sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

VIAGEM - ESPANHA - TOLEDO

Acordei às 7hs, tomei café da manhã no quarto – lembra que eu havia comprado algumas coisinhas no supermercado? – e às 8hs saí para o meu destino: Toledo. Antes de mais nada, devo dizer que, ainda no Brasil, eu estava apavorada com a minha ida a Toledo. E a razão era simples: eu achava que tinha muita coisa para fazer, a cidade me parecia grande e eu tinha a sensação de que seria um dia corrido demais e um pouco cansativo. E posso dar um spoiler? Foi exatamente isso!

Pois bem. A princípio, a idéia era pegar metrô até a Estação Atocha, mas eu desisti porque estava adiantada e porque eu tinha visto uns avisos de que algumas estações estavam fechadas por conta de uma reforma... não quis arriscar. Fui a pé e em meia hora estava em Atocha. Às 9:20hs peguei o trem que estava lotado de turistas e às 09:55hs já estava na minha cidade de destino – super rápido!!!

A Estação de Toledo já me surpreendeu: belíssima e com clara influência árabe. Eu sabia que teria de andar até a entrada da cidade antiga, mas não tinha pesquisado a direção. Nessas horas, e principalmente num trem lotado de turistas, o melhor a fazer é seguir o fluxo. E deu certo. Dentro de instantes (cerca de 10 minuto), já estava avistando o Rio Tejo e as construções super antigas de uma das maiores cidades medievais ainda conservadas.

Praça Zocodover

Atravessando a ponte, eu que sou malandra e tenho pais que já estiveram na cidade, fui logo procurando as escadas rolantes para subir até o centro da cidade, porque a escadaria que se encontra ao final da ponte e é para onde 90% dos turistas seguem, é um tormento! E não tive dificuldades a encontrar as escadas rolantes. Dentro de instantes, estava na Praça Zocodover, no coração da cidade!

Bom, eu saí do Brasil com a pulseira da cidade comprada, que é o ticket que dá direito a entrar nas principais atrações. Eu só não sabia onde teria de trocar o voucher. Fui informada, então, que ele poderia ser trocado em qualquer uma das atrações, o que facilita bastante. Segui, então, para a Catedral, que era o destino mais próximo de onde eu estava.

E foi nesse momento que eu fiz duas descobertas: 1. a cidade é um grande labirinto de subidas e descidas e é BEM complicado chegar nos lugares que queremos – o Google Maps pira! 2. 15/08 é dia da padroeira da cidade, o que significa que estava tendo missa em todas as igrejas. Fiquei em pânico, porque eu não sabia se estava sendo admitida a entrada de turistas.

Bom, de cara, vi uma vantagem nessa situação, porque a Catedral, que tem a entrada super cara e não está inclusa na pulseira, estava aberta para o público – de graça, portanto! Sim, entrei na catedral na faixa! A desvantagem é que ela estava absolutamente abarrotada de gente e eu não tinha acesso a todos os ambientes. Mas, não teve problema. Consegui tirar muitas fotos! A igreja é lindíssima e enorme!

A Catedral de Toledo, na cidade de Toledo, Espanha, é uma das três catedrais góticas espanholas do século XIII, sede da Arquidiocese de Toledo, sendo considerada a obra magna desse estilo no país. Foi construída de 1226 a 1493 e foi projetada a partir da Catedral de Bourges

Segui andando pelas vielas da cidade, num sobe e desce de labirintos e em busca da primeira atração da pulseira: Igreja del Salvador. Fui vendo as lojinhas (bem interessantes, por sinal), tirando fotos e o calor começou a aumentar. Logo vi que o dia não seria fácil, porque para refrescar, comecei a beber muita água, mas cadê os banheiros???? Pois é!

Bem, a Igreja del Salvador é super simples, pequena, com as paredes branquinhas e um altar sem grandes atrativos. O que é especial por lá é a parte das ruínas, que são acessadas na parte de trás da igreja e na parte de baixo. Mas vou dizer que é aquele tipo de ruína real oficial, que não teve nenhuma intervenção para ser observada por visitantes. Se você não tomar cuidado, tropeça numa pedra e perde a tampa do joelho!

“A Iglesia de El Salvador é uma igreja em Toledo, Espanha, concluída em 1159. Embora a igreja seja pequena, é um edifício excepcional, pois foi palco de 4 construções sucessivas, uma sobre a outra e assim sucessivamente.”

Próxima parada: Igreja de São Tomé. Essa, realmente, foi uma decepção, porque estava tendo missa da padroeira e eu não pude entrar. Me disseram que poderia voltar a tarde, mas eu tinha um circuito a ser cumprido e não sabia se conseguiria retornar (não consegui). O bom é que o grande chamariz do local é um quadro imenso do El Grecco – O Enterro do Conde de Orgaz – que tiveram o bom senso de transferir para uma espécie de ante sala da igreja. Então, a real é que a igreja estava fechada, mas eu pude admirar essa obra incrível!

“A igreja de São Tomé de Toledo ou de Santo Tomás Apóstol é uma igreja localizada no centro histórico da cidade de Toledo, fundada após a reconquista desta cidade pelo rei Afonso VII de Castela. A igreja aparece citada no século XII, como tendo sido construída sobre o chão de uma antiga mesquita do século XI.”

