subidas e descidas), mas a paisagem compensa! Me perdi
um pouco no início, porque não sabia muito bem que direção tomar, não tinha
mapa nem nada, mas em poucos minutos estava no meu primeiro ponto: o
anfiteatro. Importante fazer uma pausa aqui para dizer que “Tarragona é uma
cidade portuária da região da Catalunha, no nordeste da Espanha que hoje abriga
uma porção de ruínas do período em que a cidade era a colônia romana de
Tarraco.” Ou seja, meus destinos turísticos seriam restos do que foi uma
cidade importante do Império Romano.
No anfiteatro,
descobri que compensaria comprar o ingresso combinado para 6 atrações, já que
eu pretendia ir a todas (isso se tornou um problema porque, como era domingo,
tudo na cidade fecharia às 14:30hs!). Bom, comecei a correr!!! “O Amfiteatre Romà é um anfiteatro romano construído
no século II d.C., situado perto do fórum desta capital provincial. Podia
abrigar até 15.000 espectadores e media 130 por 102 metros”. O lugar é imenso e o legal é que cada espaço
conta com uma “fotografia-montagem” de como era na época.
Aliás, o
interessante é que lá aconteceram algumas passagens meio doidas. “Em 259,
durante a perseguição aos cristãos pelo imperador Valeriano, o bispo da cidade,
Frutuoso, e seus diáconos, Augurio e Eulógio, foram queimados vivos. Depois que
o Cristianismo se tornou a religião oficial do império, o anfiteatro perdeu
suas funções originais. Nos anos seguintes, algumas pedras do edifício foram
utilizadas para construir uma basílica em memória dos três mártires. Túmulos
foram escavados na arena e mausoléus funerários foram anexados à igreja.
A invasão
islâmica de Espanha iniciou um período de abandono da zona, que durou até ao
século XII, altura em que foi construída uma igreja sobre os restos da igreja
visigótica, em estilo românico. Este foi demolido em 1915. Em 1576, tornou-se
convento da ordem da Trindade até 1780, altura em que se tornou prisão para os
presos que construíam o porto. Após o fechamento da prisão, ela ficou
abandonada até meados do século XX, quando foram iniciadas as obras de
recuperação do teatro, financiadas pela Fundação Bryant.”
Fiquei um tempo
por lá porque é imenso, mas eu meio que tentei correr um pouco por causa do
tempo – e porque lá é bem aberto e o calor já começava a dar sinais de que
seria implacável! Em cerca de 1 hora, eu já havia visto o Anfiteatro e o Circo
Romano que é a construção ao lado e bem menor. Aliás, ao contrário do
anfiteatro, é meio difícil imaginar aquele monte de ruínas que é o circo com
bigas correndo e espetáculos acontecendo, porque está bem mais deteriorado.
Datado de 1 a.C!! Mas o mais curioso é que foi a minha atração favorita de todas!
Em seguida, me deparei com a Casa
Canals, que estava bem ansiosa para conhecer. “A investigação arqueológica documentou a existência de um importante
edifício do s. XV no número 11 da Carrer d'en Granada, com pelo menos dois
andares e fundada em grandes arcos pontiagudos, reformada no s. XVI. Esta
construção foi destruída durante a Guerra dos Reapers (1640-1652). O atual
edifício deverá ter sido construído no final do s. XVIII, pois apresenta a
estrutura típica das casas senhoriais desta época: uma entrada para carruagens,
outra entrada principal com pátio e escadaria de acesso ao andar nobre,
residência dos senhores, e um segundo andar destinado aos serviços.
A primeira referência à família Canals como proprietária do imóvel está
relacionada com as remodelações efetuadas nas casas números 1 a 11 da Carrer
d'en Granada para acolher o rei Carlos IV, a sua esposa M Lluïsa e a sua
comitiva do 11 a 15 de novembro de 1802, por ocasião da inauguração do porto de
Tarragona. Os monarcas puderam desfrutar das amplas vistas sobre o mar a
partir das varandas, que acabavam de ser abertas na muralha romana que assumia
a função de parede exterior nascente da casa, e também dos eventos festivos que
se realizavam em sua homenagem. A casa foi habitada pela família Canals até
finais do s. 20º Em 1992 foi adquirido pela Generalitat de Catalunya,
que finalmente o transferiu para a Câmara Municipal de Tarragona, que o abriu
ao público em 2006.”
