sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

VIAGEM ESPANHA - TARRAGONA

 Spoiler: foi o dia mais quente e mais fail da viagem toda! Mas foi ótimo mesmo assim!

Às 05:45hs já estava de pé e seguindo para a minha rotina matinal. Ao invés de tomar café da manhã no meu lugar favorito e comer um belo croissant de mascarpone, peguei o metrô e segui para a estação de trem. O bizarro é que era domingo de manhã e os jovens muito bêbados estavam voltando das baladas naquela hora. Nunca vi tanta gente doida junta e o metrô estava muito cheio.

O trajeto que eu tinha que pegar tinha até baldeação a fazer, mas o transporte em Barcelona é muito bom e foi bastante rápido. Em poucos instantes, estava dentro da estação de trem. Por lá, já no local certo e ciente de onde seria meu portão de embarque, segui para um estabelecimento para tomar o meu café da manhã: suco de laranja e croissant de amêndoas. Terminando, desci para a plataforma 11 e fiquei esperta porque pegaria um trem meio subúrbio, sem poltrona marcada.

Deu tudo certo e apesar de o destino ser perto, o trem fez diversas paradas, o que é péssimo, porque temos que ficar atentos com cada uma delas para não perder a saída. Cerca de 1 hora depois o trem já estava margeando o mar, numa linda paisagem e eu cheguei ao meu destino: Tarragona.

De lá, eu sabia que teria que andar sentido Cidade Velha. É uma subida bem chata e íngreme (a cidade toda é cheia de subidas e descidas), mas a paisagem compensa! Me perdi um pouco no início, porque não sabia muito bem que direção tomar, não tinha mapa nem nada, mas em poucos minutos estava no meu primeiro ponto: o anfiteatro. Importante fazer uma pausa aqui para dizer que “Tarragona é uma cidade portuária da região da Catalunha, no nordeste da Espanha que hoje abriga uma porção de ruínas do período em que a cidade era a colônia romana de Tarraco.” Ou seja, meus destinos turísticos seriam restos do que foi uma cidade importante do Império Romano.

No anfiteatro, descobri que compensaria comprar o ingresso combinado para 6 atrações, já que eu pretendia ir a todas (isso se tornou um problema porque, como era domingo, tudo na cidade fecharia às 14:30hs!). Bom, comecei a correr!!!  “O Amfiteatre Romà é um anfiteatro romano construído no século II d.C., situado perto do fórum desta capital provincial. Podia abrigar até 15.000 espectadores e media 130 por 102 metros”.  O lugar é imenso e o legal é que cada espaço conta com uma “fotografia-montagem” de como era na época.

Aliás, o interessante é que lá aconteceram algumas passagens meio doidas. “Em 259, durante a perseguição aos cristãos pelo imperador Valeriano, o bispo da cidade, Frutuoso, e seus diáconos, Augurio e Eulógio, foram queimados vivos. Depois que o Cristianismo se tornou a religião oficial do império, o anfiteatro perdeu suas funções originais. Nos anos seguintes, algumas pedras do edifício foram utilizadas para construir uma basílica em memória dos três mártires. Túmulos foram escavados na arena e mausoléus funerários foram anexados à igreja.

A invasão islâmica de Espanha iniciou um período de abandono da zona, que durou até ao século XII, altura em que foi construída uma igreja sobre os restos da igreja visigótica, em estilo românico. Este foi demolido em 1915. Em 1576, tornou-se convento da ordem da Trindade até 1780, altura em que se tornou prisão para os presos que construíam o porto. Após o fechamento da prisão, ela ficou abandonada até meados do século XX, quando foram iniciadas as obras de recuperação do teatro, financiadas pela Fundação Bryant.”

Fiquei um tempo por lá porque é imenso, mas eu meio que tentei correr um pouco por causa do tempo – e porque lá é bem aberto e o calor já começava a dar sinais de que seria implacável! Em cerca de 1 hora, eu já havia visto o Anfiteatro e o Circo Romano que é a construção ao lado e bem menor. Aliás, ao contrário do anfiteatro, é meio difícil imaginar aquele monte de ruínas que é o circo com bigas correndo e espetáculos acontecendo, porque está bem mais deteriorado. Datado de 1 a.C!! Mas o mais curioso é que foi a minha atração favorita de todas!

Em seguida, me deparei com a Casa Canals, que estava bem ansiosa para conhecer. “A investigação arqueológica documentou a existência de um importante edifício do s. XV no número 11 da Carrer d'en Granada, com pelo menos dois andares e fundada em grandes arcos pontiagudos, reformada no s. XVI. Esta construção foi destruída durante a Guerra dos Reapers (1640-1652). O atual edifício deverá ter sido construído no final do s. XVIII, pois apresenta a estrutura típica das casas senhoriais desta época: uma entrada para carruagens, outra entrada principal com pátio e escadaria de acesso ao andar nobre, residência dos senhores, e um segundo andar destinado aos serviços.