Nesse ponto, eu já estava com muita fome, vontade de fazer xixi e desfalecendo de calor. Então, segui em busca de um restaurante. Mas, no meio do caminho, me deparei com outra atração da pulseira e, com medo de me perder depois ou de ter que caminhar no sol mais do que o necessário, acabei entrando na Sinagoga Santa Maria la Blanca, que é uma das coisas mais lindas que já vi.  

“É uma construção mudéjar, de 1180. Tem cinco naves separadas por pilares em que descansam arcos de ferradura. Foi transformada no século XV em uma igreja, sendo atualmente só um monumento visitável. É adornada em madeira, possui altares platerescos e um retábulo da escola de Berruguete.” Ela é pequena, a visita não leva mais do que 10 minutos, mas vale muito a pena!

Ainda antes do almoço, me deparei com o Mosteiro São João dos Reis, que é bem maior do que a atração anterior e eu achei muito incrível! Ele foi construído pelos Padres Franciscanos e no fundo, há uma igreja linda – estava, inclusive, rolando um batizado e eu sinto que estava sobrando por lá! No mosteiro, há o claustro, salas privadas, tetos incríveis em estilo mudéjar (decidi que é o meu favorito) e até um balcão, onde os nobres assistiam as missas e que rendeu excelentes fotos aéreas da igreja.

Nesse ponto, já eram 13hs e eu REALMENTE precisava comer e fazer xixi. Sobre isso, vale um parênteses: a cidade conta com uns 2 banheiros públicos só e as atrações não têm banheiro. Então, a real é que você está numa cidade absurdamente quente, subindo ladeiras íngremes, bebendo água como louco, e não tem onde fazer xixi! Isso eu confesso que me incomodou bastante.

Pois bem. Comecei a procurar algum local que tivesse um menu fechado, como em Segovia, porque eu achei que realmente tinha valido a pena. Mas não encontrei. Acabei me deparando com um restaurante super gracinha (que tinha um banheiro ótimo que foi usado na entrada e na saída – para garantir). Pedi uma água e um arroz de chaufa, que estava delicioso, mas a porção, como sempre, era grande demais! Foi meio caro, paguei €18,00, mas fiquei tão empanturrada, que nem jantei, de modo que acabou compensando.

De estômago cheio e bixiga vazia, fui explorar o restante da cidade. Nesse ponto, o calor estava beirando o absurdo e parecia que todos os lugares que ainda faltavam ser vistos ficavam no topo de uma ladeira super íngreme. Eu precisava ir ao Real Colegio de las Doncelas Nobles, mas não encontrava em lugar nenhum. O Google Maps indicava um local em que eu já havia estado trocentas vezes e eu estava bem confusa. A real é que eu perdi um tempão e muita energia nessa busca, porque fiquei uma ½ hora subindo ladeira e fiquei bastante irritada.

Mas, finalmente encontrei o local. O tour se resume a uma igreja muito bonita, com o túmulo de um bispo bem no centro e a parte interna que remete a um claustro. “O Colegio de Doncellas Nobles é uma antiga escola para meninas em Toledo. Foi fundada em 1551 pelo arcebispo de Toledo e cardeal Juan Martínez Silíceo. O projeto, que tinha como patrono o rei Filipe II e o arcebispo, tinha como objetivo a educação das jovens para serem boas mães”

O Mosteiro de Santo Domingo foi o que veio a seguir, penúltima atração a ser vista no combo da pulseira. Por lá, você encontra uma igreja bem simples, mas muito bonita e cheia de detalhes. Fiquei impressionada com uma parede cheia de relíquias – eu tenho uma certa atração por esse conceito!

Por último, e quando já estava fritando de calor, fui à Mesquita do Ermida de Cristo de la Luz. No local, funcionava uma antiga mesquita, do ano 1000, que depois foi transformada num templo de culto cristão. É bem minúsculo, mas tem uma espécie de altar com afrescos originais que são um escândalo de impressionante. pensar que foram pintados há mais de 1000 anos!!

“A Ermida do Cristo de la Luz é uma mesquita da época califal, aproximadamente do ano 1000 d.C, que foi depois transformada, quando da construção de um abside na sua parte posterior, a fim de a reconverter em um templo de culto cristão na época de Afonso VII, e dedicada desde então à religião cristã.”

Bem, tour da pulseira devidamente feito! Mas, como eram 16hs e o meu trem sairia apenas às 18:40hs, resolvi subir 1000 ladeiras de novo e ir até um lugar que tinha chamado a minha atenção nas minhas andanças, mas que não sabia se teria tempo de conhecer: Museu Visigótico. Por sorte, não paguei nada porque nesse dia estava com entrada livre.

O Museu funciona dentro de uma igreja do século XV e, na minha opinião, a construção acaba sendo mais interessante do quer a própria coleção, porque tem muitos detalhes impressionantes a serem observados. A exposição conta sobre a época em que a região era dominada pelos visigodos e traz acessórios, inclusive joias, da época. Muito interessante!

Exausta, suada e morrendo de calor, fui andando em direção à Praça Zocodover, vendo lojinhas, comprando coisinhas, e comprei um sorvete de marzipan para refrescar. Toledo, aliás, é a terra do marzipan! Fiz xixi num Burger King (clandestinamente, diga-se de passagem), tirei as fotos finais e fui andando devagarinho sentido estação. Em Madrid, fui direto para o hotel! 

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