Acordei às 7hs, tomei café da manhã no quarto – lembra que eu
havia comprado algumas coisinhas no supermercado? – e às 8hs saí para o meu
destino: Toledo. Antes de mais nada, devo dizer que, ainda no Brasil, eu estava
apavorada com a minha ida a Toledo. E a razão era simples: eu achava que tinha
muita coisa para fazer, a cidade me parecia grande e eu tinha a sensação de que
seria um dia corrido demais e um pouco cansativo. E posso dar um spoiler? Foi
exatamente isso!
Pois bem. A princípio, a idéia era pegar metrô até a Estação Atocha, mas eu desisti porque estava adiantada e porque eu tinha visto uns avisos de que algumas estações estavam fechadas por conta de uma reforma... não quis arriscar. Fui a pé e em meia hora estava em Atocha. Às 9:20hs peguei o trem que estava lotado de turistas e às 09:55hs já estava na minha cidade de destino – super rápido!!!
A Estação de Toledo já me surpreendeu:
belíssima e com clara influência árabe. Eu sabia que teria de andar até a
entrada da cidade antiga, mas não tinha pesquisado a direção. Nessas horas, e
principalmente num trem lotado de turistas, o melhor a fazer é seguir o fluxo.
E deu certo. Dentro de instantes (cerca de 10 minuto), já estava avistando o
Rio Tejo e as construções super antigas de uma das maiores cidades medievais
ainda conservadas.
Praça Zocodover |
Atravessando a ponte, eu que sou
malandra e tenho pais que já estiveram na cidade, fui logo procurando as
escadas rolantes para subir até o centro da cidade, porque a escadaria que se
encontra ao final da ponte e é para onde 90% dos turistas seguem, é um tormento!
E não tive dificuldades a encontrar as escadas rolantes. Dentro de instantes,
estava na Praça Zocodover, no coração da cidade!
Bom, eu saí do Brasil com a pulseira da
cidade comprada, que é o ticket que dá direito a entrar nas principais
atrações. Eu só não sabia onde teria de trocar o voucher. Fui informada, então,
que ele poderia ser trocado em qualquer uma das atrações, o que facilita
bastante. Segui, então, para a Catedral, que era o destino mais próximo de onde
eu estava.
E foi nesse momento que eu fiz duas
descobertas: 1. a cidade é um grande labirinto de subidas e descidas e é BEM
complicado chegar nos lugares que queremos – o Google Maps pira! 2. 15/08 é dia
da padroeira da cidade, o que significa que estava tendo missa em todas as
igrejas. Fiquei em pânico, porque eu não sabia se
estava sendo admitida a entrada de turistas.
Bom, de cara, vi uma vantagem nessa
situação, porque a Catedral, que tem a entrada super cara e não está inclusa na
pulseira, estava aberta para o público – de graça, portanto! Sim, entrei na
catedral na faixa! A desvantagem é que ela estava absolutamente abarrotada de
gente e eu não tinha acesso a todos os ambientes. Mas, não teve problema.
Consegui tirar muitas fotos! A igreja é lindíssima e enorme!
”A Catedral de Toledo, na cidade de
Toledo, Espanha, é uma das três catedrais góticas espanholas do século XIII,
sede da Arquidiocese de Toledo, sendo considerada a obra magna desse estilo no
país. Foi construída de 1226 a 1493 e foi projetada a partir da Catedral de
Bourges”
Segui andando pelas vielas da cidade,
num sobe e desce de labirintos e em busca da primeira atração da pulseira:
Igreja del Salvador. Fui vendo as lojinhas (bem interessantes, por sinal),
tirando fotos e o calor começou a aumentar. Logo vi que o dia não seria fácil,
porque para refrescar, comecei a beber muita água, mas cadê os banheiros????
Pois é!
Bem, a Igreja del Salvador é super
simples, pequena, com as paredes branquinhas e um altar sem grandes atrativos.
O que é especial por lá é a parte das ruínas, que são acessadas na parte de
trás da igreja e na parte de baixo. Mas vou dizer que é aquele tipo de ruína
real oficial, que não teve nenhuma intervenção para ser observada por
visitantes. Se você não tomar cuidado, tropeça numa pedra e perde a tampa do joelho!
“A Iglesia de El Salvador é uma igreja
em Toledo, Espanha, concluída em 1159. Embora a igreja seja pequena, é um
edifício excepcional, pois foi palco de 4 construções sucessivas, uma sobre a
outra e assim sucessivamente.”
Próxima
parada: Igreja de São Tomé. Essa, realmente, foi uma decepção, porque estava
tendo missa da padroeira e eu não pude entrar. Me disseram que poderia voltar a
tarde, mas eu tinha um circuito a ser cumprido e não sabia se conseguiria
retornar (não consegui). O bom é que o grande chamariz do local é um quadro
imenso do El Grecco – O Enterro do Conde de Orgaz – que tiveram o bom senso de
transferir para uma espécie de ante sala da igreja. Então, a real é que a
igreja estava fechada, mas eu pude admirar essa obra incrível!
“A
igreja de São Tomé de Toledo ou de Santo Tomás Apóstol é uma igreja localizada
no centro histórico da cidade de Toledo, fundada após a reconquista desta
cidade pelo rei Afonso VII de Castela. A igreja aparece citada no século XII,
como tendo sido construída sobre o chão de uma antiga mesquita do século XI.”