A primeira referência à família Canals como proprietária do imóvel está relacionada com as remodelações efetuadas nas casas números 1 a 11 da Carrer d'en Granada para acolher o rei Carlos IV, a sua esposa M Lluïsa e a sua comitiva do 11 a 15 de novembro de 1802, por ocasião da inauguração do porto de Tarragona. Os monarcas puderam desfrutar das amplas vistas sobre o mar a partir das varandas, que acabavam de ser abertas na muralha romana que assumia a função de parede exterior nascente da casa, e também dos eventos festivos que se realizavam em sua homenagem. A casa foi habitada pela família Canals até finais do s. 20º Em 1992 foi adquirido pela Generalitat de Catalunya, que finalmente o transferiu para a Câmara Municipal de Tarragona, que o abriu ao público em 2006.”

Após, e no meio do caminho para a próxima atração, apesar de estar com pressa, porque havia o receio de que as atrações fechassem, me deparei com um lindo bairro medieval, cheio de ladeiras que, na minha opinião, valia ser contemplado! Então, acabei gastando um tempo por lá, apenas flanando e tirando lindas fotos. Ah, também visitei algumas lojas interessantes, principalmente de artigos de couro, mas por ser domingo, a maioria estava fechada.

Nessas andanças, me deparei com a Catedral da cidade e uma feira vintage (meio caída) em volta dela. Não tinha nada de interessante, mas sempre vale a visita e claro que isso tomou mais um pouco do meu tempo. A catedral em si é belíssima e gratuita, de modo que não estava no ingresso-combo que eu havia comprado. Por lá há muitas capelas, claustro e muita coisa a ser vista.

Quando saí de lá, já estava perto das 12:30hs e estava faminta. Mas, ainda com foco no circuito de atrações do bilhete, e como estava no meu caminho, acabei indo a outra residência antiga interessante: a Casa Castelanau, que foi a que eu mais gostei. “Na Idade Média , a Rua dos Cavallers era a da nobreza . Ali estavam as casas e palácios das principais famílias da cidade . No número 14 está o da família Castellarnau , preservado como museu . Destaca-se o pátio, com escada de retorno e colunas góticas . A casa sofreu diversas remodelações e no piso principal podem-se visitar as diferentes divisões com estilos decorativos basicamente dos séculos XVIII XIX .”

Extasiada, mas faminta, saí em busca do meu almoço. O problema é que era domingo e havia muita coisa fechada. A cidade estava vazia e ainda estava rolando a final da Copa do Mundo feminina, que acabou com vitória da Espanha, o que foi bem legal. E eu estava realmente com vontade de comer comida real e não lanche. No final das contas, a busca pelo restaurante acabou me tomando um certo tempo. Mas, dentre as duas últimas atrações que faltavam para completar o bilhete, uma delas era a muralha, que com o calor absurdo que estava fazendo, não ia ter a menor condição (eu aprendi essa lição em Dubrovnik!). Então, meio que estava mais tranquila e aceitando que o principal já havia sido visto.

Empapada de suor, acabei encontrando um restaurante beeeem mixuruca, mas que servia comida, tinha um bom preço e ainda contava com uma televisão grande para que eu pudesse ver o jogo. Comi um prato de linguiça com feijão branco e pedi batatas bravas, que estavam beeeeem apimentadas!

De lá, eu confesso que se o trem não saísse no final do dia, eu teria ido direto para a estação. A verdade é que a parte da manhã foi incrível, cheia de atrações, mas eu não tinha mais muito o que ver. Estava tudo fechado e eu estava empapada de suor. Estava quente demais!!! Fui, então, em direção ao fórum que, tirando as muralhas, era a última atração do bilhete. Mas, eu estava lenta por causa do calor e acabei não chegando a tempo. Por sorte, o lugar é cercado apenas por grades vasadas e eu consegui ver bastante coisa mesmo do lado de fora.

Dito tudo isso, tomei um sorvete e resolvi apenas flanar pela cidade, sem rumo nenhum. No final do dia, passei pelo mercado e outros monumentos da cidade. Uma pena que estava tudo fechado e o calorão, porque Tarragona é muito bonita. Quando deu umas 17hs, eu fui andando em direção à estação, margeando o mar e fiquei dentro da estação pelo tempo que restava porque lá tem sombra e banheiro. O trem atrasou, mas misteriosamente chegou no horário marcado. Às 20hs e pouco eu estava no hotel exausta e fedida!!