Acordei
às 6hs porque precisava de mais tempo para me preparar, uma vez que o rolê para
chegar ao próximo destino seria um pouco maior. Me arrumei e às 7hs já estava
na rua que, curiosamente, ainda estava escura. Parecia noite, mas não me senti
ameaçada ou algo do tipo, porque já estava bastante movimentada e contava com a
iluminação dos prédios.
Peguei
o metrô na Estação Gran Via, que fica bem próxima ao hotel. Comprei um cartão
na maquininha e carreguei com apenas 1 passagem, o suficiente para chegar à Estação
Charmatín, que fica um pouco mais distante do que a Atocha. Não sei se pelo
horário, mas o trem demorou mais de 10 minutos a chegar, por sorte, a estação
estava vazia. Sentei dentro do trem e me animei com o ar condicionado e com a
rapidez.
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compra de produtos locais feita por lá |
A
estação, à exemplo de todas as estações de trem na Europa, é enorme e um pouco
confusa. Mas, ao contrário das estações de Paris, as da Espanha contam
com um staff bem bom de funcionários que nos auxiliam com todas as dúvidas e
são educados. Já no lugar correto, relaxei e fui tomar um café da manhã
delicioso numa cafeteria local. Usei o banheiro e às 8:10hs já estava esperando
meu trem, que sairia às 08:50hs.
Coche
3, assento177. A viagem a Segovia foi bem rápida, confesso, mas minha
claustrofobia foi desafiada por uma surpresa: quase que o tempo todo o trem
fica debaixo da terra! Trata-se de um dos maiores túneis da Europa e eu
realmente não estava esperando por aquilo. Mas foi tranquilo.
Quando
desci na estação, achei curioso porque estava no meio do nada absoluto, num
lugar absurdamente quente e muito árido. Parecia um grande deserto. Todos os
turistas seguiram para o ponto de ônibus na frente da estação e ficaram
aguardando a chegada do transporte – linha 11 – debaixo de um sol de matar. Por
apenas €2,00, esse ônibus deixa os turistas na frente do aqueduto, que é o
cartão postal da cidade – 15min de viagem.
“Aqueduto
de Segóvia é um aqueduto romano e um dos monumentos antigos mais importantes e
mais bem preservados deixados na Península Ibérica pela civilização romana. Ele
está localizado na Espanha e é o símbolo mais importante de Segóvia, como
evidenciado por sua presença no brasão de armas da cidade.”
Como
eu já tinha comprado o ticket para visitar o Alcazar, resolvi começar por lá.
Vale dizer que Segóvia é uma montanha e o Alcazár fica no topo e o Aqueduto na
base. Então, a idéia era subir até lá (principalmente porque depois, com o
calorão da tarde ficaria pior) e ir descendo, conhecendo as atrações do
caminho. Foi uma meia hora sofrida de subida, numa rua bem estreita, mas não
reclamo porque é muito gostoso chegar a uma cidade nova e observar o
desconhecido! Muitas lojinhas, igrejas, construções, etc.
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bilheteria do Alcazar |
O
Alcazár estava marcado para as 11hs e eu cheguei com uns 20 min de
antecedência. Tirei mil fotos não só do lugar, mas da vista maravilhosa de lá
de cima. Segovia estava se revelando uma das cidades mais gracinhas que já
tinha visitado.
Alcácer
de Segóvia (em castelhano: Alcázar
de Segóvia) é um palácio fortificado em
pedra. Erguido em posição dominante sobre um penhasco rochoso na confluência
dos rios Eresma e Clamores,
próximo das montanhas de Guadarrama, é um dos mais
distintos castelos-palácios em Espanha em virtude da sua forma – como a proa de
um navio. O alcácer foi
inicialmente construído como uma fortaleza, mas serviu, desde então, como
palácio real, prisão do estado, Colégio Real de Artilharia e academia militar.
Na
prática, trata-se de um lindo castelo medieval, com fosso e tudo! Por dentro,
há muito o que ser visto e a gente se maravilha com a influência árabe que se
destaca nas cores das paredes e nos tetos ornamentados. Isabel, a Rainha
Católica, viveu um tempo por lá, então você encontra bastante pinturas e outros
ornamentos fazendo remissão a ela. O passeio me rendeu uns 40 minutos e muitas
fotos!
De
lá, fui descendo com calma, para não perder nenhum detalhe. Como é uma cidade
medieval, há muitas portas, janelas e casas interessantes. Acabei chegando na
belíssima catedral, que fica na Praça Central da cidade. ” A Catedral de Santa Maria de Segóvia é
a sé da Diocese de Segóvia, Espanha. É uma catedral católica construída no
século XVI em estilo gótico tardio com traços renascentistas e reformada no
século XVIII. Devido às suas dimensões e à sua elegância, é conhecida como
"Dama das Catedrais". Foi consagrada em 1768.”