Nesse
ponto, eu já estava com muita fome, vontade de fazer xixi e desfalecendo de
calor. Então, segui em busca de um restaurante. Mas, no meio do caminho, me
deparei com outra atração da pulseira e, com medo de me perder depois ou de ter
que caminhar no sol mais do que o necessário, acabei entrando na Sinagoga Santa
Maria la Blanca, que é uma das coisas mais lindas que já vi.
“É
uma construção mudéjar, de 1180. Tem cinco naves separadas por pilares em que
descansam arcos de ferradura. Foi transformada no século XV em uma igreja,
sendo atualmente só um monumento visitável. É adornada em madeira, possui
altares platerescos e um retábulo da escola de Berruguete.” Ela é pequena, a visita não leva
mais do que 10 minutos, mas vale muito a pena!
Ainda
antes do almoço, me deparei com o Mosteiro São João dos Reis, que é bem maior
do que a atração anterior e eu achei muito incrível! Ele foi construído pelos
Padres Franciscanos e no fundo, há uma igreja linda – estava, inclusive,
rolando um batizado e eu sinto que estava sobrando por lá! No mosteiro, há o
claustro, salas privadas, tetos incríveis em estilo mudéjar (decidi que é o meu
favorito) e até um balcão, onde os nobres assistiam as missas e que rendeu
excelentes fotos aéreas da igreja.
Nesse
ponto, já eram 13hs e eu REALMENTE precisava comer e fazer xixi. Sobre isso,
vale um parênteses: a cidade conta com uns 2 banheiros públicos só e as
atrações não têm banheiro. Então, a real é que você está numa cidade absurdamente
quente, subindo ladeiras íngremes, bebendo água como louco, e não tem onde
fazer xixi! Isso eu confesso que me incomodou bastante.
Pois
bem. Comecei a procurar algum local que tivesse um menu fechado, como em
Segovia, porque eu achei que realmente tinha valido a pena. Mas não encontrei.
Acabei me deparando com um restaurante super gracinha (que tinha um banheiro
ótimo que foi usado na entrada e na saída – para garantir). Pedi uma água e um
arroz de chaufa, que estava delicioso, mas a porção, como sempre, era grande
demais! Foi meio caro, paguei €18,00, mas fiquei tão empanturrada, que nem
jantei, de modo que acabou compensando.
De
estômago cheio e bixiga vazia, fui explorar o restante da cidade. Nesse ponto,
o calor estava beirando o absurdo e parecia que todos os lugares que ainda
faltavam ser vistos ficavam no topo de uma ladeira super íngreme. Eu precisava
ir ao Real Colegio de las Doncelas Nobles, mas não encontrava em lugar nenhum.
O Google Maps indicava um local em que eu já havia estado trocentas vezes e eu
estava bem confusa. A real é que eu perdi um tempão e muita energia nessa
busca, porque fiquei uma ½ hora subindo ladeira e fiquei bastante irritada.
Mas,
finalmente encontrei o local. O tour se resume a uma igreja muito bonita, com o
túmulo de um bispo bem no centro e a parte interna que remete a um
claustro. “O Colegio de Doncellas Nobles é uma antiga escola para
meninas em Toledo. Foi fundada em 1551 pelo arcebispo de Toledo e cardeal Juan
Martínez Silíceo. O projeto, que tinha como patrono o rei Filipe II e o
arcebispo, tinha como objetivo a educação das jovens para serem boas mães”
O
Mosteiro de Santo Domingo foi o que veio a seguir, penúltima atração a ser
vista no combo da pulseira. Por lá, você encontra uma igreja bem simples, mas
muito bonita e cheia de detalhes. Fiquei impressionada com uma parede cheia de
relíquias – eu tenho uma certa atração por esse conceito!
Por
último, e quando já estava fritando de calor, fui à Mesquita do Ermida de
Cristo de la Luz. No local, funcionava uma antiga mesquita, do ano 1000, que
depois foi transformada num templo de culto cristão. É bem minúsculo, mas tem
uma espécie de altar com afrescos originais que são um escândalo de
impressionante. pensar que foram pintados há mais de 1000 anos!!
“A
Ermida do Cristo de la Luz é uma mesquita da época califal, aproximadamente do
ano 1000 d.C, que foi depois transformada, quando da construção de um abside na
sua parte posterior, a fim de a reconverter em um templo de culto cristão na
época de Afonso VII, e dedicada desde então à religião cristã.”
Bem,
tour da pulseira devidamente feito! Mas, como eram 16hs e o meu trem sairia
apenas às 18:40hs, resolvi subir 1000 ladeiras de novo e ir até um lugar que
tinha chamado a minha atenção nas minhas andanças, mas que não sabia se teria
tempo de conhecer: Museu Visigótico. Por sorte, não paguei nada porque nesse
dia estava com entrada livre.
O
Museu funciona dentro de uma igreja do século XV e, na minha opinião, a
construção acaba sendo mais interessante do quer a própria coleção, porque tem
muitos detalhes impressionantes a serem observados. A exposição conta sobre a
época em que a região era dominada pelos visigodos e traz acessórios, inclusive
joias, da época. Muito interessante!
Exausta, suada e morrendo de calor, fui andando em direção à Praça Zocodover, vendo lojinhas, comprando coisinhas, e comprei um sorvete de marzipan para refrescar. Toledo, aliás, é a terra do marzipan! Fiz xixi num Burger King (clandestinamente, diga-se de passagem), tirei as fotos finais e fui andando devagarinho sentido estação. Em Madrid, fui direto para o hotel!
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