Após, e no meio do caminho para a próxima atração, apesar de estar com pressa,
porque havia o receio de que as atrações fechassem, me deparei com um lindo
bairro medieval, cheio de ladeiras que, na minha opinião, valia ser
contemplado! Então, acabei gastando um tempo por lá, apenas flanando e tirando
lindas fotos. Ah, também visitei algumas lojas interessantes, principalmente de
artigos de couro, mas por ser domingo, a maioria estava fechada.
Nessas andanças, me deparei com a Catedral da cidade e uma feira vintage
(meio caída) em volta dela. Não tinha nada de interessante, mas sempre vale a
visita e claro que isso tomou mais um pouco do meu tempo. A catedral em si é
belíssima e gratuita, de modo que não estava no ingresso-combo que eu havia
comprado. Por lá há muitas capelas, claustro e muita coisa a ser vista.
Quando saí de lá, já estava perto das 12:30hs e estava faminta. Mas, ainda
com foco no circuito de atrações do bilhete, e como estava no meu caminho,
acabei indo a outra residência antiga interessante: a Casa Castelanau, que foi
a que eu mais gostei. “Na Idade Média , a Rua dos Cavallers era a da nobreza . Ali estavam as casas e palácios das principais famílias da cidade . No número 14
está o da família Castellarnau , preservado como museu . Destaca-se o
pátio, com escada de retorno e colunas góticas . A
casa sofreu diversas remodelações e
no piso principal podem-se visitar as diferentes divisões com estilos decorativos basicamente dos séculos XVIII e XIX .”
Extasiada, mas faminta, saí em busca do meu almoço. O problema é que era
domingo e havia muita coisa fechada. A cidade estava vazia e ainda estava
rolando a final da Copa do Mundo feminina, que acabou com vitória da Espanha, o
que foi bem legal. E eu estava realmente com vontade de comer comida real e não
lanche. No final das contas, a busca pelo restaurante acabou me tomando um
certo tempo. Mas, dentre as duas últimas atrações que faltavam para completar o
bilhete, uma delas era a muralha, que com o calor absurdo que estava fazendo,
não ia ter a menor condição (eu aprendi essa lição em Dubrovnik!). Então, meio
que estava mais tranquila e aceitando que o principal já havia sido visto.
Empapada de suor, acabei encontrando um restaurante beeeem mixuruca, mas
que servia comida, tinha um bom preço e ainda contava com uma televisão grande
para que eu pudesse ver o jogo. Comi um prato de linguiça com feijão branco e
pedi batatas bravas, que estavam beeeeem apimentadas!
De lá, eu confesso que se o trem não saísse no final do dia, eu teria
ido direto para a estação. A verdade é que a parte da manhã foi incrível, cheia
de atrações, mas eu não tinha mais muito o que ver. Estava tudo fechado e eu
estava empapada de suor. Estava quente demais!!! Fui, então, em direção ao
fórum que, tirando as muralhas, era a última atração do bilhete. Mas, eu estava
lenta por causa do calor e acabei não chegando a tempo. Por sorte, o lugar é
cercado apenas por grades vasadas e eu consegui ver bastante coisa mesmo do
lado de fora.
Dito tudo isso, tomei um sorvete e resolvi apenas flanar pela cidade,
sem rumo nenhum. No final do dia, passei pelo mercado e outros monumentos da
cidade. Uma pena que estava tudo fechado e o calorão, porque Tarragona é muito
bonita. Quando deu umas 17hs, eu fui andando em direção à estação, margeando o
mar e fiquei dentro da estação pelo tempo que restava porque lá tem sombra e
banheiro. O trem atrasou, mas misteriosamente chegou no horário marcado. Às
20hs e pouco eu estava no hotel exausta e fedida!!
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