Como
não havia comprado o ticket previamente, comprei na hora e acabei optando pelo
combinado, junto com o Episcopal, que aparentemente ficava do outro lado da
praça. Ao entrar, descobri que, se por fora a catedral é lindíssima, por dentro
é super imponente e uma das mais belas igrejas que já visitei. O pé direito
dela é imenso. É possível visitar o altar, capelas, o claustro e até um museu.
Quando
saí da catedral, maravilhada, já passava do meio dia e eu estava morrendo de
fome. E estava realmente querendo comer comida e disposta até a gastar um
pouquinho mais para atingir meu objetivo. O desafio, porém, é encontrar um
restaurante aberto naquele horário, porque na Espanha, as pessoas almoçam
tarde. Acabei encontrando um lugar fofo (e vazio – ainda estavam colocando as
toalhas nas mesas) e com menu completo por €16,00.
Pelas
fotos dá para ver que o prédio era bem antigo e muito charmoso. A refeição
contava com entrada, prato principal, sobremesa, vinho da casa e água e eu
confesso que não consegui dar conta de tudo. Estava delicioso! De entrada, comi
feijões verdes com jamón (quente), o prato principal foi filé de merluza com
salada e a sobremesa, arroz doce. Usei o banheiro e saí de lá rolando em
direção ao Episcopal.
Confesso que esse rolê foi uma grata
surpresa! O lugar é pequeno, mas muito charmoso! A construção é muito bonita e
bem interessante e conta com peças litúrgicas e as acomodações e vestuários dos
bispos. “O Palácio Episcopal, antiga residência dos bispos em Segóvia,
expõe obras artísticas de pintura, escultura e ourivesaria pertencentes à
Diocese. Você também pode visitar aquelas conhecidas como Salas Nobres,
entre as quais a Sala do Trono ou o Quarto do Bispo. Contêm móveis que
datam dos séculos XVII e XIX. A origem do edifício remonta ao ano de 1550,
quando começou a construção da casa nobre do Conde de Puñonrostro. Em 1635
foi vendido à família Salcedo, razão pela qual também é conhecido como Palacio
de los Salcedo. Data deste período a iconografia hercúlea da fachada
principal de estilo renascentista. “
Continuando a descida do morro, fui
parar no Bairro Judeu e nas Muralhas da Cidade. Muito interessante e menos
apinhado de turistas, mas confesso que nesse momento, o calor estava de matar!
Creio que seja a parte mais antiga da cidade e com mais cara de medieval, por
isso me agradou tanto! São apenas casas e vielas (num sobe e desce), mas me
agradou demais.
“Na época medieval, Segóvia foi
habitada por uma comunidade judaica que cumpriu um importante
papel histórico no desenvolvimento da cidade. No entanto, o legado material que
se conserva de sua presença é somente uma sombra daquilo que um segoviano podia
contemplar em pleno séc. XV. Segóvia foi repovoada por Raimundo de Borgonha,
genro do rei Alfonso VI, no séc. XI e desta época sao escassos
os documentos relacionados aos judeus que viviam na cidade. A primeira notícia
da existência de uma comunidade hebrea data de 1215, apesar de que foi somente
em 1287 quando aparece documentado o nome do primeiro judeu, Salomón de Ávila.
Já no séc. XIV, existe constância de uma próspera comunidade formada entre 50 e
100 famílias firmemente assentadas em Segóvia.”
Uma penas que as diversas igrejas da
cidade estivessem todas fechadas. Aliás, para um turista, é um grande problema
que comércios e até algumas atrações fiquem fechados a tarde toda. Perdemos
muito com isso. Continuei andando, explorando e acabei no ponto inicial: na
Praça em frente ao Aqueduto. Fiquei por lá um tempo, explorei o que deu naquele
calorão e acabei ficando por lá para espertar o ônibus.
Essa coisa de ter que pegar um ônibus
para a estação de trem e ele não passar toda hora é um grande problema, porque
nos prende demais! Às 16:15hs já estava no ar condicionado delícia da estação,
sentada num banco e aguardando o meu horário – em meia hora. Embarquei no coche
03, assento 179 e em trinta minutos estava novamente na estação Charmatín.
Peguei o metrô de volta, mas ao invés
de descer na Gran Via, desci na Praça Puerta del Sol, porque queria
experimentar um sorvete que foi recomendado pelos menus pais. O sabor escolhido
foi yogurt, excelente para o calor do momento, porque estava delicioso e
refrescante.
Andei um pouco pela região, passei no
Supermercado El Corte Inglês e acabei comprando algumas coisas para o café da
manhã, já que não estava tendo muita sorte nesse quesito e voltei para o hotel.